CARTEIRA DE SENHORA
DIA 49
Imperdoavelmente a
carteira esqueceu-se de referir que a última crónica teve a contribuição
inesperada, generosa e preciosa de mais três pares de mãos. Estando a ficar
cansada de escrever através deste inábil par, agradeceu a novidade e até pediu para
repetir a festa. Não lhe vou tirar a esperança.
E sendo a primeira
crónica de 2013, é mesmo obrigatório falar de esperança. Precisamos dela como
nunca.
Esperança em Deus,
que nos abençoe para podermos enfrentar os violentos caminhos que nos trilharam.
Esperança em nós
próprios, na nossa capacidade de sobreviver como protagonistas nesta espécie de
filme de antecipação futurista em cenário dantesco.
Esperança nos outros
– na família, nos amigos e na comunidade – no seu amor que nos fortalece e na
bondade da sua partilha.
Esperança nos
portugueses, sempre capazes de tanto, e após anos manietados e até esquecidos
da sua própria voz, distorcida entretanto por senhores supostamente escolhidos
mas que nem conhecem, em conseguirem arranjar novas formas de se organizar,
provocando e participando em mudanças.
Esperança na
construção de um futuro diferente para Portugal e para o mundo.
Na classe política
não deposito muita esperança, para não dizer nenhuma (serei só eu?), mas
podemos sempre confiar que finalmente se lembrem de, num dia longínquo, terem
aprendido o significado dos vocábulos (tão simples!) honra, palavra,
consciência e valores e as ponham em prática.
Diz o povo que a
esperança é a última a morrer. Que povo sábio, o nosso…
Não nos podemos dar
ao luxo de perder a esperança, porque a desesperança, embora possa dar muito
jeito a alguns, condena um povo à prisão perpétua e pode até matar.
Tenhamos esperança
então, mas não esperemos. Há que fazer acontecer. Se acreditarmos em nós tenho
a certeza de que a esperança afinal é realidade. Já hoje.
Leonor Martins de Carvalho
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