ALEGRIA DE VIVER
À Inês C. P.
Ontem, tive um fim de tarde de conversa em dia, com memórias à mistura, mas com os olhos postos no futuro, como se quer. Encontrei-me com uma Filipada que partilhou comigo apenas um ano de Liceu — ela de entrada e eu de saída. A miúda cresceu e fez-se uma mulher: achava-lhe piada na adolescência, achei-a interessante agora. É esta, aliás, a evolução própria de uma mulher que seja senhora. Na esplanada, entre imperiais e sob um frio de rachar — que recebemos nos ossos e na alma como um estímulo para a troca de ideias —, recomendou-me Num País Livre (In a Free Country, 1971), de V. S. Naipaul; fiquei a pensar se não teria sido uma indirecta, e que o livro que me queria realmente aconselhar era Meia Vida (Half a Life, 2001), do mesmo autor, certeirinho para este quarentão mais ou menos deprimido. No entanto, com isto tudo — feito o devido balanço —, rejuvenesci um bom par de anos, pois a Filipada em causa é uma encarnação da alegria de viver. Sinto-me contagiado. Oxalá o coração aguente a pedalada.
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