terça-feira, 1 de setembro de 2015

DA BURGUESIA QUE FAZ FALTA EM PORTUGAL

Portugal tem uma burguesia pobre. A sua fragilidade assenta no desejo de se enobrecer rapidamente. Esse deslumbramento fá-la esquecer a sua matriz genética, que tem como base a permanente criatividade aplicada aos negócios. Assim, no lugar de se formarem dinastias burguesas sólidas — agrícolas, comerciais, industriais —, fundamentais para a produção nacional, vemos passar rapidamente à oposta categoria de ociosos, deitados à sombra de um baronato qualquer («foge cão...»), os netos dos empreendedores burgueses. A força de França, Itália, Alemanha e Reino Unido reside precisamente na consolidação histórica dessas famílias; as quais, mantendo a iniciativa nos negócios geradores de riqueza para a comunidade nacional e ocupando sempre — com orgulho — o seu lugar social, ao mesmo tempo que evoluem culturalmente, fornecem aos respectivos países, desde há séculos, alguns dos seus mais dinâmicos líderes empresariais. Desta forma, esses Estados possuem uma coluna vertebral sólida, a que hoje se chama classe-média, mas composta em grande parte por verdadeiros aristocratas de espírito, e que é o suporte económico-social — e também cultural — das nações ricas.