Oxalá a política fosse tão criativa e dinâmica como acontece em Submissão de Michel Houellebecq. Islâmicos e Identitários, mais o pensamento económico de Chesterton, aliados no poder, em nome do combate ao inimigo comum, e maior, que se chama mundialismo (ateu, individualista, materialista, demo-liberal ou socialista). Uma ficção aparentemente surreal, para quem nada conhece de História, Religião, Filosofia e Política; mas, híper-real, em potência, para quem aprofunda as referidas matérias. Já se sabia que Houellebecq era o maior romancista francês no activo, só não se conhecia ainda que é também um génio visionário — na linha de Aldous Huxley e H. G. Wells —, pois apenas alguém assim conseguiria combinar os dados ideológicos, desta extraordinária maneira, a fim de nos dar um espantoso regime novo! Esta ficção política tem sido recebida por disparates ditos pelos críticos (a cartilha kulturalmente correcta, por onde se guiam, não tem clichés prontos a aplicar a uma obra assim) e pelo silêncio dos comentadores (formatados pela ditadura de pensamento único, do sistema, não encontram chavões para debitar sobre este livro). E, porém, pelo que se vai vendo, um pouco por toda a Europa, irá, certamente, num futuro não muito longínquo, dar bastante que falar...