sábado, 19 de setembro de 2009

DA GUERRA CULTURAL

Precisamos de uma indústria editorial próspera — para que os editores possam pagar, os autores possam escrever, e a língua e a cultura portuguesas continuem a impor o nome de Portugal e da civilização portuguesa. Temos servido demasiadamente de colónia intelectual do estrangeiro: — e ou Portugal não se encontra de facto — ao contrário do que todos os dias nós mesmos, portugueses, afirmamos — em pleno Ressurgimento, ou chegou a hora de nos libertarmos dessa ultrajante situação de colónia estrangeira, no plano da cultura. E aqui, para concluir, direi com Gilberto Freire: — «(...) É que o grande drama de vida e de morte para os povos não é o que decide pelas armas a sorte dos Estados; nem a de regimens políticos. O grande drama é o que decide a sorte das culturas. É a guerra entre culturas».
In Meridiano de Lisboa, Augusto da Costa, Editorial Acção, Colecção Estudos Portugueses, Lisboa, 1943.