segunda-feira, 28 de março de 2011

EXPRESSO DO OCIDENTE

Quarta-feira, 23 de Março

Os meus concidadãos não se deram ainda ao trabalho mas estimo que vale a pena fixar esta data: 23 de Março de 2011. No parlamento, o anunciado chumbo do PEC IV poderá significar que muito em breve, talvez para finais de Maio, não teremos que voltar a aturar os estados de alma e as aldrabices do "engenheiro" Sócrates e do seu fiel escudeiro das Finanças. Sem esquecer o ministro Santos Silva, figura insubstituível que está para as crónicas políticas como Paulo Futre está para a stand-up comedy desportiva. Já era de facto hora de varrer esta gente… Por uma questão de elementar justiça devemos de qualquer modo fazer notar que, por uma vez, o "engenheiro" se aproximou do sentir da generalidade dos portugueses: uma vez iniciado o desinteressante e arrastado debate parlamentar que conduziria à sua queda, logo Sócrates se meteu a andar em atitude copiada de imediato por Teixeira dos Santos e pelo yes-man Silva Pereira. Os comentadores de referência apressaram-se a reprovar a atitude deselegante mas eu, desta tribuna e uma vez sem exemplo, declaro-me compreensivo para com o nosso (ainda) primeiro: evitar a audição daquelas 230 criaturas e as respectivas banalidades e português sofrível é do mais elementar bom senso, podendo mesmo revelar-se determinante para a manutenção de alguma sanidade mental.

Sexta-feira, 25 de Março

Dia gordo! Depois de há pouco mais de 24 horas ter despachado (e bem) o governo com o argumento, entre outros, de que o dito se preparava para nos subir mais uma vez os impostos, as extraordinárias cabeças que lideram o PSD iniciam uma correria pela imprensa para nos transmitirem que, daqui por mês e meio e uma vez abichado o tacho, vão escalar o IVA até aos 25% entre outros saques de menor monta. É isto o "arco constitucional", meus senhores, uma delícia de gente séria! A notícia corre depressa pelas gazetas, que dão conta em paralelo das declarações da "senhora" Merkel no final da afamada Cimeira. Lá das Europas e com aquele ar de pai a quem esta semana não dá jeito pagar a semanada, afirma a chanceler alemã que os partidos portugueses têm que fazer isto e aquilo, além de tudo o mais que nos próximos meses lhe possa passar pela cabeça. Soa muito mal, sobretudo para quantos, como eu, não só nunca apararam o golpe da cavalgada imparável do federalismo europeu como sempre se bateram por um referendo ao dito regabofe. Para os restantes, que são a larga maioria que há trinta anos sufraga tanto gerente incapaz, a voz de comando alemã tem o mérito de lembrar que já não mandamos em coisa nenhuma, muito menos na carteira. Ou seja, a Soberania foi-se e, lamentavelmente - digo-o pela experiência e pelas sondagens que vamos conhecendo -, não creio que venha a ser nas urnas que a possamos recuperar. A cereja no topo do bolo é ouvir o dr. Durão Barroso a secundar o alto comando germânico, ele que como é sabido não só é de boas contas e promessas como nada tem a ver com o desgoverno lusitano. Escrevam o que vos digo: vamos acabar na Merkel… Como o dia marchava abençoado, a imprensa encarrega-se de nos dar mais duas boas notícias: o novo assessor político de Cavaco Silva é filho de Jaime Gama e - estão bem sentados?… -, Armando Vara recebeu uma simpática indemnização de meio milhão de euros (mais uns trocados) pela saída (forçada por boas razões, como é do conhecimento das massas…) da gestão executiva do BCP. Quem é que nos ensinou em pequeninos que a vergonha na cara era uma virtude, quem foi?...

Domingo, 27 de Março

Ocupo o tempo com a leitura de "Um Promontório em Moledo - Crónicas de um Reaccionário Minhoto", um conjunto de textos de António Sousa Homem recentemente editados pela Bertrand e com a virtude de mostrar na capa uma fantástica fotografia de uma das mais bonitas praias lusitanas. Se aqui o digo é por duas razões: faço questão de partilhar as boas descobertas com os amigos e, não sendo bastante, há muito Portugal naquelas páginas. Fim de dia em Domingo de eleições cantonais em França (segunda volta) e estaduais na Alemanha. Conforme aqui escrevi há umas semanas, confirma-se o óbvio: a chanceler que nos quer ditar as horas a que podemos fazer xixi vai coleccionando derrota atrás de derrota, desta feita esmagada no Baden-Wurttenberg, Estado que a CDU governava há mais de meio século. Estou cheio de pena… Já de França chegam notícias arejadas, confirmando-se a tendência de subida de Marine Le Pen, com a eleição de dois Conselheiros Gerais, a somar a todas as sondagens que por agora lhe garantem presença na segunda volta das presidenciais de 2012. Não é que se note por cá, mas é sempre bom verificar que há povos que ainda não perderam totalmente a capacidade de indignação.

Pedro Guedes da Silva