domingo, 29 de maio de 2011

CATARINA SAYS...








Olhamos, perguntamos, procuramos, mas nada parece ser mais importante que a cor dos olhos.

São os olhos que dizem tudo.

A expressão de um olhar tem em si a possibilidade de todas as palavras do mundo, e mesmo assim não chegam por vezes, para descrever um olhar.

Os olhares quando do fundo, trocam-se na mesma medida. Só assim podem comunicar justa e encontradamente.
Mas não é fácil às vezes assumir o silêncio que pede um olhar de segundos, que no entanto pode ser eterno.
"Fui ao ver-te, tudo o que vi" escreve alguém que admiro pela posse das palavras que me dá a ler, e a reter.
Num olhar de segundos, trocado, cruzado, igualado, o mundo pára estanque, como se nada mais existisse do que esse momento. Tudo o que se vê nesse tempo, são os olhos do outro espelhando a alma.
É talvez por isso que todas as palavras não cheguem, porque, como se descreve afinal a sensibilidade da alma? São os olhos mesmo, o espelho da alma? São. Todos sabemos que sim, mesmo que por vezes tentemos escapar a essa radiografia, dizendo palavras soltas, impensadas ou pensadas, para não comprometer a soltura da alma.
Os olhares vêm com legendas.
Contam que o coração bate, que a alegria é imensa, ou que a tristeza também.
Ontem num instante apareceu-me um arco íris, estava como suspenso na minha janela.
Foi a exactidão do momento. Foram os olhos de Deus ali, em mim. Os olhos de Deus têm todas as cores, por isso eu soube.
Olhos de surpresa e alegria tive eu seguramente pelo espanto do momento. Era sim a minha alma a registar. Para sempre. Agradecendo.
Nesse instante foi tudo o que vi, foi tudo o que senti.

Catarina Hipólito Raposo