POESIA MODERNA PORTUGUESA
ÁPICE
O raio de sol da tarde
Que uma janela perdida
Reflectiu
Num instante indiferente —
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente...
Seu efémero arrepio
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva...
— E não pode adivinhar
Por que mistério se me evoca
Esta ideia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!...
— Ah, não sei porquê, mas certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projecção atravessou...
Tanto segredo no destino de uma vida...
É como a ideia de Norte,
Preconcebida,
Que sempre me acompanhou...
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
(1890 — 1916)
O raio de sol da tarde
Que uma janela perdida
Reflectiu
Num instante indiferente —
Arde,
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente...
Seu efémero arrepio
Ziguezagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva...
— E não pode adivinhar
Por que mistério se me evoca
Esta ideia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!...
— Ah, não sei porquê, mas certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi na minha sorte
Que a sua projecção atravessou...
Tanto segredo no destino de uma vida...
É como a ideia de Norte,
Preconcebida,
Que sempre me acompanhou...
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO
(1890 — 1916)
<< Home