UM POVO DRUNFADO
Enquanto o povo anda anestesiado pela orgia natalícia servida em doses opíparas pela televisão merdosa a que tem direito — e que consome com gosto —, e se endivida até à medula em compras alarves, sem sequer perceber o que é o Natal, preparam-se as mais torpes maningâncias no mundo dos negócios, nas suas costas. Se este lugar mal frequentado tivesse uma «sociedade civil» (sempre detestei esta expressão, mas serve para o efeito), por mais pequena que fosse, mas activa, o estado não conseguiria pôr e dispôr da iniciativa privada a seu bel-prazer. Cada país tem o que merece. As televisões e os jornais já são o que se sabe; agora, os bancos também vão afinar pelo mesmo diapasão: his master's voice. Pensando bem, este registo terceiro-mundista — de república das bananas — até lhes fica a matar, desgraçado povo de bananamen.
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