CARTEIRA DE SENHORA
DIA 55
Num dia de
capicua lindíssima (e não, não é por isso que pensam, ainda não cheguei lá),
foi completamente previsível o papelinho da carteira. Parece querer voltar aos
eixos e deixar de andar contracorrente. Veremos por quanto tempo e se não lhe é
contranatura o eixo.
O tema da
semana foi sem dúvida a decisão imprevista do Papa Bento XVI. Depois de ler
artigos e comentários de todo o género, quem sou eu – nada e criada na fé
católica, mas agora meio perdida embora ainda na esperança de reencontrar o
caminho – para tecer mais um? Ia soar a impertinência e não conseguiria dar-lhe
a dignidade merecida.
Diria
simplesmente que não temos de questionar, especular e inventar, mas tão só
aceitar uma decisão corajosa e humilde de quem agora apenas pede que rezem. Por
ele, pela Igreja, pelo seu sucessor. É o que faremos, na certeza de que o
Espírito Santo vai estar onde é tão preciso. E esta renúncia, vacatura e
sucessão ocorrerem precisamente quando começa a Quaresma, o tempo de renúncia e
preparação para a Páscoa, leva necessariamente à tentação da analogia, pela
similitude dos passos, com o sofrimento, morte e ressurreição de Cristo.
Que
continuemos a ter Papas coerentes e corajosos é essencial nesta época em que
assanhadamente se quer apagar qualquer vestígio de tudo o que soe a religião,
de tudo o que colida com o egoísmo do Homem, de tudo o que lhe tire o papel
principal. E sobretudo nesta época em que a perseguição aos cristãos,
nomeadamente aos católicos, é real.
Por mais que alguns
senhores jornalistas entrem nessa sanha, sabem bem que o mundo precisa da voz
do Papa. Pode parecer a alguns voz solitária pregando neste deserto de
espiritualidade, mas não. É ouvida. Por muitos.
O folclore a
que se tem assistido vem mais de fora. Os católicos penso que aguardam
serenamente a escolha dos Cardeais, seja qual for, e uma Páscoa já com o novo
sucessor de Pedro.
Aguardemos
então. Vamos ter um novo sorriso naquela célebre janela.
Leonor Martins de Carvalho
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