segunda-feira, 8 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (24)

Quando analisado de todos os ângulos não há dúvida de que o dito acordo ortográfico explica-se por duas razões, ambas perversas:  por um lado está a necessidade psicológica de dar uma decisiva machadada à identidade nacional, já que a língua é das poucas coisas que a abrilada 74 deixou de pé; por outro trata-se de uma grande negociata, com milhões “disponíveis” para a reconversão de textos.  Mas se estas duas razões interessam a anti-portugueses e vendepátrias convictos já existe para aí quem alinha com o mixordês por macaquice bacoca.  Ordenaram que se suprimisse “c”s e “p”s e tudo quanto fosse consoante dupla e parece que nem as palavras estrangeiras escapam à sanha mixordesa. Pois não é que tenho visto para aí em etiquetas de preços “selección” abastardada em “seleción”, “collection” aviltada para “coletion” e mimos do género? O que realmente surpreende não é a asneira... mas a sua total falta de limites.

Do escândalo nacional-ortográfico passa-se à politiquice da semana ou a dança das cadeiras dos malcriaditos. De todos os lados ouvem-se vozes que dizem tudo, menos o que realmente interessa. A não serve, B não presta, C é que é bom; Presidente que deve ser assim ou assado; eleições antecipadas; coligação de x e y ou de p e q; defesa da democracia; reforço do par(a)lamento, etc. Ainda estou para ouvir alguém com a coragem suficiente para dizer a verdade, que o país sofre de um gravíssimo e avançado cancro que deve ser extirpado ou será impiedosamente consumido por ele. E esta moléstia mortal é o regime parido em 1974.  Ou se acaba com ele ou ele acaba com o que resta de Portugal. 

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar