CADERNOS INTERATLÂNTICOS (44)
Parece incrível mas tempos houve em que arriscava-se a vida para que Portugal existisse e continuasse português. Tal lembrança vem à mente poucos dias antes do dia 1.º de Dezembro, desta vez banido do calendário dos feriados nacionais pela politicalha “profissional”. Calha num Domingo e muitos não vão dar por isso – mas eu vou... E como! De todos os feriados não religiosos possíveis e imagináveis, o 1.º de Dezembro – correctamente: o Dia da Restauração – é precisamente aquele que deveria congregar todos os portugueses, ao recordar a reconquista da nossa independência, da nossa autonomia, da nossa identidade. Em outras palavras: o momento em que voltámos a ser portugueses de pleno direito. Mas tais “pormenores” não interessam à cáfila que nos desgoverna, enfeudada que está, de corpo e alma, ao nefasto projecto mundialista em curso. Pelo contrário, para os gerentes abrileiros do que resta de Portugal é fundamental eliminar qualquer veleidade de soberania, todo suporte de individualidade e, sobretudo, os exemplos históricos daqueles que se bateram para que fossemos e continuássemos portugueses. O regime concebe a Nação como nada mais do que uma mercearia, mesmo que gerida mal e porcamente. A única “restauração” que interessa ao conglomerado de máfias que em 1974 se apossou do Estado é o regabofe diário e de luxo, regiamente sustentado pelos exauridos pagadores de impostos. Da Restauração de Portugal fogem como do diabo da cruz. Do que gostam mesmo – e conhecem como poucos – é de submissão, diluição, dissolução, tarefas facilitadas ao extremo graças ao esfacelamento do corpo físico e moral da nossa Pátria. Enquadra-se neste mesmo espírito o escandaloso “Acordo Ortográfico”, que de “acordo” e de “ortográfico” não possui rigorosamente nada. O abastardamento da ortografia é machadada certeira e brutal – se não fatal – na nossa identidade. É estúpido, ridículo, desnecessário e vergonhosamente humilhante. O 1.º de Dezembro incomoda e muito. Como é que se pode falar em Restauração Nacional quando querem que escrevamos em brasilês, que sejamos inquilinos na nossa própria casa e criados de angolanos, russos e chineses, entre outros? Será que assim, de paulada em paulada, marcharemos sem resistência rumo ao ocaso definitivo? Recuso-me a embarcar nesta viagem. Não só continuarei a escrever em português como Deus manda, como boicotarei sistematicamente tudo e todos que espezinhem a língua pátria e, de marcador em punho, aplicarei o devido correctivo onde corresponda. E quanto ao Dia da Restauração de 2014, uma Segunda-feira, sei muito bem o que farei: greve geral. Nem o IVA de uma bica esta escumalha vai levar.
Até para a semana, se Deus quiser.
Marcos Pinho de Escobar
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