PALAVRAS DUM MESTRE BLOGUISTA E BOM AMIGO
Obrigado, João!
O mundo vivia em paz,
antes de mim.
Mas cheguei eu - e zás!
…e foi o fim.
(Rodrigo Emílio)
antes de mim.
Mas cheguei eu - e zás!
…e foi o fim.
(Rodrigo Emílio)
Estava eu posto em sossego, aguardando a entrada do tenista sérvio Novak Djokovic nos courts do Open da Austrália, quando o telemóvel anuncia a novidade: para meu espanto (e melhoria dos níveis de auto-estima), desafia-me o nosso amigo João Marchante a escrever umas linhas por ocasião do 4º aniversário destas Eternas Saudades do Futuro. Caramba! Logo eu, que há já algum tempo que venho faltando aos treinos nestas coisas da blogosfera. Desafio aceite - e honrado pelo convite - aqui me apresento para prestar testemunho de algo que está à vista de todos quantos por aqui passam regularmente e com convicção de obrigatoriedade: estas Eternas Saudades do Futuro são um espaço de liberdade onde o João consegue aliar, de forma magistral, os conceitos de Tradição e Vanguarda.
É desde logo um espaço de Cultura. O João tem a rara capacidade de nos dar um banho de Cultura por cada vez que o visitamos, intercalando música - muita portuguesa e da boa! -, com pedaços do melhor cinema, com as fotografias que deixam marca, com a pintura de sempre, com lindíssimas imagens do sexo oposto - Deus meu, que sacrilégio nos dias que correm! Valha-nos o facto de ainda ser permitido… Não sendo bastante, vai alternando esses tópicos com o melhor das letras portuguesas (propositada e convenientemente) esquecidas - um Rodrigo Emílio, um Couto Viana, um Lopes Ribeiro… Não posso deixar de o registar sem me lembrar de Alfredo Pimenta e daquela, muito sua, "admirável coisa esta de defender causas vencidas, homens vencidos, sobre quem as vagas alterosas da vitória passam, altaneiras e invencíveis"… Acaso conhecem mais algum sítio onde possamos ouvir a melhor Sétima Legião dos idos anos 80 enquanto nos deliciamos com um texto desse enorme monstro das letras que foi Jean Mabire? Pois é… não conhecem; mas a verdade é que ainda há meia dúzia de dias essa sensação estava disponível, de graça e sem juros altíssimos, aqui na primeira página do Futuro. A coisa tem tanto mais valor quanto é sabido que não há revolução de mentalidades sem que existam preocupações estéticas. E, tenho-o para mim, menos ainda nos (ainda menos luminosos) dias que correm.
Acresce que é um espaço intransigente. O que é uma tremenda vantagem, dado que só não é intransigente quem não crê na Verdade que defende. Mais que não seja porque ajuda a ultrapassar o desânimo que, nestas circunstâncias e perante o estado a que isto chegou, ataca o editor de quando em vez - e eu bem o sei, depois de manter um blogue (menor) durante cinco anos (e mais uns trocados). Ora, creio que essa intransigência, se bem colocada - e é o caso do João -, assume hoje uma importância tremenda: vivemos tempos de vitória do que é relativo, em que é imperioso manter alguns patrimónios doutrinais (algumas âncoras, no fundo…), em que nada - nem a Pátria! - aparenta ter importância significativa, em que tudo é passível de discussão incluindo a Ordem Natural das coisas. Dizia Alain de Benoist há cerca de um mês, por ocasião da sua visita a Lisboa, que "vivemos um tempo em que tudo tem um preço mas nada tem valor". Desde então que venho pensando na ideia e, confesso-me rendido, parece-me uma elaboração tão simples quanto extraordinária; ou extraordinária por ser simples. É exactamente pelo facto de Benoist ter razão que um espaço intransigente é importante.
Diria por fim que é um espaço inteligente. A milhas de se limitar ao comentário diário e directo dos temas de actualidade, o João acaba por tratar todas essas coisas de uma forma indirecta e especialmente inteligente. Se ainda não deram por isso ora vejam com atenção. Dos meus tempos blogosféricos, recordo com especial atenção os ensinamentos do Manuel Azinhal sobre a importância da "Metapolítica", pormenores que aliás me parecem cada vez mais acertados - razão pela qual o menciono nestas linhas. Na verdade, basta olhar a História em diagonal e com absoluta superficialidade (assim mais ou menos como faz um Fernando Rosas) para constatar que a Revolução Cultural e a mudança de mentalidades precedem sempre as grandes alterações sócio-políticas.
Não sei se (todos) sabem, mas já Julius Evola apontava sérios problemas à "grandiosidade sem alma, privada de todo e qualquer fundo de transcendência e de toda a luz de interioridade e de verdadeira espiritualidade". Pois bem, creio que lendo esta ideia nos apercebemos mais facilmente da importância que assumem estas Eternas Saudades do Futuro. E da importância de que este espaço se reveste no quadro de uma juventude cada vez mais estupidificada (muito convenientemente, aliás).
Remato com uma nota mais pessoal. Quando cheguei à blogosfera, corria o mês de Agosto de 2003, já cá estavam o Manuel Azinhal e o Bruno Oliveira Santos - dois "gurus" destas coisas, acrescente-se. Curiosamente, todos terminámos a presença blogosférica, por diferentes razões, mais ou menos pela mesma altura - eles depois de mim, diga-se em abono da verdade. Não imaginam o quanto me alegra e anima que por aqui resista - felizmente! - o João, acompanhado do Duarte Branquinho, do Miguel Vaz, do Humberto, do Nonas, do Mário Martins, e do agora retornado F Santos. Através do João, mas a todos e a cada um deles, deixo estas palavras do muito nosso Rodrigo Emílio:
E à frente
de tão nobre gente,
há então quem dê
um último e ardente
testemunho de Fé.
E agora, se me permitem e não levam a mal, vou ali ver o resto do jogo do Djokovic - um pouco em jeito de homenagem aos rapazes da "Solidarité Kosovo". À hora a que escrevo, acabou de ganhar o primeiro set por 6-2. Desculpem lá ser um sérvio - nacionalidade em baixa, como se sabe, na bolsa de valores do mundo moderno -, mas já agora isto tinha mesmo que ser contra-corrente até ao fim.
É desde logo um espaço de Cultura. O João tem a rara capacidade de nos dar um banho de Cultura por cada vez que o visitamos, intercalando música - muita portuguesa e da boa! -, com pedaços do melhor cinema, com as fotografias que deixam marca, com a pintura de sempre, com lindíssimas imagens do sexo oposto - Deus meu, que sacrilégio nos dias que correm! Valha-nos o facto de ainda ser permitido… Não sendo bastante, vai alternando esses tópicos com o melhor das letras portuguesas (propositada e convenientemente) esquecidas - um Rodrigo Emílio, um Couto Viana, um Lopes Ribeiro… Não posso deixar de o registar sem me lembrar de Alfredo Pimenta e daquela, muito sua, "admirável coisa esta de defender causas vencidas, homens vencidos, sobre quem as vagas alterosas da vitória passam, altaneiras e invencíveis"… Acaso conhecem mais algum sítio onde possamos ouvir a melhor Sétima Legião dos idos anos 80 enquanto nos deliciamos com um texto desse enorme monstro das letras que foi Jean Mabire? Pois é… não conhecem; mas a verdade é que ainda há meia dúzia de dias essa sensação estava disponível, de graça e sem juros altíssimos, aqui na primeira página do Futuro. A coisa tem tanto mais valor quanto é sabido que não há revolução de mentalidades sem que existam preocupações estéticas. E, tenho-o para mim, menos ainda nos (ainda menos luminosos) dias que correm.
Acresce que é um espaço intransigente. O que é uma tremenda vantagem, dado que só não é intransigente quem não crê na Verdade que defende. Mais que não seja porque ajuda a ultrapassar o desânimo que, nestas circunstâncias e perante o estado a que isto chegou, ataca o editor de quando em vez - e eu bem o sei, depois de manter um blogue (menor) durante cinco anos (e mais uns trocados). Ora, creio que essa intransigência, se bem colocada - e é o caso do João -, assume hoje uma importância tremenda: vivemos tempos de vitória do que é relativo, em que é imperioso manter alguns patrimónios doutrinais (algumas âncoras, no fundo…), em que nada - nem a Pátria! - aparenta ter importância significativa, em que tudo é passível de discussão incluindo a Ordem Natural das coisas. Dizia Alain de Benoist há cerca de um mês, por ocasião da sua visita a Lisboa, que "vivemos um tempo em que tudo tem um preço mas nada tem valor". Desde então que venho pensando na ideia e, confesso-me rendido, parece-me uma elaboração tão simples quanto extraordinária; ou extraordinária por ser simples. É exactamente pelo facto de Benoist ter razão que um espaço intransigente é importante.
Diria por fim que é um espaço inteligente. A milhas de se limitar ao comentário diário e directo dos temas de actualidade, o João acaba por tratar todas essas coisas de uma forma indirecta e especialmente inteligente. Se ainda não deram por isso ora vejam com atenção. Dos meus tempos blogosféricos, recordo com especial atenção os ensinamentos do Manuel Azinhal sobre a importância da "Metapolítica", pormenores que aliás me parecem cada vez mais acertados - razão pela qual o menciono nestas linhas. Na verdade, basta olhar a História em diagonal e com absoluta superficialidade (assim mais ou menos como faz um Fernando Rosas) para constatar que a Revolução Cultural e a mudança de mentalidades precedem sempre as grandes alterações sócio-políticas.
Não sei se (todos) sabem, mas já Julius Evola apontava sérios problemas à "grandiosidade sem alma, privada de todo e qualquer fundo de transcendência e de toda a luz de interioridade e de verdadeira espiritualidade". Pois bem, creio que lendo esta ideia nos apercebemos mais facilmente da importância que assumem estas Eternas Saudades do Futuro. E da importância de que este espaço se reveste no quadro de uma juventude cada vez mais estupidificada (muito convenientemente, aliás).
Remato com uma nota mais pessoal. Quando cheguei à blogosfera, corria o mês de Agosto de 2003, já cá estavam o Manuel Azinhal e o Bruno Oliveira Santos - dois "gurus" destas coisas, acrescente-se. Curiosamente, todos terminámos a presença blogosférica, por diferentes razões, mais ou menos pela mesma altura - eles depois de mim, diga-se em abono da verdade. Não imaginam o quanto me alegra e anima que por aqui resista - felizmente! - o João, acompanhado do Duarte Branquinho, do Miguel Vaz, do Humberto, do Nonas, do Mário Martins, e do agora retornado F Santos. Através do João, mas a todos e a cada um deles, deixo estas palavras do muito nosso Rodrigo Emílio:
E à frente
de tão nobre gente,
há então quem dê
um último e ardente
testemunho de Fé.
E agora, se me permitem e não levam a mal, vou ali ver o resto do jogo do Djokovic - um pouco em jeito de homenagem aos rapazes da "Solidarité Kosovo". À hora a que escrevo, acabou de ganhar o primeiro set por 6-2. Desculpem lá ser um sérvio - nacionalidade em baixa, como se sabe, na bolsa de valores do mundo moderno -, mas já agora isto tinha mesmo que ser contra-corrente até ao fim.
Pedro Guedes da Silva
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