PINTURA NACIONAL*
Nestes Domingos de Advento, como preparação para a Santa Missa, parece-me obrigatório passar pelo Museu Nacional de Arte Antiga (o maior de Portugal e um dos melhores da Europa) e ver a exposição temporária Frei Carlos e o belo portátil, realizada a propósito da aquisição — por parte do referido Museu — da obra Ecce Homo (óleo sobre madeira de carvalho, 39,5 x 31 cm). Frei Carlos instituiu uma oficina no Mosteiro do Espinheiro, em Évora, onde professou, em 1517; e, a partir daí, trabalhou essencialmente para os Conventos da Ordem de São Jerónimo. A belíssima pintura, que dá o mote para a exposição, pertencia à colecção particular de Jorge O'Neill e veio agora a ser vendida pelos seus descendentes ao MNAA. Não se apresenta aqui — propositadamente — nenhuma imagem da peça; pois, vê-la ao vivo, enquadrada por uma cuidadosa montagem — que inclui outras obras do Autor, bem como de outros Mestres, seus contemporâneos, de Portugal e da Flandres —, de irrepreensível bom-gosto (nem parece que estamos no feio Portugal de hoje), e extremamente didáctica, é uma sublime experiência estética. Experimentai, meus caros leitores. Até lá, ficai com esta Anunciação (c. 1520, óleo sobre madeira, 197 x 189 cm), do mesmo Frei Carlos (activo entre 1517 e 1539), também exposta no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
*Texto escrito por mim a 4 de Dezembro de 2006. Publico-o agora aqui dedicado a uma amiga pintora.
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