sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

AS ARTES A QUE TEMOS DIREITO

A partilha das Artes já está feita, de comum acordo e com muito senso-comum (abaixo de bom-senso e de bom-gosto, portanto).
 Há cinquenta anos. Ah, pois é.
Ainda no Estado Novo, a criação artística foi entregue, numa bandeja e de mão-beijada, à esquerda (comunistas, católicos progressistas e outros artistas). Pensaram — alguns brilhantes estrategas pré-marcellistas — que, assim, a esquerda não conspiraria politicamente e se manteria entretida.
O resultado viu-se!... Entrou-nos pela casa adentro...!
Coisa triste esta de entender-se as Artes como algo de acessório, sem se perceber que as revoluções políticas são sempre precedidas de revoluções culturais. A esquerda sabe isto e pratica-o.
Por outro lado, a direita-torta a que temos direito, passou a dedicar-se, nestas coisas das Artes, às antiguidades. Conservadora que é, faz conservação e restauro. Restauro de trecos, entenda-se, que a Restauração Nacional dá muito trabalho!
O resultado prático desta situação continua: as novas gerações são formadas esteticamente pelos símbolos produzidos pela esquerda — da Arquitectura ao Cinema, da Pintura ao Teatro, da Dança à Poesia, da Literatura à Escultura —, enquanto os meninos e meninas da não-esquerda se entretêm nos salões de velharias...