BOM DIA, POESIA (1)
SONETO DE AMOR
Não me peças palavras, nem baladas,
nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
deixa cair as pálpebras pesadas,
e entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua... — unidos,
nós trocaremos beijos e gemidos,
sentindo o nosso sangue misturar-se...
Depois... — Abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
Não me peças palavras, nem baladas,
nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
deixa cair as pálpebras pesadas,
e entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua... — unidos,
nós trocaremos beijos e gemidos,
sentindo o nosso sangue misturar-se...
Depois... — Abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
JOSÉ RÉGIO
(1901 — 1969)
(1901 — 1969)
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