domingo, 20 de setembro de 2015

DAS CORTES À CORTE

Quando as monarquias europeias deixaram de ser tradicionais e passaram a ser absolutas (na época do diabólico despotismo iluminado), os reis — para melhor a anularem — chamaram a nobreza à corte e transformaram-na numa classe de criados-de-quarto. De tal forma a receita foi eficaz que muitos dos seus descendentes ficaram com essa mentalidade até hoje.
Em Portugal foi igual: a comunidade tradicional, orgânica e hierarquizada, que éramos, deixou para sempre de ter um heróico braço guerreiro que combatia, em todo o mundo, pela Fé e pelo Império; e que, localmente, defendia o povo nas terras onde era senhor. Politicamente, a antiga e boa nobreza perdeu também todo o seu Poder, pois deixaram de ser convocadas regularmente as Cortes. Transformados em ministros, cortesãos e criados, dos reis absolutos ou liberais, os novos nobres não passavam de marionettes.
Toda esta decadência abre caminho ao fim da Monarquia.