segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O PERFUME

O que sou eu? — O Perfume,
Dizem os homens. — Serei.
Mas o que sou nem eu sei...
Sou uma sombra de lume!

Rasgo a aragem como um gume
De espada: Subi. Voei.
Onde passava, deixei
A essência que me resume.

Liberdade, eu me cativo:
Numa renda, um nada, eu vivo
Vida de Sonho e Verdade!

Passam os dias, e em vão!
— Eu sou a Recordação;
Sou mais, ainda: a Saudade.

ANTÓNIO CORRÊA D'OLIVEIRA
(1879 — 1960)