domingo, 14 de setembro de 2008

DA BURGUESIA QUE FAZ FALTA

Portugal tem uma burguesia pobre. A sua fragilidade assenta no desejo de se enobrecer rapidamente. Esse deslumbramento fá-la esquecer a sua matriz genética, que tem como base a permanente criatividade aplicada aos negócios. Assim, no lugar de se formarem dinastias burguesas sólidas — agrícolas, comerciais, industriais —, fundamentais para a produção nacional, vemos passar rapidamente à oposta categoria de ociosos, deitados à sombra de um baronato qualquer («foge cão...»), os netos dos empreendedores burgueses. A força de França, Itália, Alemanha e Inglaterra reside precisamente na consolidação histórica dessas famílias, que, mantendo a iniciativa nos negócios geradores de riqueza para a comunidade, e ocupando sempre — com orgulho — o seu lugar social, ao mesmo tempo que evoluem culturalmente, fornecem aos respectivos países, desde há séculos, alguns dos mais dinamizadores mecenas. Desta forma, esses estados possuem uma coluna vertebral, a que hoje se chama classe-média, e que é o suporte económico-cultural das nações ricas.