segunda-feira, 15 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (25)

É delicioso escutar os apelos para a formação de um governo de salvação nacional. Estão duplamente de parabéns os propositores de tal solução, todos partidocratas sem mancha. É que sin querer queriendo reconhecem que o princípio de partido é prejudicial à solução dos problemas nacionais, age em contra da boa administração. E com isto, estão a render homenagem ao seu grande papão, Salazar.  Para o arquitecto do Estado Novo, para quem a unidade é rasgo essêncial da Nação, é um bem sem preço, os partidos mostram-se úteis apenas em uma ocasião, e mesmo assim em forma deficiente: quando se unem, ou seja, quando negam-se a si mesmos.  De nada adianta gritar pela substituição de pessoas na (des)governação enquanto existirem partidos a carcomer o corpo nacional.  Os partidos são tumores e urge extirpá-los.

Vivemos em um regime ilegítimo, na sua origem e no seu exercício. Em resumidas contas: na sua origem porque fundamenta-se no mito perverso da soberania do povo e no sufrágio universal – “a mentira universal” como lhe chamava Pio IX –; no seu exercício porque não tem o bem comum como objectivo.

Soberania do povo, sufrágio universal e partidocracia – as três desgraças que se abateram sobre a sociedade dos homens. Literalmente “talhadas” pela guilhotina, a “lâmina de barbear democrática” na expressão de Maurras. Boa matéria de reflexão, sobretudo para um 14 Julho.

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar