TRADIÇÃO NA TELEVISÃO
Numa época de desenraizamento dos indivíduos e de fragmentação da sociedade surge um programa televisivo que pode dar a muitas pessoas um sentido para a vida. «Quem É Que Tu Pensas Que És?» é um formato adaptado. Tem por isso algumas condicionantes que tornam a série algo lamechas e a puxar para a emotividade fácil. Contudo, intencionalmente ou não, cumpre este programa duas funções fundamentais: por um lado, desmistifica o estúpido preconceito, espalhado pela propaganda republicana e por aristocretinos, de ser a genealogia o mesmo que nobiliarquia, e, como tal, à partida, só interessante para uma minoria de privilegiados; por outro lado, vem precisamente despertar no povo — em todos nós, melhor dizendo — a curiosidade e o gosto pelos antepassados e pelas raízes. Este conhecimento, assente no (re)encontro com os nossos ascendentes, suas profissões e cargos, histórias de vida, terras de origem, casas de família, etc., pode e deve dar-nos uma explicação para o que somos hoje e ajudar-nos a definir um rumo para nós e nossas famílias nestes tempos terríveis.
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