sexta-feira, 29 de junho de 2007

DA NATUREZA NA ARTE (3)

Contudo, com o passar do tempo, os factores políticos desvanecem-se. A popularidade das artes criativas e a influência que exercem dependerão, em última análise, da sua qualidade e poder de atracção, do encanto e entusiasmo que geram e de escolhas demóticas. Picasso empenhou a sua fé contra a natureza e vasculhou dentro de si próprio. Disney trabalhou com a natureza, estilizando-a, antropomorfizando-a e surrealizando-a, mas, em última análise, reforçando-a. É por isso que as suas ideias formam tantos polimpsestos poderosos no vocabulário visual do mundo, no início do século XXI, e continuarão a brilhar, enquanto que as ideias de Picasso, embora poderosas durante grande parte do século XX, gradualmente se desvanecerão e parecerão obsoletas, à medida que a arte representativa volta a ser apreciada. No final, a natureza é a maior força de todas.
Criadores, Paul Johnson, tradução de Inês Castro, edição Alêtheia Editores, Lisboa, 2007.