ACUMULADORES VERSUS COLECCIONADORES
Portugal é um país de acumuladores. Os portugueses juntam compulsivamente tralha. Aglomeram coisas sem objectivo e têm dificuldade em desfazerem-se desses monos inúteis que guardam como se fossem preciosidades. Há algo de irracional e mesquinho nisto.
Por outro lado, existe uma minoria culta que procura e encontra objectos relacionados entre si. Estas pessoas amam verdadeiramente as obras ou as peças em causa. São, à partida, ou tornam-se, a posteriori, apreciadores e conhecedores. Reúnem assim belas colecções de objectos que vão ao encontro do seu gosto. Quadros, livros, porcelanas, discos, moedas, canetas, jóias, sinetes, pisa-papéis, selos, garrafas de vinho, fósseis, guitarras, cadernetas, pratas, etc. Note-se que mesmo com temáticas pessoais - e épocas, géneros e estilos bem definidos - estas colecções estarão sempre incompletas. Característica esta que, em vez de desmotivar, constitui um permanente estímulo para o coleccionador. Remate-se dizendo que uma coleccção é valiosa esteticamente (e materialmente, já agora) quando obedece a uma rigorosa ordem estabelecida pelo pessoalíssimo critério do seu fundador. Destarte, torna-se intemporal.
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