CAMINHO (II)
II
Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu sei.
— Bom dia, companheiro — te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho.
É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda onde poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto
Que chorámos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos de beber do mesmo pranto.
CAMILO PESSANHA
(1867 — 1926)
Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu sei.
— Bom dia, companheiro — te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho.
É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda onde poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto
Que chorámos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos de beber do mesmo pranto.
CAMILO PESSANHA
(1867 — 1926)
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