NUA
Nua
na floresta verde.
Há tons de lua
e de azebre
no seu corpo estendido,
como fruto tombado
dum ramo sacudido.
O vendaval
passa bramindo
na lonjura...
E ela é pura,
quase tão pura como Ofélia,
cuja pureza
a própria água inveja...
E a água,
que a seus pés desliza,
mal murmura,
receosa, talvez,
de acordar a beleza...
SAÚL DIAS
[Júlio Maria dos Reis Pereira (1902 — 1983)]
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