sexta-feira, 21 de agosto de 2020

MORTE EM PLENO VERÃO

Conheci-o no sítio onde ambos veraneamos. Ele desde sempre, eu desde 2007. Logo descobri com ele imensas afinidades. Amigos comuns, em primeiro lugar. Depois, uma afinidade clubística que nos levava a vermos os jogos do nosso clube numa velha e castiça taberna desta terra de pescadores. Finalmente, gentleman (assim mesmo, em inglês, porque muito à inglesa) que era, era um conversador; e, assim sendo, eu sabia que tinha sempre alguém aqui com quem poderia divagar em conjunto. Para acompanhar essas longas conversas, que tocavam quase todos os pontos da chamada cultura geral (na verdade, composta por temas acessíveis hoje apenas a um escol culto em vias de extinção), tínhamos a aguardente velha e as cigarrilhas, outras duas afinidades de peso, além da cerveja. Tudo isto se passava em lugares (cafés e bares) que ele descobria antes de todos mas que na sua generosidade logo divulgava e indicava. Partiu, súbita e definitivamente, ontem. Agora, fica o desgosto e a certeza de um Agosto (este e os próximos) mais vazio.