quarta-feira, 16 de abril de 2008

DO CINEMA DE DIMENSÃO ESPIRITUAL

Todos os países têm o seu «cineasta de mulheres». Encontrá-lo, e beber-lhe da filmografia pessoal, é meio caminho andado em direcção aos mistérios do «eterno feminino». Curiosamente, ou talvez não, esses autores são sempre simultaneamente os maiores trágicos das respectivas cinematografias nacionais. Caracterizam-se ainda por superarem, nos seus filmes, as limitações mortais do erótico amor físico e do inocente amor platónico, através da redenção propiciada pelo «amor louco», que é todo ele síntese — de corpo e alma — total, porque fruto da força transgressora e libertadora — logo, criadora — da «paixão», no seu profundo significado etimológico (passio), que nos convoca para a sacrificial dimensão do «sofrimento» pelo outro. Cristo na Cruz — morrendo pelos homens — é O mais alto exemplo do que digo.