terça-feira, 24 de julho de 2007

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (5)

A última imagem que ele viu
enquanto permanecia deitado de costas
no idílico leito
foi a do corpo dela
sentado sobre o seu
e esculpido pela luz difusa da Lua Cheia
que banhava o quarto do último piso da torre
ao qual se tinha acesso através de uma estreitíssima escada
de caracol
onde outrora as criadas dormiam
e propício a amores furtivos
como este
imediatamente antes do florão
da velha cama de ferro
cedendo aos frémitos da paixão carnal
cair
e lhe rachar a cabeça
matando-o
e ensopando de sangue quente os alvos lençois de linho puro.