CARTEIRA DE SENHORA
DIA 60
Para quem esperava uma continuação da saga Facebook, desiluda-se. Outro tema se intrometeu sorrateiramente à frente, desrespeitando, à portuguesa, qualquer fila organizada, qualquer alinhamento antecipado. É que ficou alegre a carteira. Diz que vai ficar rica. Antevê que a partir de agora todas as senhoras vão usar mais as carteiras para guardar dinheiro.
Vem isto a propósito do que está a suceder ao Estado-membro na extrema oposta à de Portugal e Irlanda na dita União Europeia.
Só para os que até agora ainda não tinham percebido, penso que caiu a máscara da Europa. E a cara por detrás da máscara permite finalmente ver o que lhe vai na alma. Não é bonito de se ver.
Simplificando, o esquema foi sempre o mesmo, especialmente com os países menos desenvolvidos. Primeiro, acena-se com fundos. Muitos. À mistura invoca-se uma espécie de ideal europeu que serve de cortina de fumo e de desculpa.
Alguns, políticos, empresários e gente anexa, de “olho torvo posto no lucro” (Eça citado por meu avô, como já aqui disse), fazem enorme propaganda usando influências sub-reptícias nos meios de comunicação social, invocando irmandades inexistentes e ideais martelados, tornando a pressão irresistível e a decisão como facto lógico e consumado.
No passo seguinte, após a entrada na coisa, esses mesmos, sus muchachos e toda uma raça criada geneticamente em laboratório, os eurocratas, lucram ao máximo com a chuva de fundos, sobranceiramente indiferentes ao futuro do país. Os bolsos adquirem uma importância desmesurada. É que património e soberania não têm lugar nessa Bolsa de Valores.
Por fim, e após os negócios cozinhados entre a classe política e a empresarial, para os quais mais ninguém foi tido nem achado senão a oligarquia partidária (é isto que nos traz o sistema), o que sobra nem sei se pode ser considerado país. Quase sem estrutura produtiva, dívidas gigantescas, vendas ao desbarato e ao estrangeiro…
Imaginem que há até um país que em vez de contrariar o seu desaparecimento parece querer contribuir para que ele ocorra mais depressa liquidando de vez o património linguístico.
Ninguém me convence que o plano não era esse mesmo desde o início. Subjugação absoluta, países de joelhos pela dependência financeira, permitindo a machadada final nos restos de soberania. A aniquilação de um país, do seu povo, cultura, património e História. A intenção é daqui a umas gerações já não haver sequer memória de que tenham existido, para que dêem lugar a uma qualquer entidade amorfa de gente amorfa, sem dignidade. Ainda reinventam a História.
Avisem a Croácia. Não tem de cair no poço do extermínio.
E nós? Não basta mudar os naipes neste jogo sujo, a nós cabe-nos mudar de jogo.
Leonor Martins de Carvalho
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