segunda-feira, 7 de março de 2022

UM GÉNERO LITERÁRIO DE QUE PORTUGAL PRECISA URGENTEMENTE

Releio o fascinante Nó Cego, de Carlos Vale Ferraz, e volto a interrogar-me: por que carga de água, sendo nós um povo de guerreiros  — além de marinheiros e poetas, já se sabe  —, não publicamos mais romances de guerra?... Não há escritores à altura desta missão? Falham os editores? Ainda para mais, quando se sabe, de ciência certa, que não existe melhor coisa do que este género literário para alimentar a alma nacional. Seriam pois estes desgraçados tempos propícios para a pobre pátria doente receber este remédio. Talvez os meus leitores nunca tenham pensado no caso, mas convido-os a verificar o seguinte: os países mais fortes, política e economicamente falando, são, coincidentemente, aqueles que produzem maior quantidade, com qualidade, de literatura (e também cinema) de guerra. Género este que consolida a identidade nacional e fornece um desígnio colectivo à juventude. Os romances de amor aquecem, ou amolecem, o espírito; os de guerra, robustecem a alma. E, precisamos de ambos, desesperadamente, para termos equilíbrio  — e sermos homens completos.