domingo, 28 de novembro de 2021

HISTÓRIAS DE BIBLIÓFILO

Ainda sou do tempo em que entrando em qualquer boa casa portuguesa logo se avistavam livros. Nalguns casos, com direito a livraria (fórmula pela qual era designada a biblioteca particular, antes do comércio se ter apropriado totalmente da palavra). Hoje em dia, pelo contrário, são escondidos nos corredores, quando existem. A mudança deu-se numa só geração. Dizem-me agora que os livros já não têm valor e que ocupam muito espaço. Assim, viúvas e filhos quase que pagam para se verem livres dos livros deixados por quem muitas vezes levou uma vida inteira a coleccioná-los. Nestas andanças, um coleccionador designa-se por bibliófilo — alguém que tem amizade aos livros. Movido por esta amizade, que logo passa a paixão e culmina em amor, o bibliófilo não resiste a parar e entrar em todo e qualquer sítio que tenha o objecto do seu desejo, desde a livraria comercial, com as últimas novidades nos escaparates, até — e principalmente — aos velhos alfarrabistas, que contêm as obras antigas e raras, ou apenas arredadas do mercado, pois que cada vez mais, na sua febre de lucro, as lojas reenviam para as editoras os livros não vendidos, após uma ou duas semanas, para darem rapidamente lugar a outros acabados de vir a lume; e, assim, pouco depois, como que por artes mágicas, os primeiros aparecem nos livreiros-alfarrabistas. Esta velocidade pode mesmo ser alucinante. Certa vez, aconteceu-me receber um convite para o lançamento de um livro, ao qual não pude comparecer. No dia seguinte, à hora do almoço, passei num alfarrabista e aí estava essa monografia à venda, com dedicatória e tudo! Alguém lá foi, o comprou (ou recebeu como oferta do autor), recolheu o autógrafo do escritor, leu-o na diagonal ao serão, e de imediato o empandeirou na manhã seguinte. Mais triste do que isto só mesmo quando me deparo com livros à venda marcados por ex-libris de pessoas com quem convivi e admirei e sei terem descendentes directos, os quais optaram portanto por nem sequer dividi-los entre si nas partilhas. Às tantas, mais valendo isto, porque possibilita um bibliófilo criterioso comprar essa biblioteca, ou núcleos dela com interesse, fazendo-a até chegar a uma instituição pública nacional, onde todos os que gostam de ler possam ter acesso às obras, do que ir a casa de alguém e ver nas prateleiras, à laia da biblots, ao sabor das cores das encadernações, livros dispersos de obras em vários volumes — uma enciclopédia, a obra completa de um escritor, etc. Para rematar estas histórias trágico-cómicas, não resisto a contar aqui a melhor que presenciei: estando eu numa loja dum conhecido livreiro-alfarrabista, vejo entrar uma emproada criatura de meia-idade, toda aperaltada, que dispara para a jovem que lá estava a trabalhar: «Tem livros antigos de Direito?». Responde a rapariga: «Que autores procura?» Vocifera a serigaita: «O que eu quero são boas encadernações, para o escritório do meu marido». Conclui a empregada, revelando-se bibliófila: «Enganou-se no sítio, isto aqui não é uma loja de decoração». Bibliófilo é pois alguém que tem um profundo respeito pelos livros, como entes amados, e dedica grande parte do tempo ao seu convívio — procurando-os, mirando-os, namorando-os, acariciando-os, cheirando-os, conquistando-os, aprendendo com eles, guardando-os perto de si. Note-se que o bibliófilo tem em princípio e por princípio um género preferencial ao qual dedica as suas apaixonadas energias de busca e aquisição; por exemplo: Poesia inglesa, ou História de Portugal, ou Romance francês do século XIX, ou Incunábulos, ou primeiras edições de Camilo e Eça, ou Livros de Arte, etc. e tal. Ah!, e há ainda, por estranho que pareça, um pequeno nada que é tudo: o bibliófilo lê os seus livros. Por fim, contrariamente a outros amores, este pode e deve ser partilhado. Surgem assim as tertúlias literárias, que têm como principal tema os livros e que servem para despertar ou consolidar amizades entre pessoas com afinidades culturais. Aí se partilham experiências, se mostram livros, se fala sobre eles, e muitas vezes surgem projectos comuns. Também estes encontros, infelizmente, se têm vindo a perder, invocando alguns membros destes grupos a famigerada «falta de tempo», que faz pendant com a «falta de espaço», a tal que leva a expulsar os livros de casa. 

Nota: Texto que escrevi como convidado do blogue Delito de Opinião e que aqui e agora republico no Eternas Saudades do Futuro.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

25 DE NOVEMBRO LITERÁRIO

Esta data está ligada a dois escritores muito meus. Nasceu Eça, em 1845. Morreu Mishima, em 1970. Hoje ao serão irei relê-los aos dois. Será esta a melhor maneira de homenageá-los. Para já não falar do facto de, neste mundo à deriva, as belas letras de um e de outro - cada um à sua muito própria maneira - estarem hoje mais actuais do que alguma vez estiveram. Não é blague minha, é a mais pura das verdades, mas, talvez só acessível a corações rebeldes. 

AINDA E SEMPRE O 20 DE NOVEMBRO: JOSÉ ANTÓNIO - PRESENTE!

JOSÉ ANTONIO PRIMO DE RIVERA Y SÁENZ DE HEREDIA,
1.º Duque de Primo de Rivera, 3.º Marquês de Estella
 (Madrid, 24.04.1903 -  Alicante, 20.11.1936). 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

DA CIVILIZAÇÃO

Charles Maurras
(20.04.1868-16.11.1952)

Leia-se. Toda a sua vasta obra, que abarca quase tudo. Pois foi poeta, romancista, jornalista, ensaísta, filósofo, pensador político, etc. e tal. É essa a melhor forma de homenageá-lo, através dos seus livros e escritos, recordando-o ou descobrindo-o. Numa época em que, no meio do profundo caos, a França está a reencontrá-lo, qual tábua de salvação.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

DO MÊS DA MORTE

Anteontem partiu Dom Miguel (1866), ontem o meu Pai (2009) e hoje Duarte Pacheco (1944).
Estarão sempre presentes aqui e vivos além. 

sábado, 13 de novembro de 2021

AVISO À NAVEGAÇÃO DESTES SETE MARES

Alerta, novo blogue! Ora clicai e espreitai: Da Genealogia.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

QUANDO É QUE OS PORTUGUESES SE FARTARÃO?

Quando é que os Portugueses se fartarão definitivamente dos políticos que dão uma no cravo e outra na ferradura e que querem estar bem com Deus e com o diabo?

TEMPLÁRIOS E GEOESTRATÉGIA NACIONAL

Templários rimam com geoestratégia nacional porque estão presentes na Fundação e na Expansão de Portugal.

DIA DE SÃO MARTINHO

Medite-se na vida do Santo, comam-se castanhas e beba-se vinho. Sempre gostei desta aliança ente o Sagrado e o profano!

sábado, 6 de novembro de 2021

AINDA E SEMPRE NUN'ÁLVARES

Lisboa ganhou finalmente em 2017 uma estátua de Dom Nuno Álvares Pereira. É da autoria do escultor Augusto Cid e foi inaugurada no dia litúrgico de São Nuno de Santa Maria (6 de Novembro, fazendo assim hoje 4 anos). Situa-se no Jardim Ducla Soares (desenhado pelo arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, em 1950), o qual enquadra a Capela ou Ermida de São Jerónimo (da autoria de mestre Boitaca e construída por mestre Rodrigo Afonso, em 1514), e encontra-se portanto ao cimo da Avenida Torre de Belém. O simbólico lugar não poderia pois ser mais à medida do representado, desde sempre chamado, ainda antes de ser beato e muito menos canonizado, Santo Condestável. 

O SANTO DO DIA NA LITERATURA PORTUGUESA

Portugal, contrariando o que se passa noutros países desde sempre, nomeadamente nos de matriz anglo-saxónica, não tem cultivado a tradição de edição nem de leitura de obras desse cativante género literário que é a Biografia, e muito menos ainda dum sub-género, que foi maior por cá durante séculos, porquanto esses livros eram presença obrigatória em qualquer boa casa lusitana, designado por Vidas de Santos.
Porém, contra a corrente desta tendência contemporânea de empobrecimento cultural do hoje em dia triste rectângulo, foram, apesar de tudo, escritos e publicados dezenas de títulos, por muitos dos nossos melhores verdadeiros intelectuais portugueses, sobre um grande Português que é hoje o Santo do Dia: Dom Nuno Álvares Pereira —
 São Nuno de Santa Maria.
Ao correr das teclas, ocorrem-me, por ordem alfabética cristã (nome de baptismo), correndo contudo o risco de olvidar alguns, os seguintes autores de outras tantas obrigatórias biografias sobre o acima referido Santo do Dia: António dos Reis Rodrigues; António Maria M. Pinheiro Torres; Augusto Casimiro; Bernardo Xavier Coutinho; Frei Domingos Teixeira; Dom Duarte, Duque de Bragança; Henrique Barrilaro Ruas; Jaime Cortesão; Jaime Nogueira Pinto; Jesué Pinharanda Gomes; Joaquim Pedro de Oliveira Martins; José Carvalho; José de Matos de Sousa Mendes; Mário Domingues. 

SANTO DO DIA

 D. Nuno Álvares Pereira, O Santo Condestável
(
Crato, 24.06.1360 — Lisboa, 01.11.1431)

Aos 26 de Abril de 2009, a Igreja Católica elevou aos altares de todo o mundo, para culto universal, com o nome de S. Nuno de Santa Maria, no dia 6 de Novembro, aquele que até agora em Portugal deu o mais perfeito exemplo de Fé e Heroísmo ao serviço de Deus, Pátria e Rei.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

DA REALIZAÇÃO DAS (PRE)VISÕES E DA BATALHA CULTURAL

Ando aqui,
 há quase quinze anos,
 a repetir sempre as mesmas coisas;
  mas,
 de maneiras diferentes,
como aconselha a metapolítica.
Finalmente,
quase todas elas já se tornaram realidade.
Refiro-me às matérias de política:
da doutrina à realpolitik,
da nacional à internacional.
 Ora ide espreitar,
 com atenção,
 o arquivo do blogue,
para ver se tenho,
 ou não,
 razão,
 no que
 agora
 afirmo.
Boas leituras.

ALERTA AOS CATÓLICOS POR CAUSA DAS CONFUSÕES

31 de Outubro — Festa de Samhain.
Início do ano Celta. Noite do fogo novo e da inspiração, conhecida modernamente por «Halloween» (cuja raiz etimológica é «All Hallows Eve», que significa Véspera de Todos os Santos). Antiga celebração pagã, cultivada hoje pela sociedade de consumo.

1 de Novembro — Festa de Todos os Santos.
Uma das maiores datas do Ano Litúrgico e uma das festas mais características e queridas dos Católicos.
2 de Novembro — Dia de Fiéis Defuntos.
Chamado popularmente «Dia de Finados». Jornada de íntima comunhão com os que já partiram. Dia de esperança para os Católicos.