quarta-feira, 18 de junho de 2008

NUA

Nua
na floresta verde.
Há tons de lua
e de azebre
no seu corpo estendido,
como fruto tombado
dum ramo sacudido.

O vendaval
passa bramindo
na lonjura...

E ela é pura,
quase tão pura como Ofélia,
cuja pureza
a própria água inveja...

E a água,
que a seus pés desliza,
mal murmura,
receosa, talvez,
de acordar a beleza...

SAÚL DIAS
[Júlio Maria dos Reis Pereira (1902 — 1983)]