sábado, 19 de setembro de 2009

EM BUSCA DE UMA NOVA GERAÇÃO

E hoje, mais do que nunca, precisamos de uma geração — no sentido intelectual — una no seu modo de sentir e pensar, sem prejuízo das afirmações individuais que dentro dela possam e devam destacar-se. Tê-la-emos? Se a temos, que se afirme; se a não temos, criemo-la.
Na verdade, porém, depois dos «Vencidos da Vida», que tivemos nós digno de atenção? Os integralistas e os futuristas, saídos da mesma reacção contra a nossa atonia moral, política e intelectual, mas seguindo caminhos diferentes, desencontrando-se e morrendo, finalmente, por formas diferentes.
O Integralismo foi, manifestamente, o movimento intelectual mais interessante dos últimos cinquenta anos da vida portuguesa. Porque falhou? Porque fracassou? (...)
Quando acima digo que o Integralismo fracassou, o verbo deve entender-se no seu sentido relativo. Fracassou como organização de combate; não fracassou, porém, no seu aspecto doutrinário, porque as ideias que propugnou estão hoje na raíz do Estado Novo. (...) No plano doutrinário, com a morte de António Sardinha, o Integralismo Lusitano perdeu o seu Chefe incontestado — e ninguém se sentiu com forças para o continuar.
No plano da acção política, o Integralismo fracassou, e os integralistas dispersaram-se. Se o Integralismo tem permanecido, alguns anos mais como trincheira puramente doutrinária, a sua posição na sociedade portuguesa talvez hoje fosse outra, talvez outro tivesse sido o seu destino...
in Meridiano de Lisboa, Augusto da Costa, Editorial Acção, Colecção Estudos Portugueses, Lisboa, 1943.