EXPRESSO DO OCIDENTE
Quinta-feira, 17 de Novembro
Nas vésperas da passagem de mais uma cerimónia de evocação dos Restauradores da Independência Nacional, parece cada vez mais claro que, na sua obsessão de cortar feriados deitando mão da já famosa aldrabice de que o corte vai elevar aos píncaros a lusa produtividade, a coligação de centro-direita fará cair o 1º de Dezembro como feriado nacional. Não creio que alguém se espante, tal é o desprezo reinante pelos conceitos de Soberania e Independência, valores hoje vistos como uma espécie de último reduto do obscurantismo. Mas se isso, como disse, na verdade não espanta, o mesmo já não diria - enfim, pelo menos totalmente... - da posição que o Senhor D. Duarte de Bragança entendeu adoptar a este respeito. Pois calculem os meus caros amigos que afirmou não haver problema algum na queda do 1º de Dezembro para - agarrem-se bem nesta parte - o fundir com o 25 de Abril e o 5 de Outubro, celebrando tudo a 10 de Junho. Li e não sei que diga... eu já só pretendo que o pretendente se mantenha longe dos holofotes no seu habitual sossego, de modo a menos comprometer a Causa que também é a minha. E quem lhe sentir saudades sempre pode comprar a Hola! e lobrigar as fotografias de nuestro hermano Juan Carlos. Pelos vistos, parece que para a esmagadora maioria dos nossos patrícios é praticamente a mesma coisa...
Sexta-feira, 18 de Novembro
Confesso não estranhar de maneira nenhuma a detenção de Duarte Lima, agora transformada em prisão preventiva. Aliás, o que eu frequentemente estranho é como é que ainda por aí circulam livremente uma série de figurões com carreira política nos bandos do sistema, ainda por cima com direito a subvenção vitalícia que todos pagamos através do confisco a que estamos sujeitos de malha cada vez mais apertada. Isto esclarecido, indigna-me o circo que ontem pude parcialmente presenciar. Por razões a que sou alheio - vivo aqui no bairro há mais anos do que o dr. Lima -, calha sermos vizinhos o que fez com que, da minha janela das traseiras, tenha podido entreter-me por uma horita com o corropio das jornalistas e dos fotógrafos, os carros de exteriores, as luzes, as sirenes, os advogados e magistrados, enfim... com o palco e as luzes da justiça lusa. E indigno-me. Segundo leio nas gazetas, parece que toda a gente soube antecipadamente da missão, incluindo o visado, menos eu e o resto da vizinhança. Ou seja, enquanto aquecíamos na almofada as últimas horas de sono, perdemos todos o espectáculo das sete da matina em ponto. E mais me intriga: se quiseram montar o circo com aparato - e querem frequentemente, pelo que vemos nas televisões - e agarrar o espectador à janela, por alma de quem é que depois não retiram o meliante pela frente, à vista dos contribuintes mais curiosos? Isto assim não há Direito!...
Sábado, 19 de Novembro
Quem já absorveu na perfeição o fim anunciado das comemorações do 1º de Dezembro é o Instituto de Emprego e Formação Profissional. A fazer fé no i de hoje, que chama o assunto à capa, o organismo tem-se carteado amiúde com o cada vez maior número de desempregados cá do burgo em missivas cujo assunto é "Ofertas de emprego noutros países da Europa" e que, ao que garante a imprensa, visam chamar os felizes contemplados a uma reunião onde lhes é proposta a emigração e as suas virtudes como saída única para o estado a que isto chegou. A correspondência vem a público dias depois do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, ter declarado que os jovens deveriam meter os pés ao caminho e cruzar fronteiras, ao invés de se manterem por cá numa alegada "zona de conforto" que, estimo eu, só a criatura terá conseguido lobrigar. Isto pode até parecer o contrário à primeira vista mas afigura-se-me bem ilustrativo daquele "de povo de missionários / a povo demissionário" que o enorme talento do nosso Rodrigo Emílio em tempos produziu.
Noutro plano, está aqui o vídeo político da semana. Numa intervenção no Parlamento Europeu onde é deputado, Nigel Farage, líder do UKIP (United Kingdom Independence Party), descreve em dois minutos a Europa que temos. Recomendo a audição.
Domingo, 20 de Novembro
Eleições em Espanha que por serem a 20 de Novembro nos recordam aquele célebre "Sin novedad en el Alcazar". Com efeito, estava há muito anunciada a vitória mais ou menos esmagadora do PP de Mariano Rajoy que agora, na melhor linha dos Passos Coelho deste mundo, levará avante as políticas que a tecnocracia financeira do momento lhe impuser. Aliás, tal e qual titulava há um ou dois dias um dos pasquins de referência de Madrid: "gane quien gane, manda Merkel". Talvez porque também o tenham entendido antecipadamente e com clareza, boa parte dos espanhóis optou hoje por não votar aumentando a abstenção com relação às eleições gerais anteriores. Lá como em quase todo o lado, cada vez mais descontentamento e cada vez mais gente a não se dar ao trabalho de ir meter o papelinho na urna (já para não mencionar números crescentes de brancos e nulos). Um dia, podem escrever, isto vai rebentar. Resta saber para que lado tombará.
Nas vésperas da passagem de mais uma cerimónia de evocação dos Restauradores da Independência Nacional, parece cada vez mais claro que, na sua obsessão de cortar feriados deitando mão da já famosa aldrabice de que o corte vai elevar aos píncaros a lusa produtividade, a coligação de centro-direita fará cair o 1º de Dezembro como feriado nacional. Não creio que alguém se espante, tal é o desprezo reinante pelos conceitos de Soberania e Independência, valores hoje vistos como uma espécie de último reduto do obscurantismo. Mas se isso, como disse, na verdade não espanta, o mesmo já não diria - enfim, pelo menos totalmente... - da posição que o Senhor D. Duarte de Bragança entendeu adoptar a este respeito. Pois calculem os meus caros amigos que afirmou não haver problema algum na queda do 1º de Dezembro para - agarrem-se bem nesta parte - o fundir com o 25 de Abril e o 5 de Outubro, celebrando tudo a 10 de Junho. Li e não sei que diga... eu já só pretendo que o pretendente se mantenha longe dos holofotes no seu habitual sossego, de modo a menos comprometer a Causa que também é a minha. E quem lhe sentir saudades sempre pode comprar a Hola! e lobrigar as fotografias de nuestro hermano Juan Carlos. Pelos vistos, parece que para a esmagadora maioria dos nossos patrícios é praticamente a mesma coisa...
Sexta-feira, 18 de Novembro
Confesso não estranhar de maneira nenhuma a detenção de Duarte Lima, agora transformada em prisão preventiva. Aliás, o que eu frequentemente estranho é como é que ainda por aí circulam livremente uma série de figurões com carreira política nos bandos do sistema, ainda por cima com direito a subvenção vitalícia que todos pagamos através do confisco a que estamos sujeitos de malha cada vez mais apertada. Isto esclarecido, indigna-me o circo que ontem pude parcialmente presenciar. Por razões a que sou alheio - vivo aqui no bairro há mais anos do que o dr. Lima -, calha sermos vizinhos o que fez com que, da minha janela das traseiras, tenha podido entreter-me por uma horita com o corropio das jornalistas e dos fotógrafos, os carros de exteriores, as luzes, as sirenes, os advogados e magistrados, enfim... com o palco e as luzes da justiça lusa. E indigno-me. Segundo leio nas gazetas, parece que toda a gente soube antecipadamente da missão, incluindo o visado, menos eu e o resto da vizinhança. Ou seja, enquanto aquecíamos na almofada as últimas horas de sono, perdemos todos o espectáculo das sete da matina em ponto. E mais me intriga: se quiseram montar o circo com aparato - e querem frequentemente, pelo que vemos nas televisões - e agarrar o espectador à janela, por alma de quem é que depois não retiram o meliante pela frente, à vista dos contribuintes mais curiosos? Isto assim não há Direito!...
Sábado, 19 de Novembro
Quem já absorveu na perfeição o fim anunciado das comemorações do 1º de Dezembro é o Instituto de Emprego e Formação Profissional. A fazer fé no i de hoje, que chama o assunto à capa, o organismo tem-se carteado amiúde com o cada vez maior número de desempregados cá do burgo em missivas cujo assunto é "Ofertas de emprego noutros países da Europa" e que, ao que garante a imprensa, visam chamar os felizes contemplados a uma reunião onde lhes é proposta a emigração e as suas virtudes como saída única para o estado a que isto chegou. A correspondência vem a público dias depois do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, ter declarado que os jovens deveriam meter os pés ao caminho e cruzar fronteiras, ao invés de se manterem por cá numa alegada "zona de conforto" que, estimo eu, só a criatura terá conseguido lobrigar. Isto pode até parecer o contrário à primeira vista mas afigura-se-me bem ilustrativo daquele "de povo de missionários / a povo demissionário" que o enorme talento do nosso Rodrigo Emílio em tempos produziu.
Noutro plano, está aqui o vídeo político da semana. Numa intervenção no Parlamento Europeu onde é deputado, Nigel Farage, líder do UKIP (United Kingdom Independence Party), descreve em dois minutos a Europa que temos. Recomendo a audição.
Domingo, 20 de Novembro
Eleições em Espanha que por serem a 20 de Novembro nos recordam aquele célebre "Sin novedad en el Alcazar". Com efeito, estava há muito anunciada a vitória mais ou menos esmagadora do PP de Mariano Rajoy que agora, na melhor linha dos Passos Coelho deste mundo, levará avante as políticas que a tecnocracia financeira do momento lhe impuser. Aliás, tal e qual titulava há um ou dois dias um dos pasquins de referência de Madrid: "gane quien gane, manda Merkel". Talvez porque também o tenham entendido antecipadamente e com clareza, boa parte dos espanhóis optou hoje por não votar aumentando a abstenção com relação às eleições gerais anteriores. Lá como em quase todo o lado, cada vez mais descontentamento e cada vez mais gente a não se dar ao trabalho de ir meter o papelinho na urna (já para não mencionar números crescentes de brancos e nulos). Um dia, podem escrever, isto vai rebentar. Resta saber para que lado tombará.
Pedro Guedes da Silva
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