OS AMIGOS SÃO PARA AS OCASIÕES
Estava eu já para aqui conformado com o facto de não ter gás da companhia no prédio, dizendo mal sozinho de tudo e todos a torto e a direito, quando, num acesso de criatividade, decidi lançar o barro à parede: telefonei a uma velha amiga, dos alegres tempos desinteressados do Liceu, em que se fazem amigos para a vida (e a quem não telefonava desde aí!), e agora vizinha de mesmo quarteirão, e fiz-lhe o pedido «surreal» de lá ir tomar banho dentro de cinco minutos, pois certo médico meu conhecido meteu-me na cabeça que o duche frio me poderá vir a provocar um ataque cardíaco; e eu, que sou rapaz hipocondríaco, acredito piamente. Foi tiro e queda. Assim, tomei lá o meu duche quente, antes de me dirigir, de imediato, todo lavadinho e aperaltado, a um simpatiquíssimo jantar de anos de recente amigo (mas que já vale tanto como os antigos amigos de sempre).
Post Scriptum: Atravessando as avenidas, de nécessaire em punho, senti-me Eça; mas essa é outra história.
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