domingo, 30 de julho de 2023

AVISO AOS APRECIADORES DO MEU TRABALHO FOTOGRÁFICO

Acabei de ter a agradável surpresa de saber que três obras da minha autoria - da Colecção do  Banco Privado Português, agora integrada na Colecção de Arte Contemporânea do Estado Português e em depósito na Fundação de Serralves - fazem parte da exposição colectiva A Quem Possa Interessar: Uma Colecção, Uma Carta, que estará patente no Museu de Serralves até 5 de Novembro.
Para mais informações, clicar aqui e ali.

TUDO SOBRE FOTOGRAFIA

sábado, 29 de julho de 2023

DECÁLOGO DO SAUDOSISMO FUTURISTA (I)

1. O Saudosismo Futurista é tradicionalista no conteúdo e vanguardista  na forma. 

Nota: Os restantes pontos também irão sendo revelados aqui.

DEUS, PÁTRIA E REI

No dia em que completou 30 anos de idade — 25 de Julho de 1139 —, D. Afonso Henriques derrotou os mouros (árabes muçulmanos) na Batalha de Ourique. Era dia de Santiago e Cristo apareceu ao nosso Rei. O aniversário real, a batalha e o milagre assinalam-se nesse dia, portanto. Mais uma vez, os me(r)dia — ateus, anti-nacionais e anti-monárquicos até à medula — não falaram da tripla efeméride. Esqueceram-se, certamente. Talvez porque a coisa seja politicamente incorrecta em demasia. Mas qualquer dia Portugal desperta (já faltou mais, até já há sinais...), e aí é que vão ser elas! Não perdem pela demora.

quarta-feira, 12 de julho de 2023

DA INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER E NÃO SÓ

Tendo tido a triste notícia que deixou a vida terrena mais um escritor muito meu - porque decisivo na minha formação estética e espiritual, nos bons velhos tempos de jovem adulto -, fiz o que sempre faço nestes casos: em primeiro lugar, vim ao blogue ver se alguma vez o tinha referido directa ou indirectamente; em segundo lugar, fui às estantes verificar quais as obras suas que possuo.  
Para minha própria estranheza, só o mencionei de forma directa uma única vez (que foi esta); embora, de forma não declarada, a alma da sua escrita habite muitos dos meus posts.
Por outro lado, foi com grande alegria que confirmei que tenho à mão de semear a sua obra completa na biblioteca, da qual destaco, do grande romancista, no tão especial dia de hoje, o seu seguinte livrinho de não-ficção, ensaio fundamental para quem quem retirar mais prazer da leitura de ficção ou mesmo aventurar-se na escrita da mesma. Ei-lo: A Arte do Romance, de Milan Kundera, tradução de Luísa Feijó e Maria João Delgado, colecção Biblioteca Dom Quixote, n.º 1, editora Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1988.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

GRAÇAS A DEUS A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA EM TERRAS DE SUA MAJESTADE

Por estes belos dias de Verão dá gosto ver, ao vivo ou via impecável transmissão televisiva, o Torneio de Ténis de Wimbledon. Nesta histórica competição, os atletas disputam os encontros vestidos de branco e sobre relva. No quadro feminino, esta dupla premissa sublinha a elegância das jogadoras - da maneira como pisam até à sua linguagem corporal total. Sim, porque, cá para mim, só se atinge a excelência, no desporto como na arte, com estilo.  

quinta-feira, 6 de julho de 2023

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (7)

E pensava
enquanto acariciava Lisboa
num vagaroso mas vigoroso travelling
registando uma cidade deserta e destruída
em plano-sequência mental
que aquele chauffeur de táxi
mudo e velho
mas que sabia captar
apreciar e classificar
o seu aroma
como ninguém
era ainda a única pessoa que tinha pedalada para a acompanhar
nas suas deambulações
de vinte e quatro horas diárias
como hoje e sempre
depois do matinal banho de emersão a céu aberto
ritualizando a redenção
e da habitual dança solitária ao nascer do Sol
dando corpo ao manifesto
transportando-a ele sucessivamente em direcção
às leituras privadas a pedido
de manhã e à tarde
dando voz ao manifesto
às subidas aos arranha-céus
ao cair da noite
procurando um porto de abrigo
na normalidade dos lares
aos bailados eróticos públicos
num clube de streap-tease
profanando o corpo
às actuações como vocalista
num clube de rock
profanando a voz
à prática compulsiva de sexo
com desconhecidos arrancados à noite
de novo em casa
ritualizando o amor e a morte
ao banho no lago
ritualizando a recuperação da alma.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (6)

Era bela
e flutuava de costas
à superfície da água
com o vestido encarnado
colado ao corpo
sobre a fauna e a flora do lago
situado no centro gravitacional do derradeiro secreto jardim romântico
de Lisboa
incrustado entre colinas
e
ao mesmo tempo que lavava a alma de melancólicas recordações
não conseguia apagar o som da guitarra distorcida
do concerto da noite anterior
que permanecia
ecoando dentro de si
e lhe provocava
um estranho
mas indiscritivelmente agradável
ardor
interior
no estômago.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (5)

A última imagem que ele viu
enquanto permanecia deitado de costas
no idílico leito
foi a do corpo dela
sentado sobre o seu
e esculpido pela luz difusa da Lua Cheia
que banhava o quarto do último piso da torre
ao qual se tinha acesso através de uma estreitíssima escada
de caracol
onde outrora as criadas dormiam
e propício a amores furtivos
como este
imediatamente antes do florão
da velha cama de ferro
cedendo aos frémitos da paixão carnal
cair
e lhe rachar a cabeça
matando-o
e ensopando de sangue quente os alvos lençois de linho puro.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (4)

E
às cinco horas da manhã
após um intenso dia de invulgar tarefa
seguido de uma noite de trabalho banal
mas radical
culminando num serão repleto de emoções fortes
e inesquecíveis
desprendia-se
ainda
do cabelo e da pele
da jovial rapariga de vinte anos
o aroma fresco
de quem tivesse acabado de sair
do seu banho de emersão matinal
em velha banheira de esmalte
ao ar livre
e
com vista sobre Lisboa
antiga.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (3)

A rapariga que nunca tinha lido um livro
entrou na loja do velho alfarrabista
à procura de um volume
para oferecer ao namorado
e ficou encantada a acariciar a pele das antigas encadernações
até que
por fim
abriu o Livro do Desassosego de Bernardo Soares
e começou a lê-lo desde o princípio
e não mais parou até hoje de devorar obras escritas
e agora é leitora profissional
e vai
de casa em casa
dizendo em voz alta
com interpretação muito pessoal
o que está impresso em letra de forma
vestida ritualmente
de acordo com o texto
para que
quem já não vê o suficiente
ou queira ter uma experiência sensorial diferente
possa retirar renovado prazer
da sua biblioteca.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (2)

Rasgando a noite cerrada
sem lua nem estrelas nem nada
uma bela mulher felina
de negro cabedal colante vestida
move-se
silenciosamente
nos terraços dos mais altos arranha-céus da cidade
à espreita
e à espera
daquela janela aberta
para observar o bom burguês português
anestesiado em frente à TV.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (1)

A bailarina mignone dança nua
sob a luz boa do Sol nascente
no terraço sobre o Tejo
e a sua muitíssimo longa sombra é projectada lá longe
em baixo
na calçada
e pisada
por gente que caminha sonâmbula
mal acordada
e indiferente
na rua.

UMA QUESTÃO CULTURAL

Às afinidades ideológicas, racionais, calculistas, abstractas e intelectuais, sempre preferi as espirituais, estéticas, intuitivas, concretas e sensuais. Tendência esta que se tem acentuado com a (matur)idade. 

TRÊS PILARES DA SABEDORIA

SÓCRATES (470 A. C. — 399 A. C.) — Filósofo não escritor, influenciou os dois maiores Mestres da Filosofia Grega: Platão e Aristóteles.

PLATÃO (428 A. C. — 347 A. C.) — A partir de Sócrates, cria uma Filosofia Idealista, que será bebida, na sua essência, por Santo Agostinho e seus discípulos, incluindo os fundadores da Escola Franciscana.
ARISTÓTELES (384 A. C. — 322 A. C.) — Autor de uma Obra de Filosofia inigualável — o que lhe valeu ficar conhecido, por antonomásia, como «O Filósofo» —, e que virá a ser decisiva para o Pensamento de São Tomás de Aquino.

GENEALOGIAS ARTÍSTICAS E ESPIRITUAIS

Não é possível compreender o Cinema de Hitchcock sem começar por ver os filmes da sua fase inglesa; e, destes, lançar minuciosa atenção sobre os da época do Mudo. Depois, é só perceber — salta à vista — que as bases da sua linguagem visual, assim como as do seu núcleo temático principal, têm as raízes mergulhadas, bem fundo, no Expressionismo Alemão — muito especialmente nos mestres Murnau e Lang. Ora vão lá espreitar, que mais logo falamos.

MISTÉRIOS LINGUÍSTICOS

Sempre consegui ler em castelhano embora nunca tenha tido aulas de tal língua e lhe tenha até uma certa aversão.

DA FILOSOFIA APLICADA

Estou a reler a obra Die Spatziergänge oder die Kunst spatzieren zu gehen, de Karl Gottlob Schelle, na edição francesa, da Rivages Poche / Petit Bibliothèque, intitulada l'Art de se Promener, e prefaciada e traduzida por Pierre Deshusses. A propósito: Quando é que em Portugal se começam finalmente a fazer edições boas para o bolso e para a bolsa? Por enquanto, são feíssimas e caríssimas. Este livrinho, escrito em 1802 por um amigo de Kant e correspondente de Goethe, permanece para mim como o mais útil manual da arte de bem passear. Dúvidas houvesse e ficaria demonstrado neste pequeno ensaio que a simples prática física do passeio propicia prazer estético ao mesmo tempo que nos transporta a uma elevada dimensão espiritual.

DOS LIVROS E DAS MULHERES À FLÔR DA PELE

Visão de encadernação, cheiro de pele e de papel, toque de pele e de papel; visão de vestido de Verão, fragrância de pele, tacto de pele.

AFINIDADES PERIPATÉTICAS — I

De todas as actividades físicas, o passeio (não confundir com caminhada) é a mais espiritual.

terça-feira, 4 de julho de 2023

DO PODER ERÓTICO DA DANÇA

 A dança é a mais poderosa forma de sedução.

DO PODER NARRATIVO DA DANÇA

A dança é a mais antiga forma de contar uma história.

DO PODER MÁGICO DA DANÇA

Quem dança seus males espanta.