quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

PARA A COMPREENSÃO DUMA CLASSE SOCIAL QUE MANDA NO MUNDO HÁ 200 ANOS (ATÉ HOJE)

Historicamente, são fáceis de reconhecer e caracterizar o clero, a nobreza e o povo. Estados, ordens ou estratos da nação orgânica, bem definidos e identificados, que compõem a comunidade tradicional hierárquica do Antigo Regime (1128-1834).
Já quanto à burguesia, a coisa torna-se mais difícil. Cá para mim, contudo, arrisco descrevê-la da seguinte forma: classe composta por proprietários - não necessariamente habitantes do burgo, como induz a etimologia, pois existe uma burguesia urbana e outra rural -, cujos membros, chamados burgueses, provenientes socialmente da nobreza decaída (tradicionalmente este braço da nação dedicava-se à coisa militar e administrava propriedade vinculada mas não trabalhava)  ou do povo enriquecido (este estrato trabalhava mas era normalmente pobre e não possuía terra), conseguiram adquirir bens, ainda durante o Ancien Régime mas principalmente a seguir à queda deste, com o pecúnio fruto das suas actividades (geralmente comerciais e financeiras), tornando-se assim uma classe que chegou, viu e venceu e impôs o seu mundo material contra os valores espirituais consagrados na trilogia Deus, Pátria e Rei.
A data acima referida para a queda do Antigo Regime, a segunda entre parêntesis, válida para Portugal, varia (poucas décadas) de país para país; porém, o conceito aqui exposto mantém-se.