segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (30)

A “demo-liberalice” – entendida como partidocratite eleiçoeira – que assola estas paragens dá a medida exacta dos (des)governos imediatistas. Já alguém referiu que se um estadista é aquele pensa nas próximas gerações o político profissional é quem pensa apenas na próxima eleição... Que mal irreparável podem fazer às Nações certos titulares de poder que arrogam-se o direito de dispor do património efectivamente nacional, como se a geração que dizem representar fosse proprietária não só do presente como também do passado e do futuro. Vem-me ao espírito o grande Juan Donoso Cortés, com a sua ideia de unidade do tempo, de solidariedade como responsabilidade comum num agregado social: se não existe um “vínculo de união” entre o passado, o presente e o futuro, o homem não vive se não no momento actual, sendo a sua existência mais “teórica” que “prática”. Ou seja: o homem que não vive em todos os tempos não vive em tempo algum. A unidade do Portugal pluricontinental estava profundamente enraizada no passado enquanto apontava decididamente para o futuro. Esfacelou-se revolucionariamente esta unidade, deitando-se fora as raízes, um destino e uma missão histórica. Como se sabe, os autores desta inenarrável tragédia humana, moral, material e nacional fugiram “exemplarmente” às responsabilidades. Qual o destino ou a missão na História que nos resta? Terá ainda fôlego para algo que valha o exíguo Portugalinho “obra prima” da abrilada? 

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar