DA ENCARNAÇÃO SIMBÓLICA DA NAÇÃO
Camões (Portugal, 1946), de Leitão de Barros.
Quiseram outros que Leitão de Barros tivesse criado um Camões estudioso, um vate bem comportado, um «português sério», mas o cineasta preferiu o «Trinca-Fortes», amante da vida, amoroso sempre, solitário, perseguido, derrotado, doente, mas que, nisso mesmo, no excesso barroco, no contraste entre um quotidiano vulgar e uma visão grandiosa, no coração, no sentido da viagem e da distância, pudesse simbolizar Portugal. Por isso o poeta, no final da película, morre com a Pátria, pois quando ele morre é Portugal que morre também.
In História do Cinema Português, de Luís de Pina, edição Publicações Europa-América, colecção Saber, n.º 190, Lisboa, 1986.
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