segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (45)

Nunca precisei de dias específicos ou feriados para recordar pessoas, coisas ou efemérides. Quando o sentimento intenso é profundo, quando a dor ou a alegria são sublimadas em saudade, recordar torna-se uma atitude constante, um estado permanente, uma vivência. Tudo isto vem a propósito de mais um Primeiro de Dezembro; desta vez escandalosamente suprimido pelos vendilhões e coveiros de Portugal. Infelizmente, para uma grande parte dos “portugueses de BI”– quiçá a maioria – o dia deste ano, um Domingo, será apenas mais um dia de passeio, comilânça e compras. Para outros, no entanto – e que não devem exceder uma mão cheia – é um dia de reflexão, especialmente nestes tempos de ocaso nacional. E tal exercício, se bem que tenha como pano de fundo a Restauração de 1640, seus heróis e, sobretudo, seu exemplo, cobra grande vigência quando atentamos ao processo de dissolução nacional cuja partida oficial foi dada com a revolução de Abril de 1974, processo este que hoje, sob nova roupagem, ameaça atingir a sua odiosa conclusão. Já não se trata de despedaçar Portugal e entregar os bocados, numa bandeja d’ouro, ao comunismo assassino; nem expropriar empresas, invadir herdades, prender milhares de inocentes ou enviar capitalistas e inimigos do povo para o Campo Pequeno; nem vosciferar – com fato macaco, barbicha e cara patibular – contra o fascismo, a reacção, o imperialismo, etc. Hoje a coisa fia mais fino. Com falinhas mansas, sorrisos alvares, gravatas de seda, telemóveis e automóveis de alta cilindrada, a canalha pulhítica que nos desgoverna entretem-se com as modernas ferramentas para a dissolução do que resta do país. Com a soberania real transferida à União Europeia, aos caprichos dos senhores de Bruxelas e Estrasburgo e à alta finança apátrida, os sobas do rectângulo avançam com as tarefas de casa e dão rédeas soltas a: imigração-invasão que produz desequilíbrios e descaracterização; relativização e banalização da nacionalidade portuguesa; tolerância “100%” com vários tipos de delito; promoção de comportamentos que conduzem à desestabilização da instituição familiar; ataques à consciência católica, elemento estruturante da Nação; materialismo desenfreado e inaudito; (des)educação desenraizante e anti-portuguesa da juventude – entre outras barbaridades. Em tempos de anti-Portugal e em jeito de homenagem aos Restauradores de 1640,  deixo-vos aqui com as palavras pronunciadas a 26 de Outubro de 1933 por um dos maiores Portugueses de sempre – um daqueles Grandes que sempre colocaram Portugal acima de tudo:

“A Nação Portuguesa não é de ontem; estamos a reconstruí-la, mas não a edificá-la. Nos altos e baixos da sua história há muito esforço, muita inteligência, muita bravura, muito sacrifício. Aos que carrearam para a obra a sua pedra, por vezes até não aproveitada ou inútil, tem de poupar-se a intenção generosa e o trabalho despendido. Quem se coloca no terreno nacional não tem partidos, nem grupos, nem escolas: aproveita materiais conforme a sua utilidade para reconstruir o País; tem a grande, a única preocupação de que sirvam e se integrem no plano nacional. Aos que se obstinam em não servir a Nação; aos que pensam que cada qual pode servi-la e a serve realmente trabalhando como quer; aos que vão mais longe e crêem não dever servir a Pátria para servir teoricamente a Humanidade, é preciso também a esses fazer justiça – ao seu valor, ao seu carácter, à sua honorabilidade, mas é preciso combater sem tréguas, ainda pelo interesse nacional, o gravíssimo erro da sua posição antinacional.” A.O.S.

Até para a semana, se Deus quiser

Marcos Pinho de Escobar