segunda-feira, 5 de agosto de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (28)

No passado dia 31 morreu em Paris, aos 93 anos, Jean Madiran, último discípulo ainda vivo de Charles Maurras.  Os jornais franceses ditos “de referência” que se animaram a noticiar o ocorrido, se foram económicos na extensão de suas notas, já foram pródigos nos epítetos do costume: “extremista de direita”, “católico integrista”, “anti-semita”, “vichyista”, etc – condecorações que o inimigo do mundo costuma atribuir àqueles que entendem a vida como um combate por Deus e pela Pátria.  

Secretário de Maurras, colaborador do diário L´Action française e da Revue Universelle, criada por Jacques Bainville e Henri Massis, fundador da revista Itinéraires e do diário Présent, Madiran foi um implacável defensor da Tradição Católica e uma figura intelectual de primeiríssima ordem no panorama contra-revolucionário. Pode-se dizer sem medo de errar que, com o genial Pierre Boutang, falecido em 1998, partilhou o privilégio e a responsabilidade da herança doutrinal maurrasiana.  

A obra que nos deixa é vasta e de peso. A título ilustrativo e não limitativo refiro aqui alguns: La Philosophie politique de saint Thomas (1948), seu primeiro livro, com prefácio de ninguém menos do que Maurras. Sobre o Mestre vai publicar dois trabalhos emblemáticos: Pius Maurras (1966) e Maurras (1992). Em choque frontal com o Concílio Vaticano II e contra a demolição da Igreja de sempre: Le Concile en question (1985), La révolution copernicienne dans l´èglise (2002), Une civilisation bléssée au coeur (2002). Sem esquecer La Cité catholique d´aujourd´hui (1962), La vieillesse du monde: essais sur le communisme (1966) e Les deux démocraties (1977), além de artigos sem conta nas suas publicações periódicas.  

Foi chamado à casa do Pai num dia de Santo Inácio de Loyola.  Amou a Deus e a França, entranhadamente. Foi homem de oração e de trabalho até ao último suspiro.  Que na Santa Paz de Deus descanse.  Jean Madiran, presente!

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar