sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

HÁ MALES QUE VÊM POR BEM, OU...

Deus escreve direito por linhas tortas. A Polaroid deixou de fabricar câmaras e película. Todas as exposições de Fotografia que fiz — três individuais e três colectivas — tiveram na Polaroid o seu eixo central. Não é uma maneira de dizer. Uso, na minha linguagem como artista visual, um processo criativo que tem na Polaroid a sua chave. Não vou agora aqui revelar esse meu pessoalíssimo processo, por não ser este um lugar para dissertações teóricas de carácter estético e técnico; e, só por isso, pois não se trata de nenhum segredo trancado a sete chaves. Aliás, os meus trabalhos nessa minha forma de expressão artística passaram hoje a objecto de Arqueologia, com o anunciado fim da Polaroid. Ficam para a história, nesta técnica, algumas dezenas de peças da minha autoria, espalhadas por várias colecções públicas e privadas, em Portugal e no estrangeiro. E, então, qual é o bem que daqui vem ao Mundo? Ora bem, por mim... — Darei, finalmente, o salto para a fotografia digital. Seja o que Deus quiser!

NASCIDOS EM FEVEREIRO

Antes que o Mês acabe, cabe-me dar os Parabéns aos blogues Controversa Maresia e Blasfémias, pelos seus quatro anos de vida, e a O Insurgente, pelo seu terceiro ano; ainda para mais, sendo dos permanentemente ligados cá na casa. Parabéns!!!

BEM BOM

«Lips Like Sugar», Echo & The Bunnymen.

Video-clip realizado por Anton Corbijn para uma canção marcante de toda uma era. Enfim: uma trip aos eternamente saudosos futuristas anos 80.

LIVRO PARA HOJE (37)

O Além-Mar na Literatura Portuguesa, João de Castro Osório, Lisboa, 1948.
Procurar esta fundamental Obra para a compreensão da Época dos Descobrimentos é um bom estímulo e um forte impulso para fazer uma incursão aos maravilhosos e sempre surpreendentes alfarrabistas de Lisboa.

ESCRITOR PARA HOJE (4)

Almeida Garrett.

ESCRITORA PARA HOJE (2)

Fernanda de Castro.

BOM DIA (31)

«A Forest», The Cure.

Assim se viajava, há 20 anos atrás, de headphones, com o melhor som dos anos 80.

UMA BENFIQUISTA QUE DÁ GOSTO VER

Telma Monteiro.

QUEBRANDO TABUS

Quando decidi abrir este blogue — e, entretanto, já passaram 13 meses de vida —, logo defini na sua linha editorial que não falaria de futebol. Pois hoje aqui estou eu a dar os Parabéns, pelos seus 104 anos, completados a 28 de Fevereiro, ao meu Clube de sempre — o Glorioso Sport Lisboa e Benfica.

SENTIMENTO PARA HOJE E SEMPRE (2)

Melancolia.

FOME DE PALAVRAS

Acabei de percorrer — de alto a baixo — todas as minhas ligações permanentes (ordenadas alfabeticamente, aqui ao lado, na coluna da direita). E, a coisa, soube-me a pouco. Triste sina esta de precisar das letras como de pão para a boca. Bem sei que não posso falar muito, pois também tenho poupado nas palavras; mas — caramba! —, há uns que fazem gazeta.

PALAVRA DE CINEASTA

O português: tristeza e mistério, por M. Rosário Bello, que nos traz as ideias de Alexander Sokurov sobre Portugal.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

THE HORROR

O Cinema de Terror foi refinando as suas formas e fórmulas. A tecnologia de vanguarda e as novas doenças têm vindo a ser incorporadas nas suas narrativas com extrema eficácia plástica. Contudo, mais perturbantes continuam a ser os filmes deste Género que não se esquecem que o corpo permanece como o lugar de todas as perversidades e a mente como a criadora de todos os medos.

SÃO FLORES, SENHORES!

A Rosa dá-nos, de mão-beijada, as flores do mês de Fevereiro. No triste mundo artificial de hoje em dia, este post é um hino à Natureza e aos seus ciclos. Bem-haja.

BOM DIA (30)

«Just Like Heaven», The Cure.

LIVRO PARA HOJE (36)

Lisboa com Seus Poetas Colectânea de Poesia sobre Lisboa, organização e nota prévia de Adosinda Providência Torgal e Clotilde Correia Botelho, edição Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2000.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

IDÍLIO

Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas;

Ou, vendo o mar, das ermas cumiadas,
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longe, no horizonte, amontoadas:

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão, e empalideces...

O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.

ANTERO DE QUENTAL
(1842 — 1891)

DA INSPIRAÇÃO

A Papoila — co-autora do blogue Tragédias da Rua das Floresquer saber o que me inspira. Remeto-a (detesto — mas sempre quis usar — esta palavra) para este meu postal de 15 de Outubro de 2007.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

STOP

Sou dos que pensam ser a quantidade inimiga da qualidade. E todos os santos dias vou confirmando esta minha convicção. Visto isto, vou mas é encostar às boxes, que já fiz treze postais, e, por este caminho, ainda descambo. Vai valendo uma querida amiga ter-me dito que eu hoje estava inspirado...

POR OUTRO LADO...

Já que se falou dessa extraordinária criação dos conventos da Idade Média — depois expandida pelos mercadores e banqueiros medievais e renascentistas —, que foi o Capitalismo, e como estamos na blogosfera, aproveito para dizer que me fazem saltar a tampa aqueles blogues que disparam páginas publicitárias ao primeiro toque. Vão vender a banha da cobra para outro sítio, que eu ando aqui só para ler!

QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO

Em desgraçado dia sem Hotmail, recorri a uma conta Gmail que tinha em banho-maria. À melhor, passo-me para lá definitivamente. É nestes momentos que dou por mim a simpatizar ainda mais com o mercado e a livre concorrência. Ala, que se faz tarde!

ASSIM VAI LISBOA

Para saber o que se passa em Lisboa, sem se ser contaminado por uma visão turístico-propagandística, é obrigatório ler o blogue Cidadania Lx.

MÚSICA E MEMÓRIAS

Eis uma música que marcou indelevelmente a minha chegada ao Liceu em Setembro de 1978.

DO BEIJO (1)

O Paulo discorre, naquele seu post, sobre o beijo amoroso. Ora aí está um assunto que vale a pena ser aprofundado. Ainda hei-de um dia botar aqui faladura sobre esse assunto, ou dar com a língua nos dentes; pois, esta matéria, mais do que de Língua Portuguesa, trata-se com essa prospectora dos sentidos que a língua é. Como lembrete, que ando um bocado distraído, este meu postal leva já o «(1)» da praxe.

PENSAMENTO A DIREITO

Não está mal pensado, não senhor.

REACÇÃO ANTI-TECNOLÓGICA

Estou sem Hotmail. É desta que empandeiro as malditas maquinetas todas, pego nos livros, e vou viver para o campo, a ver se ponho a leitura e os passeios em dia.

DOUCE FRANCE (3)

«Ne Me Quitte Pas», Jacques Brel.

DIZ O ROTO AO NU

— Tu, que assinas com o teu verdadeiro nome no blogue, tens de ter imenso cuidado com o que escreves.
— E tu, que assinas com pseudónimo, mais ainda, para não seres descoberto...!

VÃO ANDANDO, QUE EU JÁ LÁ VOU...

Nunca poderei ser um escritor de ficção, sob a forma de romance, novela, ou conto. Além da falta de engenho e arte, não tenho imaginação para tal. No entanto, tenho muitas e boas histórias, passadas comigo, para contar. Certos conhecidos fazem o favor de me lembrar isto, volta e meia. Porém, é precisamente por causa de algumas dessas pessoas que não as publico, nem sequer escrevo. Por pudor. Dizem-me, outros, que basta substituir os nomes e retocar uma ou outra situação. Pois, será, mas ainda não me veio a veia para tal jornada narrativa. Se estão com muita pressa, têm bom remédio: podem ir começando...

RESPOSTA DE BANDEJA

— O que tens feito?...
— Vê o meu blogue. Vem lá tudo o que faço, e o que não faço.

SAUDADES DO PORTO

Às tantas, é este ano que regresso ao Fantasporto. Ora bem!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

DOUCE FRANCE (2)

«La Bohème», Charles Aznavour.

DEPOIS DO MEIO-DIA

L'Amour l'Après-Midi (França, 1972), de Eric Rohmer.

ANTES DO MEIO-DIA

Não me chateiem, que estive a ver aquela xaropada dos Oscars até agora (5 da manhã, hei!). Não passa de um espectáculo circense de auto-promoção do cinema comercial americano, mas (nunca a adversativa me soou tão bem) tenho de gramar a coisa por razões sociais, mais do que profissionais, pois toda a gente («toda a gente» aqui também fica bem) me pergunta mil pormenores sobre o assunto. Está feito. Para o ano há mais.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

REIS DE PORTUGAL

JÁ GANHEI O DOMINGO

A cada dia que passa, nestas andanças, mais me vou convencendo que esta coisa dos blogues é como uma grande comunidade global de tertuliantes, onde, quem cá entra — através da criação de um blogue —, depois de navegar por toda a parte, investigando, acaba por se anichar, num confortável cantinho, na companhia daqueles com quem partilha afinidades.
Também fui percebendo que só se mantém regularmente na blogosfera quem tem um blogue; caso contrário, será apenas uma divagação passageira — por curiosidade (vulgo «cusquice»), por paixão por algum bloguista, e outras futilidades que tais.
Finalmente, senti na pele a força deste meio, no reencontro de velhos amigos e na criação de novos: tenho tido, nestes dois contextos, surpresas fabulosas (fabulosas mesmo, porque impensáveis à partida, e da ordem do mágico).
A conversa anterior há-de ser desenvolvida um dia. Quando houver mais dados, e, principalmente, quando eu tiver distância sobre reencontros e encontros que mudaram a minha vida — para melhor.
Por agora, venho aqui expressar o meu enorme júbilo pela chegada a solo à blogosfera da minha amiga — daquelas da velha guarda dos saudosos anos 80 (e que reencontrei através deste blogue, lá está!) — Maria João Reis Martins. Aviso-vos já que esta Senhora escreve que é uma coisa parva, e tem um aguçado sentido de humor. Mais não digo. Bem-vinda!

DO SÓSIA (1)

«Dunas», GNR.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

UM FLASH NO CÉU CINZENTO

Imprimi e li todos estes Contos da Sofia Vieira. Não vou usar um estafado cliché e dizer que «mudaram a minha vida». Direi antes que lançaram luz sobre várias zonas dos meus quase 42 anos de vida. Espero agora que sejam compilados em Livro, para eu recolher o autógrafo da Autora, e o guardar na estante mais próxima de mim. Há coisas que merecem o contacto visual permanente e que precisamos de ter à mão de consultar e à distância de dois passos. São as que nos salvam a vida em caso de urgência.

«EM CONSTRUÇÃO»

Amandei com mais uma pazada de blogues para a coluna das ligações permanentes. A partir de agora, tenho-os ali à mão de semear, sem ter de recorrer a ligações temporárias em postais. Já que estou com a mão na massa, arrisco dizer que meto as mãos no fogo por todos e qualquer um; e, como os meus critérios para estabelecer afinidades são mais intuitivos do que racionais, mais não digo. Resta-me o convencimento — terrível pecadilho meu — de saber que raramente me arrependo, e que nunca me esqueço (mas, esta é outra conversa). À laia de remate, aviso que a coluna está em aberto, ou em construção, para usar vocabulário da mui nobre arte edificadora que a Arquitectura é. Porque, aliás, como é sabido: «De arquitecto, poeta, médico e louco, todos temos um pouco». Que o diga o grande Pacheko.

GENIAL!

Mais uma brilhante tirada do, para mim, mais acutilante bloguista português — Filipe Nunes Vicente, do Mar Salgado.

MUITO À FRENTE!

ES DEMASIADO!

Este blogue, desde que se mudou para o Sapo, até ferve!

A HISTÓRIA TAL COMO ELA FOI

Muito para além das afinidades onomásticas, aprecio especialmente os nossos Reis de nome João. Tenho até cá para mim que um dia ainda teremos um D. João VII. Até lá, recordemos o genial estratega, que ficou para a História — feita por jacobinos, claro está — como pouco mais do que tolo, que foi D. João VI. Foi necessário um inglês escrever O Império à Deriva para o anestesiado portuga pós-moderno perceber como este Rei de Portugal deu um delicioso baile político e diplomático a franceses e ingleses.

LAVAR OS OLHOS EM TEMPOS DE CHUVA

Na minha leitura diária do blogue As Afinidades Efectivas, do meu querido Amigo Paulo Cunha Porto, fui dar a um blogue — Nocturno —, com óptima música francesa e belas fotografias de Lisboa, de uma Senhora chamada Luísa. Que mais pode um homem querer?

JÁ QUE FALEI NUMA FILIPADA...

... Nice day for... espreitar o espaço de convívio da rapaziada Filipada.

LUGAR TRANQUILO E ACOLHEDOR

Belo dia para visitar o blogue da minha velha, mas sempre jovem, amiga Katiuska.

AINDA A IRLANDA

«Nothing Compares To You», Sinead O'Connor.

Uma das sínteses possíveis da eterna beleza irlandesa: uma líndissima mulher, com uma belíssima voz, cantando uma encantadora balada romântica.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

QUADRICENTENÁRIO

O meu Whiskey — não, não é o Johnnie Walker — chama-se Bushmills, é Irlandês, e faz 400 anos. As coisas mais antigas — salvo raríssimas novidades — são sempre as melhores.

DO MELHOR QUE HÁ NA BLOGOSFERA

Bastar-me-ia um post assim, para esta Senhora ir já ali parar à coluna das ligações permanentes; mas, está visto que tenho andado distraído, pois temos aqui uma Autora de blogues de mão cheia, e eu não a tinha ainda descoberto na sua plenitude. Para me redimir, vou passar o fim-de-semana a lê-La.
E como não sou rapaz para dar o dito por não dito, mas, antes, de ideias fixas: digo e repito o que escrevi naquele postal.

A UMA TERTÚLIA MUITO ESPECIAL

Leos Carax e o elogio do amor louco: toquem-me e acariciem-me.

BOM DIA (29)

«Friday I'm In Love», The Cure.

Mas que grande e saudoso som!

JARDIM PARA HOJE (3)

Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian.
Porque será sempre o mais moderno, mas mantendo eternamente um sabor ancestral — que sugere o paraíso perdido.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

VINTAGE

Na minha selecção de blogues individuais femininos, faltava-me uma representante de uma excelente colheita, de uma geração que eu cá sei, que merecia uma bloguista à altura; pois, exigente que sou, não tinha ainda eleito nenhuma. Por isso, não é tarde nem é cedo, estamos mesmo à boa hora: o País das Fantasias, da MIN, vai já ali parar à coluna das ligações permanentes.

À ATENÇÃO DO PESSOAL CINÉFILO

O Miguel Freitas da Costa estreou uma série de crónicas sobre Cinema. Chama-se «Que Fita Vai Hoje?» e vai n' O Futuro Presente.

IRMÃS INSEPARÁVEIS III

História e Memória.

IRMÃS INSEPARÁVEIS II

Estética e Ética.

IRMÃS INSEPARÁVEIS I

Filosofia e Poesia.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

TODOS OS NOMES

Fosse um abaixo-assinado e eu subscreveria este post, com gosto. Da Rosa, pois claro.

LIVRO PARA HOJE (35)

História do Flirt, Fabienne Casta-Rosaz, tradução de Maria José Figueiredo, edição Temas e Debates, Lisboa, Outubro de 2002.
A história do flirt, enquanto inteligente jogo de sedução, instituído pela culta sociedade romântica do século XIX; e, que faz bem a todos, desde que não faça mal a ninguém. Da energia que dele emana se alimentaram grandes criadores, qual fonte de inspiração.

ABENÇOADA MODA!

O decote instituiu-se, em definitivo, depois de ter sido ditado pelas tendências dos últimos anos. Se há modas que beneficiam as belas mulheres portuguesas, esta será, sem dúvida, uma delas. Vê-las aderir — de todas as condições e idades, cada uma à medida da sua generosidade — ao elegante revelar do colo, é um regalo para a vista. Bem-hajam, que nós estaremos cá para apreciar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A VIDA PRESA POR UM FIO

Estou sem internet. Sinto-me completamente fodido. Nunca na vida pensei poder vir a estar, literalmente, preso por um fio. Serve este estúpido momento para saber com quem posso contar. Sendo eu um tradicionalista, não admira que confirme a sábia conclusão de que só podemos contar com os mais antigos: escrevo este postal de aviso à navegação em casa da minha boa e velha amiga, e vizinha, Inês C. P.

LIVRO PARA HOJE (34)

A Filosofia da Saudade, António Braz Teixeira, edição QuidNovi, colecção QuidNovi Ensaio, Matosinhos, Outubro de 2006.

FILOSOFIA PARA HOJE E SEMPRE

Saudade.

SENTIMENTO PARA HOJE E SEMPRE (1)

Saudade.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

À MARIA

«She», Elvis Costello.

RENASCIMENTO EM FLOR

É bom ver a Rosa regressada à sua casa de sempre, e logo com um grande som e belíssimas imagens em movimento, com este video-clip. O Blog de Cheiros foi dos primeiros blogues que descobri — faz agora um ano (eis a prova) —, e deu-me, de imediato, energia para prosseguir nesta minha, então recém-nascida, caminhada; pois, ao vê-lo, senti uma lufada de ar fresco, que me encheu os pulmões de ar puro. Por tudo isto, para a Rosa, fica aqui um renovado beijo eterno.

CAUSAS PELAS QUAIS VALE A PENA CONTINUAR A LUTAR

Publico aqui este texto, recebido por e-mail, devido ao seu elevado interesse:
A DIFERENÇA ENTRE UM DIREITO E UM BEBÉ
João César das Neves
professor universitário
naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Há uma semana, no dia 11, passou o aniversário do referendo ao aborto. Como se esperava retomou-se um pouco o debate acalorado de há um ano, com opiniões, números, críticas. Mas em geral passou despercebida a grande diferença actual entre os dois campos.
Após apenas 12 meses as organizações pelo "sim" desapareceram quase por completo. Aliás nunca foram muitas, pois o campo era liderados por partidos. Essa ausência parece natural. Ganharam, mudaram a lei, descansam.
E não estão ociosas. Vamos vê-las em futuras lutas, da eutanásia e procriação assistida ao casamento de homossexuais. Mas aborto é tema passado.
Do lado do "não", pelo contrário, um ano após a derrota de 2007 e dez após a vitória de 1998, a actividade é mais intensa que nunca, com novos dinamismos e instituições. Os jornais não ligam muito e o Estado, que financia largamente o aborto, pouco ajuda estas organizações de apoio. Mas os movimentos pela vida mostram tal exuberância e dinamismo que até parece terem ganho.
Esta diferença entre os grupos tem uma razão profunda, que vem da própria disparidade original das duas linhas sociais. A aparente simetria, motivada pela dicotomia da resposta a sufragar, sempre escondeu uma enorme incongruência de lógica e finalidade. A distinção agora visível podia ser intuída até antes do referendo.
As forças a favor da liberalização do aborto tinham uma atitude eminentemente legal e regulamentar. O propósito era garantir o que consideravam um direito e lutar pela mudança da lei. Uma vez obtida a alteração legislativa, não havia mais assunto e partiam para outras causas.
Pelo contrário, as forças pela vida tiveram sempre como propósito declarado as pessoas reais e concretas. O combate político foi importante mas, para lá das lutas sobre diplomas e estatutos, dedicaram-se desde o princípio a organizar casas de acolhimento, serviços de orientação, instituições de apoio a grávidas, mães e crianças.
A defesa da vida não se faz, antes de mais, no papel mas na vida.
Isto não é um insulto ao lado do "sim", mas constatação factual. Esses movimentos limitam--se a seguir a orientação tradicional da sua linha ideológica, com antiga e elaborada justificação teórica.
A abordagem de fundo da esquerda em geral, e da variante marxista em particular, sempre foi melhorar a vida das pessoas através da revolução das instituições. O propósito meritório é o mesmo dos movimentos virtuosos de todos os tempos, mas com meios radicalmente novos. Usando análise científica, acredita-se na construção da estrutura ideal da sociedade, que resolverá todos os problemas.
As versões mais extremas e ingénuas da escola de Marx estão abandonadas.
No original bastava o proletariado tomar o poder nas instituições sem classes da sociedade socialista para vir o paraíso terreal. Hoje esse sonho está esquecido no limbo dos mitos românticos da História.
Mas a lógica básica do raciocínio mantém-se viva nas novas encarnações da ideologia. Os movimentos do aborto, como os ecologistas, sindicatos e partidos, têm a sua fé posta em leis, contratos, regras e regulamentos. Sempre nos mecanismos, nunca nas pessoas.
As forças de esquerda sempre acharam que não se deve dar esmola porque isso só atrasa a revolução. Esta é a diferença entre a preocupação marxista com os proletários e a caridade cristã com os pobres.
O instrumento progressista sempre foi organizativo, não pessoal. Confia-se em leis e mecanismos sociais, não em amor, honra, heroísmo, génio. As pessoas são meras peças no grande maquinismo comunitário.
O comunista ama a humanidade, o cristão ama o próximo.
Para as forças do "sim" o sofrimento das mulheres era argumento para mudar a lei, o que eliminaria o dito sofrimento. Para as forças do "não" é algo que tem nome, morada e pede ajuda.
Aliás, a diferença na formulação corrente dos propósitos indica isso mesmo. O "sim" é a favor da escolha, um conceito moral, filosófico, enquanto o "não" é pela vida, um assunto biológico, animal. É a mesma diferença que existe entre um direito e um bebé.
João César das Neves

ESCRITOR PARA HOJE (3)

POSTAL MINIMALISTA REPETITIVO II

John Cage, Karlheinz Stochausen, Steve Reich, Steve Reich, Karlheinz Stochausen, John Cage, John Cage, Karlheinz Stochausen, Steve Reich.

BOA ONDA

Gosto da Curiosa bem-disposta. Assim, sim. Beijos para Ti.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

REPOUSAR OS OLHOS

Com três estetas, e caros amigos e colegas da Arte da Fotografia: Luísa Ferreira, Eurico Lino do Vale e Carlos M. Fernandes.

SATISFAÇÃO

«Satisfaction».

Björk e PJ Harvey interpretam aqui — de forma sensualíssima, como só as mulheres sabem fazer — o clássico tema dos The Rolling Stones.

E esta vai toda para a Catarina N., que, com essa miúda, como esta noite bem se viu, e sentiu na pele, há sempre satisfação para todos os que a rodeiam.

ACTUALIZAÇÃO MUSICAL II

Ed Banger Records Volume 2.

Aos dois DJs desta madrugada, pelas dicas futuristas de final de noite, e por nos terem conduzido numa fantástica viagem aos saudosos anos 80.

ACTUALIZAÇÃO MUSICAL I

«Frau», Boys Noize.

Ao Z. e à L., pelas dicas musicais do início da noite, e porque ficam bem juntos.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

SUGESTÃO DE FIM-DE-SEMANA

Usem e abusem das ligações que acabei de introduzir na coluna da direita, que eu vou ali à festa do ano e já venho. Caso amanhã esteja apto, passo aqui, para escrever uns postais, ou acoli, para mandar umas postas. Não se esqueçam de aprender qualquer coisinha, e... — have fun!

O CANDIDATO DA SOCIEDADE DO ESPECTÁCULO

Explicado aos pequeninos. Leitura desaconselhável aos que papagueiam os clichés do politicamente correcto.

DESTA É QUE É!

Também eu gostava mesmo de fazer estes programas. Bute lá, Valeriana Impaciente?

DEVER DE MEMÓRIA V

VERDADE SEJA DITA E REPETIDA

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ÀS DIREITAS

Nos tempos em que vivemos actualmente, uma pessoa que afirma não ser de esquerda nem de direita é, claramente, uma pessoa de direita. Há, contudo, três hipóteses para o fazer: por receio da ditadura cultural de esquerda; devido a um sólido conhecimento da História e à respectiva consciência político-doutrinária assim propiciada; ou, simplesmente, porque ainda não descobriu que é de direita.

«COMPREENDO E PRETENDO CONTINUAR»

Cena de Femme Fatale (E. U. A./França/Alemanha, 2002),
de Brian De Palma.

A loirinha Rebecca Romijn faz um sexy striptease, e põe dois homens malucos, e a andar à pancada por sua causa, e há sexo com o vencedor, e isto tudo em italiano é um delírio completo.

DOUCE FRANCE (1)

«Je T'Aime... Moi Non Plus», Jane Birkin e Serge Gainsbourg.

Sempre me quis parecer que Serge Gainsbourg pretendeu homenagear, cantando, com este seu tema de 1968, as mulheres e la petite mort.

LIVRO PARA HOJE (33)

A Cidade e as Serras, Eça de Queiroz.
Qualquer edição serve, que os livros certos, no momento certo, são para se ler, primeiro, e só depois coleccionar. De seguida, rumo a Serpa, para visitar o meu bom e velho amigo António, esse Jacinto dos tempos de hoje. Essa é que é essa.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

FILMES QUE FICAM NA RETINA E NA ALMA

À Nos Amours (França, 1983), de Maurice Pialat,
com Sandrine Bonnaire.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

DO MELHOR QUE HÁ!

Estava eu hoje tranquilo numa esplanada, no meu remanso pós-prandial, tomando café e fumando uma cigarrilha, e lendo o meu digestivo livrinho do Miguel Esteves Cardoso, quando presenciei uma genial tirada de um jovem rapaz. Numa mesa próxima, mãe e filha. A primeira, com uma jovialidade requintada de bonita mulher madura; a segunda, jovem rapariga em flor, de uma frescura eufórica. Esta última, a filha, agitava-se na cadeira, mexia no cabelo, e lançava olhares — tão insinuantes, quão irritantes — a dois rapazes, da mesma idade, que se encontravam numa mesa mais além. Um deles, olhou-a nos olhos, e disparou em voz alta, mas em tom educado: «— Ó convencida!... A tua mãe é mais gira do que tu...!». Contive-me, para não lançar uma gargalhada. Limitei-me a trocar um respeitoso sorriso com a mãe. É bom saber que ainda há humor inteligente em Portugal.

DE HOMEM PARA HOMEM — V

Para contrabalançar o excesso de mulherio que por aqui anda, indico, de seguida, três grandes amigos meus presentes na blogosfera. Homens à antiga portuguesa, ainda para mais, e todos de nome Duarte: Duarte Nunes de Almeida, Duarte Barrilaro Ruas e Duarte Branquinho.

QUANDO FOR GRANDE

Quero fazer um filme nocturno e poético dedicado a Lisboa. Até lá, faço este blogue; e, já não é mau.

DIZEM

Que dou muita importância às mulheres. Cheira-me mas é que os que dizem isso gostariam que as mulheres lhes dessem importância a eles. Talvez tenham, na próxima encarnação, a sorte que secretamente desejam para si, se aprenderem alguma coisa nesta vida, e não forem invejosos.

CARAMBA! ISTO É MUITO BOM!

Através do My Shelf and I, da Rosa, descobri Um Amor Atrevido, da Sofia. Esta é, simplesmente, a melhor prosadora da blogosfera portuguesa. Tenho dito.

CLARO — ESCURO

O mundo divide-se hoje entre os que lêem blogues e os que não os lêem, sendo esta divisão marcadamente profunda. Profundamente marcante será no futuro a divisão entre aqueles que têm blogues e aqueloutros que não os têm. Ah pois!

CAMPO — CONTRA-CAMPO

Falei ontem, com dois amigos, separadamente, sobre um acontecimento que todos os três, e mais outros tantos, vivemos há largos anos. O primeiro, referiu-me uma série de pessoas envolvidas e relatou-me, com detalhes, várias peripécias; curiosamente, o segundo, sem saber da anterior conversa, nomeou apenas os restantes intervenientes e referiu pormenores diferentes. Sempre achei deliciosa esta desmultiplicação de uma acção através dos olhares de diversos pontos-de-vista. Em colando as peças, temos uma visão completa, e surpreendente, dos factos. Foi isso que Orson Welles fez em Citizen Kane.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

E OS ANOS 80 JÁ NÃO VOLTAM MAIS?... EU GOSTAVA...!

David Lynch e Isabella Rossellini
fotografados por Helmut Newton.

REALIZADOR PARA HOJE (1)

Jim Jarmusch.

ESCRITOR PARA HOJE (2)

Miguel Esteves Cardoso.

DA ALMA DAS IMAGENS E DAS IMAGENS NA ALMA

A pedido de uma grande amiga de sempre — a Catarina N., de que falei neste postal —, andei a remexer, nos meus «arquivos fotográficos privados», em velhas imagens do ano de 1988. E, subitamente, fui possuído por uma doce nostalgia de melancólica independência.

AUSENTE

Estou longe de mim. Tudo o que eu fui
Erra no tempo. Amei e fecundei.
Certo jardim, à tarde, onde passei,
Em cor e olor minha alma restitui.

Eis-me no ocaso. A luz evoca e aflui
P'ra além de mim. E, príncipe, reinei...
Doido, hoje sirvo o imaginário rei.
Sou a saudade — a onda que reflui.

Curvo o olhar sobre mim e não me avisto.
Falo d'além: voz de eco e longe; ausente,
Crucifiquei-me em sombra, vivo em Cristo.

É noite e sangro, o sangue em mim se exalta;
Ressurjo... luar... eu-próprio, frente a frente,
Tocou-me Deus: a Ausência é a cruz mais alta!

MÁRIO BEIRÃO
(1890 — 1965)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

NÃO DEIXES PARA DEPOIS O QUE PODES FAZER AMANHÃ

Depois de ler este lindíssimo postal do Bic Laranja (com imensas hiperligações que devem ser exploradas) fiquei cheiínho de vontade de lá ir. Cheira-me que é desta que vou voltar ao meu querido Miradouro e Jardim de São Pedro de Alcântara.

A LUTA CONTINUA

Faz hoje um ano que o aborto foi aprovado nas urnas (esta palavra fica aqui a matar). Como me mete nojo falar deste assunto, indico, aos meus leitores, as certeiras palavras de Jorge Ferreira.

TIRO AOS PATOS

Paulo Cunha Porto põe José Pacheco Pereira no lugar. Pois é...!, é que o mal de certos republicanos — neste caso, até lamento, pois trata-se de um homem culto — consiste em confundirem — por ignorância, uns; por má-fé, outros — os monárquicos com uma meia-dúzia de imbecis apatetados arvorados em fidalgos: estes, serão republicanos coroados; mas, monárquicos não. Depois, quando lhes sai um verdadeiro — e, ainda para mais, do finíssimo calibre do Paulo —, são corridos em pêlo!... Uma peninha...!

SINAIS DOS TEMPOS

Alertam-me, com alguma preocupação, para o facto material de a marca de posse — carimbo, com o meu nome completo, como consta no B. I. da R. P. —, que aplico em todos os meus livros, «desvalorizar» os volumes. O parecer técnico é, certamente, bem verdadeiro, e bem intencionado; porém, não tendo eu os livros para os vender mas sim para os ler, conservar religiosamente e deixar aos meus descendentes, não vislumbro razão para ficar inquieto. Antes pelo contrário, pois todos ficarão a saber a quem pertenceram e de onde vieram, facilitando, assim, a vida aos vindouros. Contudo, tenho a clara noção de que, nestes tempos ferozmente individualistas, isto soa a excentricidade: pensar nos outros (ainda para mais, em alguns que ainda nem nasceram...) é uma tolice.

DA IMAGEM EM MOVIMENTO E DO SOM

Três caros colegas meus, da imagem em movimento e do som, e, agora, também, da blogosfera: Edgar Pêra, José Pinheiro e Pedro Sena Nunes.

CIDADE PARA HOJE (1)

Londres.

BOAS RECORDAÇÕES

Manhãs no Camden Market e tardes no Everyman Cinema.

EPÍGRAFE

Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...

EUGÉNIO DE CASTRO
(1869 — 1944)

domingo, 10 de fevereiro de 2008

PAISAGEM PARA HOJE (6)

Galiza.

LIVRO PARA HOJE (32)

Simbolismo, Saudosismo e Modernismo — Antologia de Poesia Portuguesa do Século XX, introdução e selecção de Fernando Guimarães, edição Quasi Edições, Vila Nova de Famalicão, 2001.

DO FUTURO

«Just Another Day», Brian Eno.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

AFORISMO DO DIA

A modernidade é aquela parte da moda que permanece depois de ter sido passada pelo sábio crivo da tradição.

LEITURA EM DIA

Hoje, em treze postais seguidos, André Azevedo Alves faz uma recensão do que de mais importante aconteceu na actualidade nacional e estrangeira. Questões estas que certamente perdurarão após a espuma dos dias. Notícias que interessam, portanto, e não jornalismo-faz-de-conta para vender papel.

UM CASO SÉRIO

BOM DIA (28)

«The Girl From Ipanema», Frank Sinatra e Tom Jobim.

Interpretam aqui a versão inglesa escrita por Norman Gimbel a partir do tema original de Vinícius de Moraes e do próprio António Carlos Jobim.

POR UMA QUESTÃO DE OBRIGAÇÃO

Volta e meia vou ao Filipa marcar o ponto.

POR UMA QUESTÃO DE ORIENTAÇÃO

Gosto de ler a «Ficha do Dia», de cada dia, do Jorge Ferreira.

FALTA-ME ALGO...

... E acho que não vou conseguir adormecer sem me aparecer...
Vou para ali ler, e vamos lá a ver se ouço o «gong» (única vantagem dessa ferramenta infantil, chamada messenger, que reduzi à função de aviso sonoro de mails).

GRAÇAS A DEUS!

Chamaram-me a atenção — «em off» — para o facto de eu ter aqui ligações muito diferentes. É verdade. Tento sempre conhecer o melhor de cada «género», se é que cabem em compartimentos estanques os pessoalíssimos blogues que leio diariamente. Lamento, mas, desalinhado que sou, também não sou de alinhar em grupos, que é como quem diz: não vou em grupes.

LIVRO PARA HOJE (31)

Os Pré-Rafaelitas — Antologia Poética, selecção, prefácios e tradução de Helena Barbas, edição Assírio & Alvim, Lisboa, 2005.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

POUR SERVIR DE PENDANT

Les Fleurs du Mal e Le Spleen de Paris, de Charles Baudelaire.
Adquiri hoje mais uma edição da referida segunda obra: O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa), Charles Baudelaire, tradução, prefácio e apêndice de Jorge Fazenda Lourenço, edição Relógio D'Água Editores, colecção Biblioteca Editores Independente, n.º 25, Lisboa, Novembro de 2007. Uma apetitosa pérola que descobri na luminosa livraria Pó dos Livros. Mania esta minha de comprar sempre os mesmos livros. Devo perder imensas novidades de escaparate... — o que é uma pena!...
Dá-me ideia que este precioso volume ficaria a matar naquela pessoalíssima estante, se é que não canta já por lá.

NENHUMA PERGUNTA FICARÁ SEM RESPOSTA

Perguntam-me por que razão não publico eu aqui fotografias da minha autoria, não sendo eu representado por nenhuma galeria neste momento. A resposta é simples: este blogue não é um blogue de fotografia. Para esse efeito surgirá em breve um site pessoal com o objectivo único de mostrar a minha criação em vídeo e fotografia. Lá serão publicados os vídeos que realizei desde 1987 e as fotografias que fiz desde 1997, independentemente de já terem sido exibidos e expostas. A partir desse sítio levantarei também o véu sobre os projectos que estou a desenvolver actualmente na área do vídeo e da fotografia, e que serão apresentados ainda este ano em local a anunciar. Obrigado a todos os que perguntaram, pelo interesse demonstrado.

LIVRO PARA HOJE (30)

Jardins et Routes — Pages de Journal, 1939-1940, Ernst Jünger, tradução do alemão para o francês de Maurice Betz, Librairie Plon, Paris, 1942.
Fui buscá-lo à estante depois da visita diária ao notável blogue Terres de Femmes de Angèle Paoli.

MODERNA LIBERDADE

A sociedade moderna diz ao seu pacato e papalvo cidadão-criança quando, onde, quem, e o que é que deve comer, beber e fumar. E ainda explica porquê. Aguardo a todo o momento que me indique as posições sexuais que devo adoptar, sob pena de eu depois ter de pagar multa.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

POR TODAS AS RAZÕES E MAIS UMA

Brigitte Bardot e Jane Birkin
em Don Juan (França, 1973 ) de Roger Vadim.
Porque sou mais de Cinema Europeu (sem dogmatismos, no entanto), porque gosto desta imagem (e desta ideia, e deste filme, e da personagem masculina que lhe serve de leitmotiv), e porque estou solidário com o blogue E Deus Criou a Mulher (... vamos lá a ver se também me denunciam...).

MAS QUE MUNDO É ESTE?!

O requintado e belíssimo blogue E Deus Criou a Mulher foi denunciado ao Blogger devido aos seus conteúdos (cliquem aqui ou na coluna das ligações — ... não dá para acreditar!). Que o mau gosto era a norma estética destes tempos modernaços já se sabia, mas que os bufos andavam tão activos é que eu desconhecia. E diziam do «fássismo»... — Puta que os pariu!

A FÓRMULA SIMPLES DO SUCESSO DO CINEMA POPULAR AMERICANO

Inventar e contar uma história em três andamentos: primeiro, arrepiar, para confortar depois — tranquilizando; de seguida, fingir que está «tudo bem», e que assim vai acabar — em beleza; subitamente, assustar de novo, para finalmente animar — encantando.
Este esquema pavloviano é extremamente eficaz para públicos infantis, ou para infantilizar os públicos populares. Hollywood lá o vai aplicando com sucesso, e é disso que o povo gosta.

DESCOBERTA BLOGOSFÉRICA DO DIA

Ei-la. Convém, no entanto, recordar o seguinte: mulheres que lêem são perigosas. Portanto, tende cuidado.

UMA MULHER QUE PERCEBE OS HOMENS (PUDERA: É A PORTUGUESA VIVA MAIS INTELIGENTE)

Meu avô Teixeira era perdulário, valente, amava as mulheres, o que é mais do que as desejar. Tinha por elas um respeito gracioso e sem adulação. Elas adoravam-no e faziam bem. Que há poucos homens que saibam amar as mulheres e merecê-las.
(...) meu tio António ia para lá gastar o ordenado de engenheiro. Jogava mal e, em contrapartida, as mulheres adoravam-no. Percebo porquê: era culto e desprendido de tudo, de dinheiro e de destino. Viajava muito, era estrangeirado e achava Portugal uma terra de tolos que faziam um sobretudo para estarem em casa no Inverno. Nunca fez fortuna e tinha um toque de loucura serena que deixava supor qualquer talento desconhecido.
Agustina Bessa-Luís

SÃO VOLTAS E VOLTAS...

A propósito da abaixo falada consulta dos arquivos, que tinha como leitmotiv viagens temporais de exactamente um ano, fui dar ao mês de Fevereiro de 2007. E, assim sendo, dei de caras com este pretérito postal, da época em que eu ainda estava muito verdinho nestas coisas da blogosfera. A conclusão prática desta incursão é a seguinte: a Quinta do Sargaçal vai já ali parar à coluna das ligações permanentes cá da casa.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

NOVAS SENSAÇÕES

Uma sensação nova que estou a experimentar no blogue, de há uns dias para cá, e que está relacionada com o facto de o mesmo ter entrado no segundo ano de vida, é a agradável possibilidade de verificar o que escrevi no ano anterior na mesma data. Manias muito minhas, que me deliciam particularmente, e que já praticava com agendas e diários em papel. Se quiserem, também podem experimentar, consultando os arquivos cá da casa, e pode ser que descubram alguma coisa interessante, ou importante — o que é ainda melhor.

CAVALHEIRESCO LEMBRETE

O Pedro Guedes arranjou uma simpática maneira de me lembrar que está na hora de eu escrever mais um artigo para a Alameda Digital, que ele dirige exemplarmente. É para já, e é com todo o gosto.

UMA NOTÍCIA BOA DA MINHA QUERIDA LISBOA

O Jardim de São Pedro de Alcântara (Jardim António Nobre) já reabriu ao público, após as habituais «obras de Santa Engrácia». Apesar de tudo, mais vale tarde do que nunca. No meu périplo por livreiros e alfarrabistas, hei-de lá ir espreitá-lo. Tenho tido saudades dele.

400 GOLPES

Bem sei que era Carnaval, e o povo andava distraído, mas as declarações que o General Garcia Leando fez, a um semanário e a uma televisão, não podem passar despercebidas. Em boa hora o Miguel Castelo-Branco as recorda, enquadrando-as, no seu Combustões.
Talvez por ter sempre preferido os textos messiânicos do Padre António Vieira aos seus Sermões, igualmente brilhantes, desenvolvi uma especial atenção às palavras que me parecem ir além da mera espuma dos dias. Estas, deste nosso General, fazem claramente parte dessa categoria. Serve aqui como mote o facto de se assinalarem hoje 400 anos sobre o nascimento do Padre António Vieira.

PINTORA PARA HOJE (1)

Josefa de Óbidos.

DISCO PARA HOJE (18)

O Espírito da Paz, Madredeus.

LIVRO PARA HOJE (29)

História do Futuro, Padre António Vieira.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

NOTÍCIAS QUE DOU COM GOSTO

Em tempos, disse aqui eu que as duas necessidades básicas de um homem culto eram uma biblioteca e um jardim. Pelos vistos, para uma senhora culta também. A Rosa, após nos ter encantado durante dois anos e meio com o seu paradisíaco jardim no magnífico Blog de Cheiros, regressa agora com a sua biblioteca em My Shelf and I. Por mim, estarei lá caído todos os santos dias.

ESTADO DE ALMA

Não é bonito vir para aqui expor as vísceras. Porém, aviso já que é por ver o meu Pai morrer um bocadinho dia após dia que ainda cá ando. Parece contraditório, mas eu explico. Sei que ele, se pudesse, me leria, e divulgaria com entusiasmo, entre os seus amigos, este meu cantinho. Além disso, ensinou-me que se leva tudo até ao fim. Assim, enquanto ele estiver neste mundo: o blogue não pára. Deus me ajude!

A LUCIDEZ DE UMA SENHORA DA ALBION

Ora aí está uma inglesa que diz o que há a dizer sobre a estranha relação dos portugueses com o tempo (no sentido de clima, que, quanto ao outro, o caso ainda é mais bicudo). Aproveito para saudar artisticamente a Lucy Pepper — que não tenho a honra de conhecer pessoalmente — pelas suas brilhantes ilustrações.
Nota: Tomei contacto com o apontado excerto do texto via André Azevedo Alves, a quem agradeço mais esta excelente indicação.

A VIDA É LIXADA E DEPOIS MORRE-SE

Tenho tido ultimamente a triste sina de pessoas a quem tudo dou e para quem estou inteiramente disponível a toda e qualquer hora da noite e do dia dentro das minhas conhecidas limitações me dirigirem por escrito as mais desagradáveis e injustras palavras em momentos inesperados e inoportunos. Há coisas fodidas, não há?
— Não me lixem!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

FINITO

Termina hoje um blogue de finíssimo recorte literário, que era bem o espelho de um cavalheiro de vasta erudição e sólida cultura clássica. Assinava Je Maintiendrai, e sobre este mote muita coisa haveria a discorrer. Não sei de quem se trata. Certo é que daqueles já não se fazem. O rico arquivo, impresso em letra de forma e em bom papel, e reguardado por belas encadernações, deveria passar a constar das melhores bibliotecas privadas e públicas deste enevoado Portugal. Imprima-se. E leia-se!

OUTUBRO EM FEVEREIRO

«October», Evanescence.

CAMINHO (III)

III

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:
Enrijou a coragem fatigada...
Eis os nossos bordões da caminhada,
Vai já rompendo o sol: vamos embora.

Este vinho, mais virgem do que a aurora,
Tão virgem não o temos na jornada...
Enchamos as cabaças: pela estrada,
Daqui inda este néctar avigora!...

Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho,
Eu quero arrostar só todo o caminho,
Eu posso resistir à grande calma!...

Deixai-me chorar mais e beber mais,
Perseguir doidamente os meus ideais,
E ter fé e sonhar — encher a alma.

CAMILO PESSANHA
(1867 — 1926)

CAMINHO (II)

II

Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu sei.
— Bom dia, companheiro — te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho.

É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda onde poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.

É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto

Que chorámos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos de beber do mesmo pranto.

CAMILO PESSANHA
(1867 — 1926)

VIAJANTE PARA HOJE (1)

Sempre com o Japão em mente.

POETA PARA HOJE (3)

PREENCHENDO AS ESTANTES

Acrescentei ali à direita mais dois ou três lugares de leitura, com um de pura contemplação à mistura, porque isto sem boa prosa, e muita poesia, não vai lá.

TELEVISÃO QUE SE PODE E DEVE VER

domingo, 3 de fevereiro de 2008

INAUGURAÇÃO

Estreio aqui hoje o novo cabeçalho. Recebi-o, como presente de 1.º ano de vida do blogue, das mãos da Pessoa mais fascinante que conheci através da blogosfera. Tem também um inexplicável sabor de herança. Deus queira, dando-me ânimo para continuar a aprender todos os dias, que eu possa estar à sua altura. A fim de melhor ensinar. Eternamente saudoso do futuro, envio um beijo, do fundo do coração, à minha queridíssima — criadora e inspiradora — Amiga.

FAR-ME-Á MUITÍSSIMA FALTA

Parte de mim morre com o fim deste blogue.

NO CARNAVAL PAGÃO SEREI SEMPRE GÓTICO

«Vampiria», Moonspell.

Descobri no You Tube este extraordinário video-clip, de um poderoso tema da excelente banda portuguesa Moonspell, com imagens de uma obra-prima do Cinema Mudo — Nosferatu (Alemanha, 1922), de Friedrich Wilhelm Murnau, que é um dos filmes da minha vida. Cheira-me que a coisa não é oficial, mas é genial! Aqui fica, em memória das inesquecíveis noites que passei no Fantasporto. Fiquem bem.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

SENTIDO DA VIDA

«Nothing Else Matters», Metallica.

Desesperadamente romântico até ao fim do mundo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

JARDIM PARA HOJE (2)

Jardim do Palácio do Marquês de Pombal e Conde de Oeiras.
Porque se sente aí o espírito do tempo desse século XVIII onde Portugal atingiu o seu auge estético e político com D. João V.

DIA DE LUTO NACIONAL

Há exactamente 100 anos, assassinaram o Chefe de Estado — S. M. F. El-Rei Dom Carlos I — de Portugal, e o seu filho — Príncipe Real Dom Luís Filipe. Não escrevo. Nem trabalho. Vou passear ao sol, apanhar ar, e ver as vistas. São as únicas coisas que ainda se aproveitam, neste triste e miserável país.
Post Scriptum: Deus não dorme, e fez questão de nos dar um dia cinzento, à medida do luto carregado. Para que ninguém esqueça.