VENTO REDENTOR E TÍLIAS EM FLOR
A nortada, que habitualmente varre Lisboa em Junho, além de purificar o poluído ar da cidade, transporta, desde o Campo Grande até às Avenidas Novas, o delicioso aroma das Tílias em flôr.
A nortada, que habitualmente varre Lisboa em Junho, além de purificar o poluído ar da cidade, transporta, desde o Campo Grande até às Avenidas Novas, o delicioso aroma das Tílias em flôr.
A sabedoria popular descamba amiúde no registo piroso, como manifestamente acontece neste ditado, mas é sempre certeira.
Letra C: Carrasco, Carrasco-Arbóreo, Carvalho-Alvarinho, Carvalho-Cerquinho, Carvalho-de-Monchique, Carvalho-Negral, Carvalho-Português, Carvalho-Roble, Castanheiro, Catapereiro, Cerejeira-Brava, Cerejeira-de-Santa-Lúcia, Cevadilha, Choupo-Branco, Choupo-Negro, Cornalheira.
[Continua...]
Jardins Secretos de Lisboa, de Manuela Gonzaga, Colecção Holograma, Âncora Editora, Lisboa, Novembro de 2005 (2.ª edição).
Letra B: Barrete-de-Padre, Bétula, Borrazeira-Preta, Buxo.
[Continua...]
Nesta época pré-solsticial, a mais bela árvore da cidade é a monumental Tipuana do Jardim Botânico da Universidade de Lisboa. Está, certamente, em flôr; e, quando assim é, estende-nos um tapete amarelo, tecido pelas suas folhas caídas, para nos receber. Além disso, acolhe-nos e abriga-nos, generosamente, à sua sombra. Neste ano ainda não fui visitá-la. Já tenho saudades dela.
Letra A: Abrunheiro-Bravo, Aderno-de-Folhas-Largas, Alfarrobeira, Alfenheiro, Amieiro, Aroeira, Aveleira, Azereiro, Azevinho, Azinheira.
[Continua...]
A pedido de vários leitores do Eternas Saudades do Futuro, republico esta mensagem onde revelo que a árvore do cabeçalho do blogue se chama Paineira (Chorisia speciosa). Esteticamente belíssima é a cor das suas flores, as quais podemos ver em Outubro. E especialmente simbólico é o facto de os seus troncos e ramos serem cobertos de cónicos espinhos afiados que ajudam a capturar e conservar a água para posteriores períodos de seca.
Lisboa Desaparecida, de Marina Tavares Dias, 9 Volumes, Quimera Editores, Lisboa, 1987-2007.
Obra fundamental. Não para botar figura em cima de uma mesa moderna na sala-de-estar. Nem para ficar a ganhar pó na estante. Mas sim para se ler de um só fôlego toda de seguida várias vezes ao longo da vida.
Momento que dura desde o Sol se pôr — na linha-do-horizonte — até à sua luz desaparecer completamente no Céu.
Tempo de contemplação e leitura.
Propício à descoberta de novas cores, formas e ritmos.
A Inglaterra é feminina, Portugal é masculino; a Inglaterra é terra-a-terra, Portugal é aéreo; A Inglaterra é aquática, Portugal é fogo; a Inglaterra é concreta, Portugal é abstracto; a Inglaterra é acção, Portugal é pensamento; a Inglaterra é pragmática, Portugal é diletante; a Inglaterra é dramática, Portugal é lírico, a Inglaterra é determinada, Portugal é obsessivo; a Inglaterra é convencional, Portugal é instintivo; a Inglaterra é corajosa, Portugal é heróico; a Inglaterra é filosófica, Portugal é espiritual; a Inglaterra é irónica, Portugal é gozão; a Inglaterra é D. Filipa de Lencastre, Portugal é D. João I.
Este é o primeiro post de Junho. Começou, agorinha mesmo, o mês que os antigos romanos dedicavam à deusa Juno (para conhecer a sua eterna beleza, espreitai aqui). Por estas e outras me sinto Júpiter.
Na quinta-feira passada comemorámos duas Festas: Quinta-Feira da Ascensão e Dia da Espiga.
Tenho para mim como certo e sabido que Portugal verdadeiro viverá enquanto cultivar as suas telúricas tradições ancestrais pagãs e simultaneamente se mantiver crente e fiel à solenidade da liturgia cristã.
As Tipuanas estão sombrias e parecem mortas, no início duma semana (a última de Maio, normalmente); no fim da semana seguinte, apresentam-se frondosas e refulgentes de amarelo. Por estas e outras, são árvores mágicas.
As Cerejeiras (nome de árvore que é árvore grafa-se com maiúscula) dão flôr (assim mesmo, como deveria ser, com acento circunflexo e tudo) antes das folhas. São mistérios assim que nos levam à contemplação da Natureza. Saibamos retirar ensinamentos dos simbólicos sinais da Flora.
Mais do que ver os Jacarandás em flôr no mês de Maio, confesso que tenho um especial prazer em esperar por Junho para poder finalmente caminhar sobre a estrada azul-lilás traçada pelos seus despojos.
Basta olhá-las à boa luz de Lisboa, para ver que as mulheres desta cidade estão cada vez mais bonitas. Refiro-me exclusivamente às lisboetas, propriamente ditas, aqui nadas e criadas, e tenho para mim como certo e sabido que o apuramento da sua graça e raça está relacionado com a afirmação que fazem questão de fazer perante as turistas que nos visitam. Coisas do foro da saudável competição, a qual ajuda a elevar o nível, em tudo, até porque, já se sabe, as mulheres não se embelezam para agradar aos homens mas sim para impressionar as outras mulheres.
Cativante maravilha sensorial e espiritual esta, a destes dias do pino da Primavera em Lisboa. As ruas, avenidas e praças da Capital do primeiro e último Império ultramarino e pluricontinental do Mundo estão pintadas de cores saturadas e perfumadas por aromas sensuais. São as históricas e monumentais árvores a lembrar-nos que Brasil, Índia, Guiné, Cabinda, Angola, Moçambique, Malaca, Solor, Timor e Ceilão — e muito mais além ainda — têm saudades de Portugal.