quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

NOVES FORA, NADA?

Será que os descendentes dos que fundaram Portugal e dos que o fizeram crescer ao longo de novecentos anos durante trinta gerações a fio vão assistir impávidos e serenos ao País a ser afundado? Eu, não. Não me conformo, nem me calo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

MILAGRES DA CRISE

Tive hoje que recorrer a dois serviços públicos. Preparei-me mentalmente para enfrentar os habituais funcionários antipáticos e incompetentes. Para meu espanto, fui atendido por duas funcionárias simpáticas e eficientes. Portugal estará a mudar? Cheira-me que a sombra do desemprego faz alguns trabalharem mais e melhor. Antes assim.

OS MEUS QUADRANTES — IV

Do simbolismo de Nobre ao modernismo de Sá-Carneiro.

OS MEUS QUADRANTES — III

Do romantismo de Garrett ao saudosismo de Lopes Vieira.

OS MEUS QUADRANTES — II

Do fogo vital de Camões à espiritualidade etérea de Pascoaes.

OS MEUS QUADRANTES — I

Do fascínio aquático de Pessoa ao apelo telúrico de Régio.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 5
Já aqui escrevi sobre quotidiano, como prometido, e penso ter usado q.b. de ironia, outra parte da promessa. Faltava a pitada de monarquia, e aqui está ela.
Deixei de contar as vezes que tentei escrever sobre o assunto, não por coincidência em número igual às desistências. Agora, disse a um amigo que tentaria deixar a alma falar, mas para isso é preciso que haja intérprete à altura. Os dedos e a mente podem não saber traduzir.
Um grande amigo, a propósito dos indissociáveis integralismo e monarquia, afirma que ele acordou com um duche, frio, enquanto eu tive direito a banho de imersão.
É verdade, mas é mais do que isso. A monarquia está entranhada de tal forma que faz parte de todo o meu ser. Entranhada naquilo que fui, sou e serei. Gravada nas curvas de nível imutáveis das minhas impressões digitais.
Tenho por isso enorme dificuldade em perceber a relutância de certas pessoas pela monarquia, quando ela me é tão natural e instintiva como respirar e amar.
Podia invocar argumentos políticos, económicos, culturais, que os há, até todos, mas comigo não é assim. Há quem lá chegue pela lógica, pela economia, pela tradição, pela razão. Posso também ir por aí, mas a razão é de outro teor, para mim mais funda, para outros, se calhar, incompreensível ou fútil: tem a ver com sentimentos, com afectos.
Um presidente não é meu. Ninguém diz o “meu” presidente. Nem os que nele votaram. Nem sequer dizem o “nosso” presidente. De facto, há apenas aquele momento em que votam, e imediatamente se desapegam. Não têm, nem sentem, qualquer especial ligação à pessoa.
As formas dos pronomes possessivos não querem nada com um presidente. Com o Rei sim. O Rei anda de mão dada com os pronomes possessivos. O Rei é meu, teu, seu, nosso, vosso e seu.
Ele é o país, a História, um povo, nós. Nós também o somos com ele, como foram os nossos avós e serão os nossos filhos, porque a aliança é inquebrável.
Quero acabar com este pesadelo. Quero um país de pessoas e de comunidades com voz. Quero um Rei. De preferência para ontem.
(Consegui desta?)

Leonor Martins de Carvalho

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

EIS UM BLOGUE DE UMA VERDADEIRA PORTUGUESA

Ego Quoque, de Leonor Raposo.

PARA ACABAR DE VEZ COM OS CRIMES CONTRA O PATRIMÓNIO

EIS UM BLOGUE DE UM VERDADEIRO PORTUGUÊS

Lourenço de Almada, de Lourenço de Almada.

110 SEGUIDORES

Agradeço, a todos e a cada um, o interesse revelado pelo blogue Eternas Saudades do Futuro.

PORQUE JÁ CHEIRA A PRIMAVERA

Monica Bellucci

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PERGUNTA POLITICAMENTE INCORRECTA

Quase trinta anos depois, gostaria de saber se já são conhecidos todos os efeitos das duas explosões que destruíram um reactor nuclear da central de Chernobil, na Ucrânia, em plena União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Refiro-me, especialmente, além das mortes causadas directamente pelas explosões e pela contaminação por radiações que se seguiu, às consequências provocadas, ao longo de todos estes anos, pela nuvem radioactiva, composta por muitas toneladas de material radioactivo expelido para a atmosfera terrestre, que sobrevoou toda a Europa. Portanto, pergunto directamente:
— Até agora, por culpa de Chernobil, quantas mortes por cancro foram causadas pela precipitação radioactiva?

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ARQUIVAR PARA RECORDAR E RECORDAR PARA VIVER

A coisa que mais aprecio no blogue é o seu sistema de arquivamento mensal. Tenho sempre a sensação de que tudo o que aqui escrevo será guardado com o objectivo de poder vir a ser relido no momento mais apropriado. Saiba o bom-senso deixar as memórias transformarem-se em suaves recordações para depois podermos usufruir delas no tempo certo. É como o acto de ir à garrafeira buscar o vinho indicado para aquele dia em especial.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

DA TERTÚLIA GASTRONÓMICO-CULTURAL DAS QUINTAS-FEIRAS

Na sequência do último almoço dos Jovens do Restelo saiu, como é hábito, mais um desafio. Convido os leitores do Eternas Saudades do Futuro a visitarem o referido blogue e a participarem no tal concurso.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 4
Quando se diz que uma carteira de senhora não tem fundo, é porque cabe lá tudo, sendo exactamente esse o problema. A verdade é que todas têm fundo, mesmo esta, mas não há maneira de conseguir encontrar o tal texto que tinha começado. O truque é não insistir numa procura específica. Um dia o acaso trará à tona o que quero. Assim, surgiu qualquer coisa com uma pitada de crise.
De há uns tempos a esta parte que vimos ouvindo dia sim, dia não, sermões admoestadores de um senhor Silva e de muitas outras réplicas do senhor Silva, economistas na sua maioria, sobre como os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades.
Confesso que não me tinha apercebido desse facto, e dediquei-me de coração a elaborar um estudo aprofundado sobre o assunto na parte que me diz respeito.
Os senhores Silvas até parecem videntes e deviam concorrer com os inúmeros professores de nomes vagamente africanos que prometem mil e uma salvações em minúsculos papelinhos que distribuem à porta do metropolitano. Então não é que estava mesmo a viver acima das minhas possibilidades? Esquadrinhando despesa a despesa e saltando convenientemente a linha que continha a palavra tabaco e que até pusera em pé-de-página com letra de apólice de seguro, apercebi-me que, de facto, uma determinada área da minha vida saltava à vista desarmada, em letras grandes e florescentes, como problemática: o almoço.
Almoçar fora todos os dias gastando uma média de 8 € era sem dúvida viver acima das minhas possibilidades, e como não queria mais sentir-me incluída nos tais sermões, mudei radicalmente a minha vida, como aquelas mentes que se iluminam pelos discursos inflamados de homens vulgares erigidos a profetas glorificando os seus livros de auto-ajuda agora no topo das vendas das livrarias.
Sendo funcionária pública, retomei o antigo hábito de quando a idade era boa por ser pouca mas rimava com dificuldade: ir à cantina. Nós dizemos ir à cantina, mas na verdade, o nome oficial é refeitório. Palavra comprida demais para frases que se querem curtas no aperto dos horários e cantina até lembra escola.
Aqui perto há dois lugares à escolha, um mais “chique” do que o outro, mas o preço por uma refeição completa é o mesmo, menos de metade do que pagava apenas por um prato!
Um deles é enorme, provavelmente antiga garagem transformada em cantina. Permite um almoço mais sossegado e tem uma outra vantagem: as mesas são para quatro pessoas e as cadeiras, surpresa das surpresas, são uma espécie de baloiços. Não sei descrever à moda de manual técnico, mas em termos simples, são giratórias. Como se fosse um parque infantil à mesa do almoço, uma espécie de presente para os mais velhos, com um certo sabor a brincadeira proibida, lembrando os dias em que seus pais lhes chamavam a atenção “está quieto com a cadeira!”.
Aqui são mais os reformados que vêm, alguns desde muito cedo, sentando-se na sala de entrada à espera de serem os primeiros da fila e adoram ter motivos para chamar a atenção de quem acham que lhes está a passar à frente.
Na cantina chique, mais pequena, as mesas são corridas, há mais gente e, embora também seja frequentada por velhinhos, os mais novos estão aqui em grande número, pelo que o barulho é a condizer.
Antes de ordeira e pacientemente ir para a fila do self-service, compram-se as refeições em máquinas muito evoluídas, com ecrã táctil e uma voz de senhora num metálico irritante a dar ordens: insira o seu cartão, não retire o seu cartão, efectue o pagamento, retire o cartão, retire o troco, retire o recibo. Na cantina grande, as máquinas até têm arrumador. Um senhor que ajuda quem se atrapalha com a máquina diabólica esperando que lhe caia em sorte ou bondade uma moeda.
As funcionárias adoram ser cúmplices e sugerem o que devemos comer com acenos de cabeça, um piscar de olhos ou uma deixa apropriada.
Há os velhinhos que vêm em grupo, normalmente mulheres, antigas professoras aposto, muito bem arranjadas, às vezes até de casacos de peles e maquilhadas, sobretudo muito conversadeiras. Há os que vêm sozinhos e descobrem os outros, e os que vêm sozinhos e não querem mesmo ser descobertos.
Os que vêm de bengala ou canadianas são ajudados pelas funcionárias que lhes levam o tabuleiro até á mesa.
Há quem ache que tem aquele lugar reservado e se sente no lugar ao lado refilando entre dentes o tempo todo, em tentativa de reconquista do lugar adorado pela força da indignação expressa em palavras sussurradas.
Há, descobri hoje quando um senhor desmaiou, muita solidariedade e um conhecimento mútuo mas calado.
A cantina parece um outro mundo, paralelo, com passagem secreta atrás de portas discretas, mas é o nosso mundo. O meu e o vosso.
Deprimente? Nem tanto. É a vida.

Leonor Martins de Carvalho

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

VIDAS E OBRAS DO ROMÂNTICO SÉCULO XIX


Olympia, 1863
ÉDOUARD MANET (1832 — 1883)
Óleo sobre tela, 130,5 x 190 cm

Um olhar de 19 anos — Victorine, modelo e amante do Pintor — desafia o público burguês dos salões, e das salinhas, de Paris. O corpo nu — ou despido —, descontraído mas firme, impõe-se, como centro de uma composição, só aparentemente académica.
Aqui, a novidade encontra-se, duplamente, na forma e no tema. Não é um nu clássico, de uma qualquer odalisca, que vemos. É uma mulher mundana que nos encara. Os acessórios, adereços e figurantes são escolhidos para — por detrás de um aparente naturalismo — nos desassossegarem: as jóias sobre a nua pele branca, a flor no cabelo e as flores oferecidas, os sapatos-de-quarto anunciando o abandono de alcova, e, ainda, as desconcertantes presenças de uma criada africana — num gritante alto-contraste cromático e social — e de um gato preto eriçado — contra todas as convenções da representação dos animais domésticos na História da Pintura, qual figuração diabólica.
Em três palavras: romântico, inovador e provocador. Por outras palavras: eterno.
Confesso que esta tela me veio à cabeça porque tenho andado deliciado a ver uma extraordinária série de ficção que a BBC produziu a propósito do fascinante grupo dos Pré-Rafaelitas e que a RTP 2 exibe nos serões de Segunda-Feira. Estranhas ligações feitas pelo subconsciente. Serve portanto também esta mensagem de lembrete para me obrigar a vir aqui falar sobre a referida série Desperate Romantics. E, já agora, também vou meter a vida e a obra de Charles Dickens ao barulho. Afinal, são tudo coisas com mais ou menos dois séculos de idade e que vieram para ficar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AVISO AOS LEITORES

Pedro Guedes da Silva, veterano bloguista e meu bom amigo, convidado semanal desta casa desde 15 de Fevereiro de 2011, continua impossibitado, por motivos de saúde, de escrever as crónicas para a sua coluna no Eternas Saudades do Futuro. Se tudo correr como previsto, regressará para a semana, ainda a tempo de comemorar um ano do seu «Expresso do Ocidente». Rápidas melhoras e forte abraço!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

UM HERÓI DO PASSADO QUE TEM FUTURO

Henrique de Paiva Couceiro
(30.12.1861 — 11.02.1944)

Acabei agora mesmo, a propósito da efeméride histórica de hoje, de reler, mais uma vez, a biografia de Henrique Paiva Couceiro, escrita por Vasco Pulido Valente.
O autor não resiste a tentar apoucar, aqui e ali, o Herói Português. No entanto, o livrinho tem méritos. A saber: é mais uma achega para a criação de hábitos de leitura na área da arte da biografia; género raro em Portugal, vá-se lá saber porquê — por falta de homens interessantes no nosso passado histórico não será, certamente. Por outro lado, VPV demonstra maus fígados (fruto das libações perigosas?...) na análise que faz de certos episódios da vida e obra de Paiva Couceiro, mas até assim desperta no leitor curiosidade de conhecer o eterno capitão. Falo por mim.
Devo confessar que, estranhamente, na idade do culto dos heróis — nacionais e outros —, sendo eu já monárquico militante, nunca coloquei Paiva Couceiro no meu altar de santos, heróis e sábios. E hoje, na maturidade da meia idade, já sei identificar a causa da coisa: cá para mim, Mouzinho de Albuquerque ocupava, em toda a plenitude, o lugar que outros reservavam a Couceiro. Continuo fiel a Mouzinho, mas este livrinho deu-me uma enorme vontade de partir à (re)descoberta de Henrique de Paiva Couceiro — homem de fé profunda e carácter férreo. Características estas caídas em desuso, e que devem incomodar bastante os intelectuais a que hoje temos direito; os quais, no que diz respeito a consistência de valores e personalidade, são, em geral, pouco mais do que gelatina.
Leia-se, pois.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 3
Estava a escrever um texto e cometi o imperdoável erro de o voltar a pôr na carteira. Quando, a medo mas esperançosa, voltei a lá enfiar a mão para o recuperar, saiu outro. Previsível… Logo por azar, muito feminino.
É linda a calçada portuguesa, pois é. Original e tudo. Very typical, dizem os turistas de fim-de-semana. Só mesmo quem não tem de a calcorrear todos os santos dias. Claro que também gosto, da sua beleza, por ser diferente e até pela cor. Combina com a nossa luz e sobretudo com a de Lisboa. Ao menos temos uns passeios que de cinzentões não têm nada.
Há sempre um “mas” à nossa espera ao virar da esquina, e este vem informar que a calçada tem os seus pequenos senãos. O principal resulta de já não haver calceteiros à altura. Hoje as pedras são postas com pouco cuidado, já não ficam bem juntinhas, e a calçada não é batida convenientemente, porque é preciso despachar a obra, porque há que poupar nas horas de trabalho que são caras, porque a empreitada tem de cumprir o prazo (o tal que nunca é cumprido na mesma) …
Outro grande óbice à sua perfeição é a quantidade de vezes que se abrem buracos num passeio. Nos mesmos sítios. Quando se refaz uma calçada, mesmo se mal feita, está linda, direitinha, os sapatos até pedem para a estrear. Nem uma semana passou e está a empresa do gás a abrir um buraco. Aquelas obras em que para um metro quadrado de área são precisos, no mínimo, uns quatro trabalhadores, um para dar uso à picareta e os outros três para uma espécie de apoio moral, amálgama de ordens, conselhos e palavrões. As suas posições relativas vão alternando consoante o instrumento de trabalho que se segue. Ao fechar-se o buraco, nasce a primeira lomba naquele até então bem nivelado passeio de calçada à portuguesa.
Eis senão quando, a empresa da água lembra-se de um cano que tem de ser substituído precisamente no mesmo metro quadrado. Os trabalhadores não são os mesmos, mas a história é. Vede senhores como a primeira lomba se transforma em duas.
É preciso continuar? Um ano depois, o produto final é uma calçada à portuguesa à moda da Serra da Estrela, com montanhas, picos e vales. Quando chove o postal fica completo com os lagos.
Temos ainda a originalidade de passeios com declive lateral, como nos autódromos, em direcção à rua, perfeitos para testar a aderência das solas.
Finalmente, quando chove, abordar uma descida com mais de 20 graus de inclinação, mesmo nada rara em Lisboa, é suicídio. Parece que alguém concebeu um plano para encher as urgências dos hospitais que devem estar pelas ruas da amargura, essas que não têm passeios com calçada à portuguesa.
Perante este verdadeiro circuito de corta-mato citadino, como é possível a uma mulher que acabou de comprar aqueles sapatos de salto alto de sonho, ter o andar elegante que lhe é prometido em todas as revistas femininas, se o dito salto se enfia precisamente, em cada um dos interstícios das pedras, esvaziados de terra com as primeiras chuvadas? Não há elegância possível em pés que a cada dois segundos se viram lateralmente, em sentidos opostos, proporcionando uma estranha visão de corpo retorcido na quase-queda e novamente retorcido no retomar do equilíbrio, resultando num caminhar a soluços.
Confesso que já caí. Humilhação completa, porque logo olhares trocistas me avaliaram sem hesitar como “aquela que não sabe andar de saltos altos”.
Realmente as mulheres portuguesas são extraordinárias. Caminhar de saltos altos nesta calçada é equivalente ao trilhar de mares desconhecidos pelos navegadores. Se organizarem o campeonato mundial aqui, ganhamos.
O pior inimigo da mulher portuguesa não é, ao contrário do que possa parecer, o homem português. É outra fêmea, também portuguesa: a calçada.

Leonor Martins de Carvalho

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

BLOGUES VERDADEIRAMENTE MONÁRQUICOS (2)

BLOGUES VERDADEIRAMENTE MONÁRQUICOS (1)

AINDA O SENTIDO DA VIDA

Muitos continuam a procurar a felicidade numa caldeirada New Age. E o Catolicismo — este sim Universal — aqui tão perto.

DO SENTIDO DA VIDA

Não nos deixemos iludir com os Direitos do Homem, saibamos cumprir — isso sim — os Deveres do Homem.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DO FUTURO DA NAÇÃO PORTUGUESA


Depois de muitas tentativas de activismo — partidos, movimentos, associações, etc. —, algumas delas com bons resultados registados no combate político e das ideias, todas devedoras — directa ou indirectamente — do Pensamento e da Acção do Integralismo Lusitano, parece-me finalmente estar a surgir uma nova geração de pensadores monárquicos, que, se tudo correr bem, será a dos doutrinadores de amanhã, e insuflará fundamentos teóricos a uma juventude sequiosa de acção — nas escolas, nas universidades, nas empresas —, com vista à futura Restauração. Esta não se limitará a colocar uma coroa na cabeça de alguém, mas irá restaurar os Valores sobre os quais se edificou Portugal, e que estão consagrados por 900 anos de sangue derramado por Deus e pela Pátria; e, mais ainda, terá de refazer uma comunidade tradicional orgânica, apropriada para os dias de hoje, preparada para enfrentar os problemas internos e externos, como Portugal sempre fez, muitas vezes na vanguarda — espiritual, militar, estética, política — do Mundo.
Não se trata, portanto, de mudar apenas de regime, mantendo o sistema. Não. Mude-se, primeiro, o sistema e depois aclame-se o Rei, como a Tradição ensina e sempre foi praticado. As forças vivas da Nação real, reunidas em Cortes (cabe aos pensadores definir exactamente a sua futura composição), traçarão o caminho para o País, pois são as Cortes a mais perfeita expressão total do Estado, isto é, da comunidade nacional orgânica. A saber: das Famílias portuguesas (que constituem a Pátria), das Comunidades locais (organizadas em Províncias e Municípios), da Inteligência (representada pelas Escolas, dos vários tipos e níveis de ensino, e pelas Associações Culturais) e do Trabalho (as Empresas, com patrões e empregados em paridade, e as Associações de Profissionais Independentes); e, por consequência, devem ser as Cortes a definir, em prol do Bem Comum, como sempre fizeram, o rumo da Nação Portuguesa.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ANTES DE RESTAURARMOS A MONARQUIA É NECESSÁRIO REFUNDARMOS A NAÇÃO

Não andando eu com muito tempo, nem pachorra, para escrever sobre certos assuntos, remeto os meus leitores para a seguinte mensagem, do meu confrade e amigo Humberto Nuno de Oliveira, com a qual me identifico totalmente e portanto assino por baixo: «A Minha Razão».

domingo, 5 de fevereiro de 2012

SÉRIE DE PEQUENAS NOTAS DE LEITURA (1)

O Prazer da Leitura, de Marcel Proust, é um livro sobre livros.
Proust parte das sensações propiciadas pela leitura e acaba formulando um elogio dos Clássicos. O autor da monumental obra que inaugura o romance moderno dá-nos a sua pessoalíssima visão da História da Literatura. Tudo isto num delicioso volumezinho que se consome de um só fôlego. Ensaio feito por um homem culto, e não um erudito, que aqui é conciso nas referências a obras e escritores. Porém, deixa-se divagar, pintando o retrato — com as cores das suas memórias pessoais — duma infância iniciática nestas coisas da bibliofilia. Por isso, este livro se consome de um só trago, como um shot; e, depois, sobe, como estes, provocando-nos variadas experiências. Leva-nos por caminhos sedutores e seguros, ora sensoriais — apelando às nossas próprias recordações, a partir das suas —, ora racionais — todos eles pontuados por referências bibliográficas, devidamente explicadas —, fazendo-nos assim finalmente chegar ao (seu) porto de abrigo: os Clássicos, relidos e reescritos pelos Românticos.

LER, PENSAR, ESCREVER E PARTILHAR

Tenho como marcadores de livros, desde há muito tempo, velhas fichas de bibliotecário (ditas «catalográficas»). Pergunto-me se, nesta era da informática, ainda serão utilizadas nas bibliotecas. São pequenas cartolinas rectangulares brancas, pautadas longitudinalmente, de 10 x 15 cm, feitas para caberem em gavetas de arquivo. As minhas encontram-se hoje, todas elas, amarelecidas pelo tempo. Por mais voltas que dê à cabeça, não consigo lembrar-me quando e onde as arranjei. Não lhes atribuo a função para a qual foram desenhadas. Atraído pela sua forma, ponho-as dentro dos livros, como já confessei. E uso-as também na qualidade de folhas de apontamentos. Serve esta divagação para dizer aos meus leitores que começarei aqui finalmente a publicar em breve uma outrora prometida série de postais com base nas notas que tomei nessas fichas aquando da leitura dos volumes que as acolhem.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 2
Até podia aproveitar a maré das efemérides desta semana para uma alfinetada monárquica. Contudo, tal como os nossos antepassados aprenderam a navegar à bolina para chegar a bom porto, decidi ir contra o vento. Afinal nem tinha outra hipótese, pois nesta carteira, gémea de todas as outras, o aleatório é quase comandante. Nunca se encontra o que se quer e sai sempre o inesperado.
Parafraseando os saudosos Monty Python, passemos então a algo completamente diferente: “os políticos”. Queixamo-nos todos os dias dos políticos em geral e de muitos em particular. Que fazer? Haverá solução? Será que ligeiras alterações à sua carreira fariam alguma diferença? É mesmo o que proponho, ligeiríssimas alterações.
Todos os aspirantes a uma carreira na política, seriam obrigados a passar por uma série de provas. À moda dos Jogos sem Fronteiras, lembram-se? Para que o povo conhecesse bem os futuros políticos, as provas seriam televisionadas e apresentadas pelo Eládio Clímaco, que tem a experiência requerida.
Deixo aqui dois singelos exemplos:
1. Viver um mês numa aldeia isolada.
Pode ser em Trás-os-Montes, Beiras ou Alentejo, tanto faz.
A preferência seria por uma aldeia num vale recôndito, sem rede de telemóvel nem de Internet, nem sequer acesso à novíssima TDT. Ficariam a 20 km de outra aldeia e a 50 km da vila mais próxima, através de belíssimas estradas com curvas a cada 5 metros e com espaço suficiente para passar um Mini.
Os candidatos receberiam a reforma mínima, não tinham direito a automóvel e teriam de fazer a vida de uma família normal: ir para o trabalho, às compras, ao médico, à escola, à Câmara, ao tribunal (antes ainda do novo mapa judiciário).
O júri era constituído por habitantes locais com fama de incorruptíveis, que se encarregavam de verificar se não havia batotas.
2. Viver em ambiente urbano sem automóvel, num qualquer subúrbio de Lisboa.
Pode ser Seixal, Stª Iria de Azóia ou Algueirão, tanto faz.
Nesta prova, com o pecúlio aumentado para o salário mínimo, teriam de descobrir que tipo de passe comprar, as ligações e transbordos necessários, e depois ir para e voltar do trabalho à hora de ponta, bem como efectuar percursos em horário nocturno e em fim-de-semana.
Também aqui se poderia recorrer a habitantes locais como jurados, mas um concurso para voluntários controladores não era má ideia, desde que fossem revistados antes, para evitar vinganças privadas.
Os sobreviventes a estas provas e mais algumas outras, elaborariam a final um relatório, que, para testar a sua capacidade de síntese, não poderia exceder uma folha A4, com as suas impressões, pontos fortes e fracos e currículo completo, anexando carta de motivação, sobre o tema “Ser político é servir”. Esta seria a base da entrevista, onde seriam testados ao limite, ligados a um polígrafo.
Talvez assim os futuros políticos consigam perceber a diferença entre o mapa no gabinete e a vida real. Talvez assim, cada vez que tomam decisões, se lembrem das pessoas. Talvez assim conheçam o povo, o ouçam, nas suas queixas e nas suas histórias, e aprendam o que é solidariedade.
Acredito que as provas tornariam os futuros políticos melhores pessoas e por isso melhores políticos. Caso contrário, seriam casos perdidos, que deviam ser banidos de cargos públicos ou exportados para melhorar a balança comercial. Não muito, porque o seu valor é baixo.

Leonor Martins de Carvalho

COISAS IMPORTANTES DAS QUINTAS E DAS SEXTAS

Almocei com a tertúlia gastronómico-cultural das Quintas-Feiras e desafio os meus leitores a acertarem nos livros que cada um dos membros levou. Basta clicar aqui.
E agora deixo-vos com a convidada das Sextas-Feiras cá da casa. É já a seguir.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

INTERLÚDIO ARTÍSTICO

Perguntam-me por que razão não publico aqui fotografias da minha autoria, não sendo eu representado por nenhuma galeria neste momento. A resposta é simples: este blogue não é um blogue de fotografia. Para esse efeito surgirá em breve um site pessoal com o objectivo único de mostrar a minha criação em vídeo e fotografia. Lá serão publicados os vídeos que realizei desde 1987 e as fotografias que fiz desde 1997, independentemente de os primeiros já terem sido exibidos e de as segundas já terem sido expostas. A partir desse sítio levantarei também o véu sobre os projectos que estou a desenvolver actualmente na área do vídeo e da fotografia, e que serão apresentados este ano em local a anunciar. Obrigado a todos os que perguntaram, pelo interesse demonstrado.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PINTURA DE UM ARTISTA ASSASSINADO

O Sobreiro, 1905
D. CARLOS DE BRAGANÇA (1863 — 1908)
[D. Carlos I, Rei de Portugal]
Pastel sobre Cartão, 177 x 91 cm
Palácio Ducal — Fundação da Casa de Bragança, Vila Viçosa, Portugal.

DIA DE LUTO NACIONAL


Há exactamente 104 anos assassinaram o Chefe de Estado de Portugal — S. M. F. El-Rei Dom Carlos I — e o seu Filho — Príncipe Real Dom Luís Filipe. Não escrevo. Nem trabalho. Vou passear ao Sol, apanhar ar e ver as vistas. São as únicas coisas que ainda se aproveitam neste desgraçado, triste e miserável País.

Adenda: Como já vem sendo hábito, o 1.º de Fevereiro pôs-se um dia cinzento. Há sinais assim. Deus não dorme.