segunda-feira, 2 de setembro de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (32)

Certa vez Salazar, referindo-se à vergonha da I República, disse que a política se havia transformado numa actividade pouco digna, para a satisfação de interesses pessoais, apetites de grupos e caprichos das massas. Corrupção em larga escala, enriquecimento à velocidade da luz, nepotismo e clientelismo às carradas, negociatas hollywoodianas, demagogia permanente e na sua versão mais ordinária – constituem o retrato da imensa maioria dos ilustres membros deste areópago indecente que dá pelo nome de Nações (Des)Unidas e que tanto mal vem causando à humanidade desde a sua criação. Mas não é apenas a brigada terceiro-mundista que anda a ostentar tão excelsas qualidades. No chamado primeiro-mundo – a caminho accelerado em direcção ao terceiro – são muitos aqueles que, certamente em diferentes graus, afinam pelo mesmo diapasão. Vejamos, por exemplo, Portugal e a passagem pelo poder de emblemáticas personalidades (denominação um tanto pomposa, reconheço, para a maioria). É injusto, é cobarde, bem sei, mas... compare-se o antes e o depois da hecatombe abrilina. Compare-se o sacrifício pessoal que no Estado Novo impunha o desempenho da função de servir a Nação, com a festança, o regabofe e as conezias proporcionadas pelo direito pessoal de servir-se da Nação. Compare-se o viver modesto dos governantes de antanho com as vidas de estadão dos mediáticos liquidantes e gestores do que resta de Portugal. Compare-se o absoluto respeito por uma escrupulosa separação das esferas pública e privada na realização de gastos com o viver à grande e à francesa com os dinheiros dos infelizes pagadores de impostos. Não, não avancemos mais no tema. É por demais malvado com os egrégios artífices que nos libertaram do malfadado colonial-fascismo e promoveram a invejável grandeza do Portugal de aquém e além-mar.

Até para a semana.  

Marcos Pinho de Escobar