segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

ALERTA GEOPOLÍTICO

Quinhentos anos após Portugal ter inventado a globalização, e cinco dias passados sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, fica bem claro, para quem tenha olhos de ver, e capacidade para pensar pela sua própria cabeça, que, afinal, não há apenas um projecto mundialista mas sim três: o ocidental (comandado pelos EUA, decadente e fragmentado), o russo-chinês (bipolar e com aliados variáveis, como a Índia e o Brasil) e o islâmico (essencialmente sunita, silencioso, mas cada vez mais presente em todos os continentes). Depois não digam que não avisei.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

PARA A COMPREENSÃO DUMA CLASSE SOCIAL QUE MANDA NO MUNDO HÁ 200 ANOS (ATÉ HOJE)

Historicamente, são fáceis de reconhecer e caracterizar o clero, a nobreza e o povo. Estados, ordens ou estratos da nação orgânica, bem definidos e identificados, que compõem a comunidade tradicional hierárquica do Antigo Regime (1128-1834).
Já quanto à burguesia, a coisa torna-se mais difícil. Cá para mim, contudo, arrisco descrevê-la da seguinte forma: classe composta por proprietários - não necessariamente habitantes do burgo, como induz a etimologia, pois existe uma burguesia urbana e outra rural -, cujos membros, chamados burgueses, provenientes socialmente da nobreza decaída (tradicionalmente este braço da nação dedicava-se à coisa militar e administrava propriedade vinculada mas não trabalhava)  ou do povo enriquecido (este estrato trabalhava mas era normalmente pobre e não possuía terra), conseguiram adquirir bens, ainda durante o Ancien Régime mas principalmente a seguir à queda deste, com o pecúnio fruto das suas actividades (geralmente comerciais e financeiras), tornando-se assim uma classe que chegou, viu e venceu e impôs o seu mundo material contra os valores espirituais consagrados na trilogia Deus, Pátria e Rei.
A data acima referida para a queda do Antigo Regime, a segunda entre parêntesis, válida para Portugal, varia (poucas décadas) de país para país; porém, o conceito aqui exposto mantém-se. 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

PESSOALÍSSIMOS REQUISITOS PARA A FELICIDADE

Família, amigos, uma boa biblioteca, um belo jardim, uma selecta garrafeira e vasta vista de serra, rio e mar. 

PINTORA DO DIA

Francine von Have e as suas leitoras.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

PRIMEIROS SINAIS VISUAIS DE PRÉ-PRIMAVERA

Ainda em Fevereiro, os Jarros (já disse aos meus caros leitores que é a minha flor preferida?) irrompem por toda a parte e as pequenas flores de Cerejeira espreitam timidamente; e, logo de seguida, discretas mas reverdejantes, despontarão as folhas novas nos Plátanos, e, finalmente, explodirão as Olaias floridas, pois Março é sem dúvida o mês destas. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

DA EVOLUÇÃO DOS REVOLUCIONÁRIOS

Os vermelhos desbotam à medida que enriquecem. Começam com uma garrida côr encarnada e acabam rosa pálida ou laranja aguada. Claro que continuam a dizer «vermelho», mas isso é só um tique foleiro que o dinheiro não consegue apagar.

TRÊS IRMÃS SÁBIAS E INSEPARÁVEIS

Geografia, História e Genealogia.

SANTOS E COMANDANTES

Em 1431, a poucos meses e quilómetros de distância, morriam dois europeus excepcionais. Dos maiores chefes guerreiros do seu tempo, e de sempre. Heróis eternos, portanto. Hoje, são ambos santos venerados pela Igreja Católica. Uma francesa e um português. Possam França e Portugal  estar de novo à altura de honrar as suas memórias e seguir os seus exemplos. Que Santa Joana d'Arc e São Nuno de Santa Maria nos iluminem e guiem.    

DOIS TOTALITARISMOS

Historicamente, a revolução americana de 1776 é a raiz das revoluções dos séculos seguintes. Destas, destacam-se — como política, social e economicamente determinantes — a francesa, de 1789, e a russa, de 1917. A primeira, feita pela burguesia, instala a democracia liberal capitalista. A segunda, levada a cabo pelo proletariado, impõe  o comunismo. Estes dois sistemas passam a ser universalmente hegemónicos, após terem vencido, enquanto aliados, a II Guerra Mundial. De seguida, depois de longos anos de «guerra fria», o totalitarismo comunista foi derrotado definitivamente pela auto-implosão do seu  regime soviético. Hoje, o mundo vive apaticamente e apatridamente sob o domínio global total do capitalismo demo-liberal. Até quando?   

É A HORA DE NOVA RECONQUISTA?

Será que os descendentes dos que fundaram Portugal e dos que o fizeram crescer ao longo de novecentos anos durante trinta gerações a fio vão continuar a assistir impávidos e serenos ao País a ser afundado? Eu, não. Não me conformo, nem me calo.

AS ARTES A QUE TEMOS DIREITO

A partilha das Artes já está feita, de comum acordo e com muito senso-comum (abaixo de bom-senso e de bom-gosto, portanto).
 Há cinquenta anos. Ah, pois é.
Ainda no Estado Novo, a criação artística foi entregue, numa bandeja e de mão-beijada, à esquerda (comunistas, católicos progressistas e outros artistas). Pensaram — alguns brilhantes estrategas pré-marcellistas — que, assim, a esquerda não conspiraria politicamente e se manteria entretida.
O resultado viu-se!... Entrou-nos pela casa adentro...!
Coisa triste esta de entender-se as Artes como algo de acessório, sem se perceber que as revoluções políticas são sempre precedidas de revoluções culturais. A esquerda sabe isto e pratica-o.
Por outro lado, a direita-torta a que temos direito, passou a dedicar-se, nestas coisas das Artes, às antiguidades. Conservadora que é, faz conservação e restauro. Restauro de trecos, entenda-se, que a Restauração Nacional dá muito trabalho!
O resultado prático desta situação continua: as novas gerações são formadas esteticamente pelos símbolos produzidos pela esquerda — da Arquitectura ao Cinema, da Pintura ao Teatro, da Dança à Poesia, da Literatura à Escultura —, enquanto os meninos e meninas da não-esquerda se entretêm nos salões de velharias...

CASOS ARQUIVADOS

Quando será reaberto o processo de investigação do crime de homicídio do Rei D. Carlos I e do Príncipe Real D. Luís Filipe ocorrido no Terreiro do Paço a 1 de Fevereiro de 1908?

AS COISAS NO SEU LUGAR

Quando ouço os expertos dos merdia dizerem que vivemos num país mediterrânico, pergunto-me que raio de mapa-múndi terão eles, na medida em que as fronteiras marítimas de Portugal são com o Atlântico e não com o Mediterrâneo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

CRISE DEMOGRÁFICA E DARWINISMO SOCIAL EM PORTUGAL

Portugal vive hoje uma triste situação demográfica: os Portugueses deixaram de procriar, havendo casos dramáticos de famílias históricas que já desapareceram ou irão em breve extinguir-se devido à esterilidade dos seus varões. Porém, desta desgraça poderá surgir uma refundação nacional, com os poucos mas bons que restarem — qual darwiniano processo de selecção natural. Assim foi, aliás, aquando da extraordinária arrancada para a Conquista e os Descobrimentos. Nessa época, a Nação encontrava-se reduzida a 1 milhão de habitantes, dizimada por sucessivas pestes e guerras; e, contudo, esses nossos antepassados, talvez porque só os melhores tenham sobrevivido às agruras dos tempos, foram capazes de navegar os desconhecidos Oceanos, conquistar metade do Mundo, e fundar o primeiro Império moderno. 

DA LEITURA

Durante décadas, por todas as razões, sempre li os livros no formato in-oitavo. Agora, que já não vou para novo, prefiro lê-los em edições in-quarto. Muito por causa dos olhos, que pedem um maior corpo de letra. Contudo, prefiro pensar que se trata de uma atitude estética.

DAS ÁRVORES

As Árvores de folha caduca são as melhores amigas do Homem: dão-nos sombra e fresco, no Verão; deixam passar a luz e o calor do Sol, no Inverno.

DO COMBATE CULTURAL À CONQUISTA POLÍTICA

Duas décadas de metapolítica verdadeiramente católica, nacionalista e monárquica (nomeadamente, a feita na blogosfera nacional) estão a começar a dar frutos políticos.
Sob a aparente calma das pantanosas águas do regime formam-se as gigantescas vagas do futuro.
Entretanto, os polícias das palavras, os papagaios do politicamente correcto e os donos do sistema perceberam o que aí vem. Alguns até já mudaram de barco...

PARA A (RE)DEFINIÇÃO DAS CLASSES SOCIAIS E DA IDENTIDADE NACIONAL

Portugal tem hoje bem consolidado um grupo social que assumiu finalmente a imposta, de fora para dentro, designação de beto. Cá para mim, dever-se-ia grafar a palavra com maiúsculas, sendo BETO o acrónimo para Bonito, Educado, Talentoso e Organizado. Importa desde já esclarecer que esta nova definição, que legitima uma mui antiga classe tradicional, rompe com o velho significado cunhado por Miguel Esteves Cardoso. E escusado seria acrescentar que o beto também nada tem a ver com o betinho, que para todos os efeitos sempre foi tido e achado como um parvinho. Há porém uma interessante e importante quantidade de sub-grupos ou tipos que se podem identificar dentro desta classe, os quais foram sendo criados com imaginação e humor, na prática sócio-cultural, sócio-profissional e até sócio-política, pelos próprios. Cheira-me que voltarei amiúde a este tema, que tem pernas para andar, mas finalizo agora esta mensagem, que já vai longa para a política da casa, deixando aos meus queridos leitores identificado e apontado o primeiro, porque mais antigo e simultaneamente mais actual, braço desta classe: o agro-beto.     

COMO É QUE SE RECONHECE UM BIBLIÓFILO?

Quando nos reencontra, pergunta-nos o que é que andamos a ler.

DO ETERNO RETORNO

Já pressinto o reflorir da Natureza, que reanunciará assim a reentrada na Primavera

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

À CAÇA DAS IDENTIDADES DISFARÇADAS

Venho partilhar, com os meus queridos leitores, um divertido jogo que inventei quase sem querer e que tenho praticado nos últimos tempos à laia de passatempo. Interessei-me sempre por sotaques e pronúncias. Dito isto, estamos a viver numa época em que as televisões estão repletas de gente que se esconde por detrás de uma forma de falar neutra e inócua (estão eles convencidos disso...!). Assim sendo, estão reunidas as condições para o apetitoso desafio. Consiste a coisa no seguinte: sintonizar o aparelho num programa qualquer e começar a ouvir, com atenção, os papagaios de serviço (pivots, entrevistados, comentadores, etc. e tal); depois, captar, o mais rapidamente possível, a origem social e regional dos supraditos. Caem que nem tordos!   

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

A PROPÓSITO DOS MEUS MUI QUERIDOS AFORISMOS

Sei hoje que escrever um aforismo sobre uma determinada matéria só se torna possível depois de largos anos a viver o assunto e a pensá-lo; e, percebo assim finalmente a célebre frase de Fustel de Coulanges: «Para compor uma síntese necessitamos de vinte anos de análise».

MONARQUIA PORTUGUESA E CINEMA NACIONAL EM DIA DE REGICÍDIO

Manuel Maria da Costa Veiga inicia a sua actividade cinematográfica como exibidor de filmes estrangeiros em Lisboa. Embora residente em Algés, era uma típica figura da Capital na viragem do século XIX para o XX — dandy alto e espadaúdo, de farta mas cuidada barba à moda. Além do mais, era um curioso e especialista em mecânica e electricidade, o que lhe conferia uma aura de mágico, nesses tempos da iluminação a gás.
Costa Veiga ajudou Edwin Rousby na primeira exibição de imagens em movimento em Portugal, que decorreu no Real Coliseu da Rua da Palma (hoje desaparecido, para dar lugar a tristes pseudo-arquitectónicos caixotes pós-modernos); sessão essa que teve na assistência o Infante D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos I, o que revela o empenho da Casa Real nas novidades científicas e artísticas que estavam a surgir, na Europa, na sequência da primeira apresentação pública — em Paris, a 28 de Dezembro de 1895 — de imagens captadas, reveladas e projectadas pelos irmãos Lumière, com a sua maravilhosa máquina Cinématographe.
A referida estreia lisboeta aconteceu em Junho de 1896 e nela foram projectadas fitas rodadas à volta do Mundo por operadores do pioneiro londrino Robert-William Paul. Foi um sucesso público, esta iniciativa do misterioso exibidor itinerante (húngaro ou americano, ninguém sabe) Edwin Rousby, «o electricista de Budapeste». Este, em Setembro, propicia nova sessão pública em Lisboa, agora com películas já filmadas no nosso País, pelo operador Harry Short, que Paul mandara para o sul da Europa à caça de imagens. A Cinemateca Portuguesa possui dois destes filmes: A Boca do Inferno e A Praia de Algés na Ocasião dos Banhos. Em Janeiro de 1897, Rousby parte definitivamente de Portugal, mas deixa em Lisboa a semente da cinefilia.
Depois deste flashback, para enquadramento histórico da aparição do Cinema («Animatógrafo», nas palavras de então) em Lisboa, vamos ao nosso pioneiro: Costa Veiga, após várias tentativas falhadas nesse sentido, conseguiu estabelecer-se como exibidor, inaugurando o Éden Concerto, aos Restauradores, e a Esplanada D. Luiz Filipe, em Cascais. Não tardou, no entanto, a dar o salto para a produção de filmes. Assim, aproveitando a estada sazonal do Rei D. Carlos em Cascais, no Verão de 1899, filma-o na praia, capta mais algumas vistas da então famosa estância balnear, e, finalmente, apresenta a sua primeira fita: Aspectos da Praia de Cascais.
Foi o início de uma carreira de grande actividade como documentarista (palavra e conceito inexistentes à época, mas é disso que já se trata), que atravessará toda a primeira década do século XX, registando os principais acontecimentos sociais e políticos, com a sua câmara inglesa Urban.
As vindas a Portugal de Chefes de Estado, e outras altas figuras, não lhe escaparam; e, temos, assim, a Série — interessante e fundamental para a compreensão da História da Europa — «Visitas a Lisboa»: Eduardo VII (1903), Afonso XIII (1903), Duques de Connaught (1903) Imperador da Alemanha Guilherme II (1905), Presidente de França Émile Loubet (1905), Rei de Saxe (1908).
Por este motivo, ficou conhecido por «Cineasta dos Reis», em oposição jocosa ao seu contemporâneo Aurélio da Paz dos Reis, «o Reis Cineasta», do Porto — primeiro português a dar à manivela numa câmara de filmar; e, revolucionário republicano, por sinal… Deste, falaremos noutro dia.
Entretanto, Costa Veiga fundou uma empresa produtora de Cinema — Portugal Filme —, continuando ainda a sua actividade profissional nos ramos da exibição e distribuição de fitas. Descobriu também, para o Cinema Português, Artur Costa de Macedo, que viria a ser um dos nossos melhores directores de fotografia, decisivo na Época de Ouro do Cinema Português (décadas de 1930 e 1940), e que trabalhava antes na garagem Auto-Palace, ao Rato.
Num tempo muito anterior ao advento da Televisão, era através do Cinema que os Estados comunicavam com os seus cidadãos e passavam para o exterior as imagens do País. Neste contexto, os filmes de Costa Veiga fizeram parte de uma grande e última ofensiva diplomática da Monarquia Portuguesa. A já referida Série «Visitas a Lisboa» foi distribuída por toda a Europa, com o apoio do Rei D. Carlos, mostrando Lisboa, como capital cosmopolita, acolhendo as principais figuras políticas internacionais.
Note-se que os filmes, embora numa fase embrionária da Sétima Arte — em formato de curtas-metragens, a preto-e-branco, mudos —, eram um negócio rentável; e, Costa Veiga pôde enriquecer com a produção, distribuição e exibição de películas, despertando, desta maneira, o apetite de muitos outros para esta indústria, os quais não tardaram a aparecer, em força, em Lisboa.
Sendo Costa Veiga «O Cineasta dos Reis», de facto, pode também dizer-se que a sua carreira sofre um grande abalo com o terrível Regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 no Terreiro do Paço. Temos assim — simbolicamente — como uma das últimas obras do realizador: Os Funerais de S. M. El-Rei D. Carlos I e do Príncipe Real D. Luiz Filipe (1908).
Passados 114 anos sobre o cobarde crime que foi o assassinato à traição do Chefe de Estado no Terreiro do Paço a 1 de Fevereiro de 1908, não será a hora de se desenterrarem e exibirem os filmes do pioneiro lisboeta — do Cinema Nacional — Manuel Maria da Costa Veiga?

DA DITADURA DOS MERDIA

Aqui.