A PROPÓSITO DO MEU QUERIDO VÍDEO «AR»
Icarus
De novo os telhados. Lisboa Modernista.
Sol.
Vento/catavento. O moinho de vento.
Figura mitológica desenha espirais com os braços. Asas ou pseudo-asas.
O avião passa e nós ficamos, mas somos seres extra-terrestres.
Corpo à transparência. Gola esquisita, transformada mais tarde em pescoço.
Azul claro / amarelo. Amarelos e laranjas pontuais acentuadores de zonas. A luz e a sombra.
Com o tempo, a imagem vai-se focalizando.
Como sempre, a quadrícula. Amianto ou outros materiais de protecção ou revestimento. Cancerígenos?
O vídeo de Marchante recorre à dança ou à expressão corporal dos actores com muita naturalidade e frequência, mas o essencial continua a ser a matéria fílmica muito espessa, qual empaste de tinta de óleo, que introduz a opacidade na transparência da lente e nos transmite uma sensação tão táctil como visual.
É uma sequência estetizante sem dúvida, mas plena de conteúdos simbólicos. Arte na tradição simbolista.
Filipe Rocha da Silva
(Notas de visionamento escritas em Maio de 2000)
[Ficha técnica: Ar (VHS/Cor/Mudo - Com acompanhamento sonoro variável/13'19''/Portugal, 1999), de João Marchante]
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