CINCO ANOS DE ETERNAS SAUDADES, MÃO CHEIA DO FUTURO
O João Marchante tardou a aderir a este meio umbiguista e livre. Desde que chegou, porém, embeiçou-se de tal sorte pela blogosfera que ainda agora não despegou do namoro em rede.
Certo que os blogues e redes sociais, como qualquer meio de massas e maiorias, permitiram a livre expressão dos ignorantes mais rudes. Acontece que os bloguistas nem sempre calçam pela craveira bordalenga; alguns caminham pela rede em passo culto, inteligente e civilizado. É precisamente o caso do Marchante, que alimenta a combustão deste blogue com fôlego erudito e crítico. Há cinco anos que por aqui desfila cinematizada a sua maneira de ver e sentir o mundo. E não sei se os seus leitores já notaram, mas o João foi escrevendo no Eternas Saudades do Futuro alguns dos mais brilhantes aforismos da blogosfera portuguesa. Publicados a solo ou em séries numeradas, tais anexins merecem traslado e porventura impressão, à uma pela limpidez do raciocínio e à outra pelo rigor certeiro do piparote.
Isto de ter saudades é um clássico da cultura lusa. Os portugueses orgulham-se da locução, pretendendo-a exclusiva. Os outros povos recalcitram que possuem o seu conforme equivalente. Eu declaro-me por eles, espantado da pretensão dos meus patrícios. Não sei o que o João pensa disto, mas presumo sempre a quem tem saudades do futuro que sente menos mágoa do que esperança viva.
Partilho com o Marchante interesses variados, no plano estético, na literatura e no culto das mulheres. Aprecio nele o matrimónio exemplar do tradicionalismo com a vanguarda, porque sei que ambos os conceitos foram feitos um para o outro. Os modernaços não passam de totós desengonçados a correr atrás da última moda política ou de costumes. Menos cinéfilo e melómano de meu natural, não consigo elevar-me à estatura do João nessas outras matérias essenciais da Arte e da Vida. Mas deixo aqui o registo escrito na antiga ortografia, que é a mais moderna que conheço, da minha estima pelo blogue e o autor.
Bruno Oliveira Santos
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