segunda-feira, 30 de abril de 2007

DESPORTOS NO CINEMA COM SURPREENDENTE CHARME FEMININO (III)

Hilary Swank em Million Dollar Baby (2004) de Clint Eastwood.

DESPORTOS NO CINEMA COM SURPREENDENTE CHARME FEMININO (II)

Lori Petty em Point Break (1991) de Kathryn Bigelow.

DESPORTOS NO CINEMA COM SURPREENDENTE CHARME FEMININO (I)

Kirsten Dunst em Wimbledon (2004) de Richard Loncraine.

GENTE COERENTE (3)

Desejavam o paraíso proletário, desejam destinos paradisíacos.

GENTE COERENTE (2)

Foram colectivistas, são consumistas.

GENTE COERENTE (1)

Fizeram o culto das massas, fazem o culto da massa.

CINEASTAS ESQUECIDOS (I)

El Dorado (França, 1921), Marcel L'Herbier.

domingo, 29 de abril de 2007

RECORDAR É (RE)VIVER

Fruto de inesperadas coincidências — óptimas para ajudar a esquecer problemas graves e frivolidades várias —, ontem e hoje tenho andado todo Filipado.

GENTE SÁBIA É OUTRA COISA

Descobri ontem que as leitoras das revistas côr-de-rosa sabem mais da vida de certos amigos meus do que eu próprio. Um espectáculo!

FEITIOS

Tenho um amigo que nunca atendia telefones; deixava-os tocar, e dizia que deviam ser «chatices». Quando chegaram os telemóveis, arranjou um; no entanto, nunca telefonava, penso que para poupar dinheiro (embora não o afirmasse). Por estas e outras, terá acabado a viver isolado no mais remoto «Portugal profundo». Há momentos em que me apetece fazer o mesmo; mas, logo a seguir, sinto-me um animal social sedento de mundo.

sábado, 28 de abril de 2007

QUANDO O TEMA ANTERIOR ERA CANTADO POR UMA VAMP QUE FAZIA GELAR O SANGUE NAS VEIAS ANTES DE O BEBER

«My Funny Valentine», Nico (1938 — 1988).

QUANDO O JAZZ ERA COISA DE POETAS DE BARBA RIJA

«My Funny Valentine», Chet Baker (1929 — 1988).

sexta-feira, 27 de abril de 2007

GRUPOS, GRUPES E «GRÚPIOS» (III)

Penso, mas não sou «intelectual».

GRUPOS, GRUPES E «GRÚPIOS» (II)

Sou autor de um blogue, mas não estou na «blogosfera».

GRUPOS, GRUPES E «GRÚPIOS» (I)

Sou cinéfilo, mas não estou no «cinema».

NAZARÉ

Maria do Mar (Portugal, 1930), Leitão de Barros.


À Isabel.

QUAL É COISA, QUAL É ELA?...

A 7.ª Arte sei eu qual é; e, até explico o porquê da coisa, aqui.

JUST NUMBERS

Se a BD é a 9.ª Arte, hão-de me explicar qual é a 8.ª, que eu nunca percebi...

DOS SETE AOS SETENTA E SETE

Em tempos nada propícios ao culto dos heróis, é com redobrado prazer que mergulho de novo nas extraordinárias e intemporais aventuras destes dois inteligentes e corajosos gentlemen.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

LISBOA DE OUTRAS ERAS (AI, QUEM NOS DERA) — BAIRRO ALTO

As origens desse local de Lisboa remontam ao início do século XVI — uma herdade extra-muros das Portas de Santa Catarina (da Cerca Fernandina), as quais se situavam aproximadamente onde estão hoje as Igrejas do Loreto e da Encarnação. O Bairro Alto compreende, na sua planta geral, cerca de 30 ruas e travessas, correndo metade delas no sentido norte-sul e a outra metade na orientação leste-oeste. Vários nomes de ruas daquele bairro (...) vêm ainda da era quinhentista. O terremoto de 1755 não significou o arrasamento completo do Bairro Alto, como ocorreu com a Baixa, que renasceu em outro estilo e outra forma. Como o século XVI foi o século da Índia e do Brasil, a Lisboa de então cresceu e extravasou os seus limites. O Bairro Alto terá sido uma expressão daquele crescimento de Portugal no mundo.
Era Lisboa e chovia..., Dário Moreira de Castro Alves, edição Livros do Brasil, Lisboa, 1984.

LISBOA DE OUTRAS ERAS (AI, QUEM NOS DERA) — ROSSIO

A Tendinha

Junto ao Arco do Bandeira
Há uma loja, a Tendinha,
De aspecto rasca e banal.
Na história da bebedeira
Ai, aquela casa velhinha
É um padrão imortal.
Velha Taberna
Nesta Lisboa moderna
És a tasca humilde e terna
Que manténs a tradição.
Velha tendinha
És o templo da pinguinha
Dos brancos, da ginginha
Da boémia e do pifão.
Noutros tempos os fadistas
Vinham já grossos das hortas
Pr'ó teu balcão caturrar
E os boémios e os artistas
Íam para aí a horas mortas
Ouvir o fado e cantar.

Fado A Tendinha, com letra de Raúl Ferrão e música de José Galhardo, que Amália Rodrigues cantou na sua apresentação no Olympia de Paris.

LISBOA DE OUTRAS ERAS (AI, QUEM NOS DERA) — CHIADO

Pois as cidades têm alguma coisa parecida com as nossas salas de visitas, locais que o mundanismo e a elegância consagraram, onde se não tratam negócios e onde apenas existem estabelecimentos de luxo. Se quiséssemos, passaríamos toda a vida sem atravessar tais ruas: não há necessidade que lá nos chame. Ali se reúnem os descuidados da vida, os janotas e as damas de alto tom (...). Para nossa capital, esse papel é desempenhado pelo Chiado, eterno forum de elegância e distinção lisboetas. Esta simples palavra Chiado, pronunciada perante um provinciano, desperta-lhe todo um mundo de representações galantes, de luxo e de opulência, de movimento e de alegria.
Do jornal O Século, de Lisboa, 16 de Novembro de 1902.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

CARTAZES DA MINHA VIDA (10)

CARTAZES DA MINHA VIDA (9)

CARTAZES DA MINHA VIDA (8)

CARTAZES DA MINHA VIDA (7)

CARTAZES DA MINHA VIDA (6)

CARTAZES DA MINHA VIDA (5)

CARTAZES DA MINHA VIDA (4)

CARTAZES DA MINHA VIDA (3)

CARTAZES DA MINHA VIDA (2)

CARTAZES DA MINHA VIDA (1)

UMA QUESTÃO DE GÉNERO

Mélo (França, 1986), Alain Resnais.
Melodrama, com Pierre Arditi e Sabine Azéma, a partir de uma Peça de Henri Bernstein, passado na Paris dos «loucos anos 20».

ALAMEDA DIGITAL

Já está em linha o n.º 7 da revista Alameda Digital, muitíssimo recomendável para quem gosta de ler sobre actualidade, ideias e cultura numa perspectiva verdadeiramente alternativa. Depois, digam qualquer coisinha, que a gente gosta sempre de saber.

AGORA É QUE É! NÃO ERA?

Releio As Afinidades Electivas de Goethe e descubro sentidos não revelados nas anteriores leituras. Fico contente e penso que foi a maturidade que me deu a chave para a verdadeira compreensão da obra. Recordo-me de ter pensado exactamente a mesma coisa da última vez.

terça-feira, 24 de abril de 2007

DA SAÚDE ENQUANTO MAIOR BEM TERRENO

Sempre senti repulsa por «frases feitas» (esta expressão também é um chavão). Mas, por estes dias, dou comigo, cada vez mais, a concordar com a sabedoria popular quando afirma ser a saúde o nosso maior bem. É uma grande verdade. Pena é só tomarmos consciência desse facto quando ela foge e ameaça não mais voltar.

MÁQUINA DO TEMPO...

«Caribou» (1988), Pixies.

... Máquina do tempo, máquina do tempo...
... Transporta-me para esse ano...
... Aonde, neste momento, quero chegar...
... Depressa na viagem!...
... Mas, muitíssimo devagarinho na visita...
... Que é para fazer durar...
... A permanência nesse lugar...

segunda-feira, 23 de abril de 2007

AGRADÁVEL SURPRESA TRANSATLÂNTICA

Nas andanças blogosféricas «filipadas», descobri um blogue individual — de uma antiga aluna do nosso Liceu; e, agora, nossa mais recente colaboradora no referido blogue colectivo —, que é uma verdadeira tentação, e, que me vai obrigar a lá fazer uma visita diária, com muito prazer. Lá me terás então todos os santos dias à espreita, pois os autores do teu mundo também são muito cá de casa. Bem-hajas, Isabel.

LABIRINTOS MENTAIS

Já não é a primeira, nem a segunda, que me acontece. Cruzo o olhar com alguém. Numa fracção de segundo, dá-se um reconhecimento mútuo, traduzido numa troca de sorrisos. Penso instintivamente: não a vejo há imensos anos, que bom vai ser poder pôr a conversa em dia. Oiço: «— Olá tio!». Caio na realidade. Passaram 20 anos e trata-se da filha, com a idade em que me dei com a mãe...! Será este o primeiro degrau da senilidade?...

AO MEU GOSTO

«Smells Like Teen Spirit», Nirvana.

Nos longínquos anos em que ali andei, o espírito era teen — e a idade também ; mas, esta música estava longe de ser inventada. Com a distância dada pelo tempo, que alarga o ângulo de percepção e ajuda a ver em profundidade, observo hoje que a new-wave antecipou estas sonoridades, próprias de um romantismo desesperado, e o punk lançou as bases estilísticas para o grounge. Cultos amigos meus sentem a necessidade de justificar esses passados fervores pela música pop dos anos 70 e 80 com a famosa frase (nunca descobri quem a inventou): «Entre a música erudita e a popular, prefiro a boa». Não está mal caçado. Apesar de tudo, prefiro dizer, simplesmente: «— Eu gosto desta música.» Deixemos as justificações estéticas para os teóricos musicais, que eles até gostam da empreitada, e ouçamos a canção em loop, como se fazia na adolescência. Estes são os verdadeiros pontos de contacto entre os video-clips que aqui publico: posso ouvir esses temas musicais várias vezes de seguida, sem me cansar. Uma questão de gosto, à mistura com algum resquício de energia dessa bela idade, portanto.

domingo, 22 de abril de 2007

AO PAI

«My Way», Frank Sinatra.

sábado, 21 de abril de 2007

DO FUTEBOL EM PARTICULAR E DO DESPORTO EM GERAL

Benfiquista que sou, fico — excluídos da competição que estamos — contente com a chegada de dois clubes de Lisboa à final da Taça de Portugal. Bem sei que, nestes tempos de fanatismos primários, esta posição parece bizantina; mas, foi assim que o meu Avô e o meu Pai — dois sportsmen à antiga portuguesa — me ensinaram. Resta-me, pois, desejar que os dois emblemas da nossa Capital nos propiciem um bom espectáculo no Estádio Nacional.

DUAS NECESSIDADES BÁSICAS DE UM HOMEM CULTO

Uma biblioteca e um jardim.

DA FILOSOFIA PORTUGUESA, COM CERTEZA

Já em tempos aqui tinha trazido à baila a Filosofia Portuguesa (a propósito: apetece-me muito falar sobre Ela com uma pessoa que eu cá sei, e que até ficou de enviar umas missivas electrónicas que nunca mais dão à costa...). Agora, é com prazer que anuncio finalmente a chegada do sítio da revista Leonardo à rede electrónica universal (agora é que é!, caríssima M.).

sexta-feira, 20 de abril de 2007

POR ONDE VAI LISBOA?

Tenho constatado com espanto e tristeza que há uma qualquer fúria novo-riquista ou selvagem (vai dar ao mesmo) que leva ao arranque de árvores centenárias em Lisboa. Depois da Rotunda, chegou a hora do Campo Pequeno. Ninguém trava esta demência? E, este delicioso e aromático blogue, que diz disto?

ABRIL — LIVROS MIL (3)

E quem quiser saber tudo sobre todos os livros publicados em Portugal desde sempre e até hoje tem que visitar esta Casa.

ABRIL — LIVROS MIL (2)

Aqui há mais informações sobre livros.

ABRIL — LIVROS MIL (1)

O blogue da Casa Fernando Pessoa dá-nos conta da iniciativa Lisboa Cidade do Livro, que decorrerá já a partir de segunda-feira, 23 de Abril (Dia Mundial do Livro), e que antecederá a 77.ª edição da Feira do Livro de Lisboa.

AI, QUEM ME DERA...

Ah, mas como eu desejaria lançar ao menos numa alma qualquer coisa de veneno, de desassossego e de inquietação. Isso consolar-me-ia um pouco da nulidade de acção em que vivo. Perverter seria o fim da minha vida. Mas vibra alguma alma com as minhas palavras? Ouve-as alguém que não só eu?
BERNARDO SOARES
[Fernando Pessoa (1888 — 1935)]

TUDO ISTO (AINDA) EXISTE, TUDO ISTO (AINDA) É TRISTE, TUDO ISTO (AINDA) É FADO — GRAÇAS A DEUS!

Amália Rodrigues interpreta o Tema «Zanguei-me Com Meu Amor» no Filme Fado, História d'Uma Cantadeira (1947) de Perdigão Queiroga.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

RODA-BOTA-FORA

De vez em quando, pode ser que me dê na veneta reeditar um postal sem dizer «água vai»; assim sendo, será bom os meus amigos darem uma vista de olhos — de cima a baixo — por este diário electrónico, volta e meia. De qualquer maneira, não há razão para alarme: a primeira republicação (sem direito a aviso em forma de nota) foi aqui; e, há que reconhecer que Renée French fica muito melhor no postal dedicado a Jim Jarmusch do que o próprio...

ONDE É QUE EU JÁ VI ISTO?

Filme L'Année dernière à Marienbad (França, 1961),
de Alain Resnais,
a partir do Romance homónimo de Alain Robbe-Grillet.

400 (COUPS!)

É o n.º deste postal. Apeteceu-me assinalá-lo.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

HOJE — PEQUENOS GRANDES PRAZERES NA CINEMATECA PORTUGUESA

Coffee and Cigarettes (E. U. A., 2003), Jim Jarmusch.

MY WAY

Mal possa, vou aqui rever todos os filmes de Jim Jarmusch. Se há um independente, no actual panorama do cinema made in USA, é ele.

LUFADAS DE AR FRESCO NA REPÚBLICA DAS BANANAS

Profissão com que tenho lidado nos últimos meses (por razões que daria tudo para não existirem), e que tenho aprendido a respeitar e admirar, é a de enfermeira (assim mesmo, no feminino; se quiserem, façam queixinhas aos guardiões do «politicamente correcto»). Calma, frieza, concentração, pontualidade, força, discrição e delicadeza — são qualidades suas, e que raramente encontramos hoje em Portugal. Além de tudo o que fica escrito aqui atrás, não consigo deixar de as achar sexy. Ouro sobre azul, portanto.
Bem-hajam.

ESTÁTUAS E PARQUES

Eugene Atget (1857 — 1927), Versailles, 1901.

Eugene Atget (1857 — 1927), Saint-Cloud, 1921-22.

terça-feira, 17 de abril de 2007

APETITES (2)

Agora — agorinha mesmo —, almoçava na esplanada, nas arcadas, de um bistrot da Place des Vosges, em Paris, que eu cá sei!

APETITES (1)

Agora — agorinha mesmo —, ceava numa bodega do bairro gótico de Barcelona que eu cá sei!

SETE VEZES CINEMA

Está para rebentar aí o meu sétimo artigo na revista mensal online Alameda Digital. Só aconselhável a quem consiga ler mais do que três linhas de uma vez só (vamos lá a ver se não pico ninguém com esta...).
[Nota: Quando saír, faço a hiperligação neste postal. Vantagens electrónicas.]

FLASHBACK

It's only rock'n'roll but I like it, que é como quem diz: este blogue colectivo é mesmo marado, mas divirto-me lá à brava. Aviso já que é aconselhável só a Filipados (rapazes e raparigas que frequentaram o Liceu Nacional de D. Filipa de Lencastre entre 1977 e 1984).

PARADA E RESPOSTA

Constato, com alguma surpresa, que este meu postalinho picou algumas pessoas queridas cá das Saudades. No entanto, não pensei em nenhuma delas quando o escrevi. É sempre assim: quem acusa o toque, fá-lo por hipersensibilidade; quem realmente leva o tiro, perde o piu. Siga a marcha!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

WORK IN PROGRESS OU DO TRABALHO DE PARTO

Os três aforismos publicados aqui atrás foram arrancados a ferros: comecei a congeminá-los na minha caximónia no duche matinal — e só agora deram à luz.

O PESO DAS PALAVRAS (3)

As palavras todas — ditas e escritas — voam então na direcção de quem melhor as compreender.

O PESO DAS PALAVRAS (2)

As palavras publicadas vão para quem as souber interpretar.

O PESO DAS PALAVRAS (1)

As palavras ditas são de quem as apanhar, as palavras escritas são de quem as publicar.

DESIGN COM ESTILO

Cartaz Art-Déco

JOGO COM ESTILO

Xadrez Art-Déco

domingo, 15 de abril de 2007

DESENHO E ARQUITECTURA (DO MELHOR QUE POR CÁ HÁ)

João Santa-Rita expõe os seus desenhos Fragmentos de Cidades enquanto Labirintos na GaleriArmazém, que tem uma das mais bonitas e simpáticas galeristas de Lisboa — a par da da minha, claro está.

FAÇA VOCÊ MESMO (2)

Dizem alguns que eu deveria fazer assim ou assado no meu blogue pessoal. Curiosamente, nenhuma dessas sumidades tem um blog...! Fico então ansiosamente à espera que esses opinadores de fim-de-semana se aventurem na blogosfera, para depois eu ver se tenho «dicas» para a troca. Até lá, tenham mas é juízo e metam-se na vossa vidinha, por mais vulgar e enfadonha que seja.

FAÇA VOCÊ MESMO (1)

A pontuação no título do postal anterior fica à vontade do freguês, nesta universal freguesia blogosférica que comunica em Língua Portuguesa. Assim, cada um poderá fazer o gosto à vista, ou ao dedo, ou ao pé, de acordo com as suas memórias, ou histórias, ou ritmo próprio.

LOUCOS ANOS VINTE ANOS LOUCOS

Louise Brooks
em Die Büchse der Pandora (Alemanha, 1929)
de Georg Wilhelm Pabst.

sábado, 14 de abril de 2007

LOUCOS ANOS 20 DE LISBOA

(...)
Cabem as mulheres, as mulheres improvisadas pelo próprio Jazz-Band, mulheres onde a cabeça, o tronco e os membros, somam três corpos... Cabem os homens que cabem sempre onde cabem as mulheres... Cabe toda a Arte, a arte de hoje que chora, que grita, que ri, que sabe beijar, que sabe vibrar, que sabe morder... E cabe a própria Vida, a vida industrial que é um Jazz-Band de roldanas, de guindastes e motores, a vida comercial que é um sud-express, a vida intelectual onde as palavras pensam por si... (...)
In A Idade do Jazz-Band, António Ferro, Portugália Editora, Lisboa, 1924 [(2.ª edição) prefácio de Carlos Malheiro Dias, Guilherme de Almeida e Ronaldo de Carvalho; capa de Bernardo Marques].

X

Com o objectivo de celebrar sessenta anos de existência, a «Coleccção Vampiro», da Editora Livros do Brasil, acabou de lançar, em Março de 2007, o seu volume n.º 700 — Memórias de um Chauffeur de Táxi, de Reinaldo Ferreira (Repórter X).
Tudo isto é um tiro no escuro, ou uma lança em África, num País sem tradição de literatura policial; e, surge, ainda, como um impulso para as novas gerações conhecerem a obra de um genial escritor — e jornalista, e cineasta, e tudo! — que introduziu por cá a novela policial.
Reunindo as diversas partes de um folhetim publicado na imprensa no início dos anos 30 (Reinaldo Ferreira morreria, como Fernando Pessoa, em 1935), o livro faz-nos viajar na Lisboa dos «loucos anos 20», com todas as suas personagens características — cheias de charme e mistério —, e por entre lugares para sempre perdidos — cafés, hotéis, cabarets e clubes nocturnos —, que faziam da Capital, nos anos 20 e 30, um centro cosmopolita — ponto de chegada e partida de enigmáticas figuras — e um verdadeiro cenário de filme policial.
Todas as histórias têm como fio-condutor Juca, «o Menju da Estefânia», taxista e profundo conhecedor do bas-fond alfacinha (ou do underground, em vocabulário contemporâneo), que nos narra peripécias extraordinárias por ele observadas — qual voyeur, numa fascinante Lisboa que não volta mais.
Para ler de um só fôlego!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

NO PAÍS DAS MARAVILHAS

«Would?», Alice in Chains.

MINIATURA HIPNÓTICA OU O OUTRO LADO DO ESPELHO

Retrato de Alice Liddell com 7 anos.
Fotografada por
Charles Dogson (Lewis Carroll) em 1860.

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

(...)
— Como sabes que eu sou louca? — perguntou Alice.
— Tens de ser, de outro modo não estarias aqui.
Alice não achava que isso provasse coisa nenhuma, mas continuou:
— E como sabes que és louco?
— Para começar, um cão não é louco. Aceitas isso? — perguntou o Gato.
— Creio que sim — respondeu Alice.
— Bem, nesse caso... — continuou o Gato. — Um cão rosna quando está zangado e abana o rabo quando está satisfeito. Ora eu rosno quando estou satisfeito e abano o rabo quando estou zangado. Por isso sou louco.
— Eu chamo a isso ronronar, e não rosnar — disse Alice.
— Chama-lhe o que quiseres — disse o Gato.
(...)
LEWIS CARROLL
(1832 — 1898)

POSTAL MINIMALISTA REPETITIVO I

Wim Mertens, Philip Glass, Steve Reich, Steve Reich, Philip Glass, Wim Mertens.

MÚSICA E ARQUITECTURA


«Close Cover», Wim Mertens.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

DA ESSÊNCIA DOS BLOGUES

Avisam-me que o Poder não gosta de blogues. Pois, pudera! Cheira-lhes a benzina. Essa é que é essa!

O PINTOR DA VIDA MODERNA

(...) Menos hábil do que eles, o Sr. G. possui um mérito profundo que lhe é muito próprio: ele cumpriu voluntariamente uma função que outros artistas desprezaram, e que cabia sobretudo a um homem do mundo cumprir; procurou por todo o lado a beleza passageira, fugaz, da vida presente, o carácter daquilo que o leitor nos permitiu chamar a modernidade. Muitas vezes estranho, violento, excessivo, mas sempre poético, soube concentrar nos seus desenhos o sabor amargo ou capcioso do vinho da Vida.
CHARLES BAUDELAIRE
(1821 — 1867)

O AUTOR D'O PINTOR DA VIDA MODERNA

Portrait de Charles Baudelaire, 1847-1848
GUSTAVE COURBET (1819 — 1877)
Óleo sobre Tela

A PINTURA FIGURATIVA COMO NARRATIVA E ESPECTÁCULO

Se tivéssemos de reformular o belo ideal, teríamos em conta as seguintes vantagens: 1.º — um espírito extremamente vivo; 2.º — muita graça nos traços; 3.º — o olhar brilhante, não do ardor melancólico das paixões, mas do arrebatamento da vivacidade. A expressão mais viva dos movimentos da alma reside no olhar, que escapa à escultura. Assim, os olhos modernos teriam de ser muito francos; 4.º — muita alegria; 5.º — um fundo de sensibilidade; 6.º — uma estatura esbelta e, sobretudo, o ar ágil da juventude.
STENDHAL
(1783 — 1842)

EIS O FILME (ADENDA AO POSTAL ANTERIOR)

F For Fake
(França, Irão, República Federal da Alemanha, 1975),
Orson Welles.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

DÚVIDA MUITO ANTIGA

It is pretty but is it art?
(Excerto de um poema de Kipling — em que esta pergunta surge na boca do diabo, após este ter visto um desenho que Adão fez com uma vara na terra e que terá sido, assim, o primeiro da História — citado num filme.)

MULHERES E TOUROS — RITUAL DE AMOR E MORTE

Matador (Espanha, 1986), Pedro Almodóvar.

MULHERES E ESPADAS

Assumpta Serna
no Filme El Maestro de Esgrima (Espanha, 1992),
de Pedro Olea,
a partir do Livro de Arturo Pérez-Reverte.

TÃO LONGE, TÃO PERTO

Certo conhecido, muito dado a desportos variados, perguntou-me que arte marcial haveria de praticar agora. Como o soubesse viajado e apreciador das coisas da Europa, disse-lhe que escolhesse uma Ocidental. Embasbacou. Para ele, arte marcial era coisa do Oriente. Dei-lhe três hipóteses, à escolha: Esgrima, Jogo-do-Pau (esta, bem portuguesa) e Boxe. Nunca ele tinha pensado nisso. Já no outro dia tinha eu aqui dito que andamos a procurar longe o que temos à mão de semear. Nada que uns óculos de ver ao perto não resolvam.

terça-feira, 10 de abril de 2007

PERSONAGENS MARCANTES

Rita Hayworth em Gilda (E. U. A., 1946)
de Charles Vidor.

PERCURSOS INICIÁTICOS PARA ALFACINHAS VERDES (II)

Num estilo completamente diferente, todo ele rigôr geométrico e monumentalidade, temos o mais antigo jardim botânico de Portugal. Também este imperdível, especialmente para estetas.

PERCURSOS INICIÁTICOS PARA ALFACINHAS VERDES (I)

Quantos lisboetas conhecem um dos mais antigos e belos jardins da Capital, situado bem no coração da Lisboa romântica? E, o meu preferido, de entre todos. De qual é que estou a falar? Deste, pois claro!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

AVISO POR CAUSA DA IRONIA

Com pessoas burras não vale a pena ser irónico, pois elas não percebem; e, por outo lado, bater no ceguinho é muito feio.

SEMPRE A DESCER (7)

Os homens cultos foram substituídos pelos intelectuais.

SEMPRE A DESCER (6)

As divas foram reformadas à pressão para darem lugar às cantoras pimba com estilo pop.

SEMPRE A DESCER (5)

Os marialvas e galãs foram afastados para abrirem caminho aos novos heróis sensíveis e frágeis.

SEMPRE A DESCER (4)

As femmes fatales deram lugar às flausinas de folhetim e estas às estrelas de tele-novela.

SEMPRE A DESCER (3)

Os bon-vivants deram lugar aos indigentes.

SEMPRE A DESCER (2)

As coquettes foram substituídas pelas pindéricas das revistas côr-de-rosa.

SEMPRE A DESCER (1)

Os dandies foram substituídos pelos tipos cool.

O SEU A SEU DONO

Cinema Mudo:
Americano — estrela e narrativa;
Alemão — ambiente e imagem;
Russo — fragmento e montagem.

domingo, 8 de abril de 2007

MÚSICA CELESTIAL

«Alleluja», Messiah, Georg Friedrich Händel.

DESNORTE

Muitos continuam a procurar a felicidade numa caldeirada «New Age»; e o Catolicismo — este sim Universal — aqui tão perto.

TIRO E QUEDA (2)

Quem de tudo fala com ar de entendido não sabe nada de nada.

TIRO E QUEDA (1)

Quem muito gosta de conversar mas só se ouve a si próprio está condenado a ficar a falar sozinho.

DA TV (5)

Não serão então os verdadeiros programadores de televisão os donos das marcas que bombardeiam com imagens dos seus produtos os potenciais consumidores semi-anestesiados nos sofás?...

DA TV (4)

A expressão «lixo televisivo» não será uma redundância rebarbativa?...

DA TV (3)

Será que a produção televisiva serve apenas para inventar programas que preencham os espaços entre os blocos de publicidade mantendo os espectadores agarrados?...

DA TV (2)

Será impressão minha ou a televisão a que temos direito é toda igual de canal para canal e vai por aí fora alegremente sempre a descer cada vez mais até ao fim do mundo?...

DA TV (1)

O programador televisivo não será já hoje o bom burguês português que no remanso do seu lar faz zapping à velocidade dos seus humores e instintos básicos de burgesso mas que acaba por comer sempre do mesmo?...

sábado, 7 de abril de 2007

AGORA, SÓ PARA HOMENS DE BARBA RIJA (2)

A prova de que Deus existe, à distância de um clique.

CHAMEM-LHE O QUE QUISEREM

Passado um mês sobre a morte de Jean Baudrillard, está na hora de começar a (re)ler a sua obra. À boa maneira portuguesa, costuma assim ser; e, até já se sabe que «mais vale tarde do que nunca»...! Uma coisa é certa: os seus livros nunca tiveram tanta actualidade como hoje, infelizmente.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

A PAIXÃO DE JESUS CRISTO NO CINEMA

The Passion of The Christ (2004), Mel Gibson.

O Acto da Primavera (1963), Manoel de Oliveira.

AGORA, SÓ PARA HOMENS DE BARBA RIJA (1)

«Tout le Monde», Carla Bruni.

CARTA DE GUIA DE SOLTEIROS PARA RAPAZES (SE BEM ME LEMBRO) — III

Os rapazes são para acamaradar e as raparigas para acamar.

CARTA DE GUIA DE SOLTEIROS PARA RAPAZES (SE BEM ME LEMBRO) — II

À atenção dos rapazes de Lisboa: Páscoa — abertura da época de caça às espanholas, em Lisboa, Estoril, Cascais, Sintra e Algarve.

CARTA DE GUIA DE SOLTEIROS PARA RAPAZES (SE BEM ME LEMBRO) — I

Por agora, não me ocorre nada sobre o tema. Mas, não quis deixar de inaugurar aqui esta nova série de postais que prometi a um sobrinho. Fica então o título, tipo marco geodésico — a demarcar o território —, o que já é obra. No entanto, está-me cá a parecer que as técnicas de conduta dos anos 80 do século passado não atingirão grande eficácia se aplicadas hoje em dia (e de noite, que é do que mais se trata). Quando me lembrar, voltarei ao assunto. Alea jacta est.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

ALVÍSSARAS

Pessimista e neto de médico que sou, julguei que o meu Avô pertencia à última geração em que todos os que faziam o Juramento de Hipócrates eram Grandes Senhores — com tudo o que esta designação indica em termos de ética e de estética; afinal, é com agradável surpresa que descubro também haver — por entre o miserável estado em que o Estado pôs a Medicina — gente culta entre os jovens médicos.

CERTEZAS DE BIBLIÓFILO

Scarlett Johansson em Lost in Translation (EUA/Japão, 2003),
de Sofia Coppola.
Os livros querem-se antigos, os filmes modernos, e as raparigas novas.

DÚVIDAS DE BIBLIÓFILO (6)

Poder-se-á confiar em alguém que não lê e não bebe vinho tinto, mesmo que seja parecida com a Scarlett Johansson?

DÚVIDAS DE BIBLIÓFILO (5)

Será de evitar pôr lado a lado nas prateleiras autores que se odiaram em vida, para não haver reboliço nocturno na biblioteca?

DÚVIDAS DE BIBLIÓFILO (4)

Ler na retrete, sem ser literatura de casa-de-banho, é pouco digno ou apenas mau para as costas?

DÚVIDAS DE BIBLIÓFILO (3)

Hoje em dia, um solteiro e bom rapaz troca um bom livro por quantas mulheres boas?

DÚVIDAS DE BIBLIÓFILO (2)

Ter 10% de literatura de ficção (romances, novelas e contos) na biblioteca é muito, pouco ou nada?

DÚVIDAS DE BIBLIÓFILO (1)

Os livros que pomos em segunda fila nas estantes são de segunda ordem para nós ou estão lá só para as visitas não os verem?

quarta-feira, 4 de abril de 2007

AGENDA CULTURAL

«Com e Contra o Cinema» — uma retrospectiva integral da obra cinematográfica de Guy Debord na Culturgest. Imperdível.

AUTOBIOGRÁFICO

Maisons-Laffite é parecido com um parque de manutenção semeado de moradias, jardins, avenidas de tílias, relvados, canteiros, repuxos nas praças. O cavalo de corridas e a bicicleta eram senhores. Jogava-se o ténis na casa uns dos outros, num mundo burguês que o caso Dreyffus dividia. O Sena, a álea de manutenção, o muro da floresta de Saint-Germain para onde se entra por uma pequena porta, recantos abandonados onde se pode brincar aos detectives, o campo escavado, os retiros em caramanchão, a feira da aldeia, o fogo-de-artifício, as proezas dos bombeiros, o Castelo de Mansard, as suas ervas daninhas e os seus bustos de imperadores romanos, tudo isto proporcionava à infância o domínio favorável para alimentar a ilusão que é viver-se em locais únicos no mundo.
JEAN COCTEAU
(1889 — 1963)
[Nota1: Por razões muito cá de CASA, não indicarei, para já, o autor destas palavras.]
[Nota2: Nome do autor revelado em 5.4.07.]

DESENHAR COM A LUZ

Hiroshi Sugimoto, Church of the Light
(Arquitecto: Tadao Ando), 1997.

Hiroshi Sugimoto, Chapel of Notre Dame du Haut
(Arquitecto: Le Corbusier), 1998.

COMO NUM FILME DE BERGMAN

Os largos corredores das velhas casas são as avenidas, para aquelas antigas famílias que decidiram não mais sair à rua, e as salas são as praças, onde ainda se conserva o gosto pela conversa, quais fóruns da antiguidade clássica.

LISBON REVISITED (1926)

(...)

Outra vez te revejo — Lisboa e Tejo e tudo —,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

(...)

ÁLVARO DE CAMPOS
[Fernando Pessoa (1888 — 1935)]

terça-feira, 3 de abril de 2007

LISBOA ROMÂNTICA

Faz hoje anos o Jardim da Estrela (155!). Lugar ideal para brincar, namorar, passear, tomar um refresco na esplanada, observar os animais, ler, conversar, ver quem passa, encontrar alguém que não se vê há vinte anos, e por aí fora. Aventurem-se. Há ainda uma Lisboa desconhecida (ou esquecida...) à nossa espera.

SUAVE AROMA

Que chamem ao meu blogue pessoal «Ilha», agrada-me. Mas, gosto mais ainda por vir de quem vem (dum blogue que já aqui anunciei como delicioso, embora de uma autora que desconheço); e, mais do que tudo, por merecer, além do epíteto «Ilha», a seguinte explicação: «Ilhas, porque estão sós mas ajudam quando nos perdemos». Assim, vale a pena andar por aqui.

AINDA OLISSIPO

Lá vai Lisboa.

COISA BOA

Descobri um blogue só para amigos da mais bela cidade capital do mundo; assim, sem hífen(s) nem nada, para deixar cantar bem alto as eternas saudades do futuro. Sendo eu amante antigo da nossa Felicitas Julia, dá-me ideia que lá estarei batido todos os santos dias do ano, para saber o que se passa com Ela. A secreta porta de entrada fica aqui.

O NASCIMENTO DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA

The Birth of a Nation (E. U. A., 1915), D. W. Griffith.

MAIS UM LIVRO DE CONTOS, MAS AGORA DE UM CINEASTA

Porquê filmar uma história, quando se pode escrevê-la? Porquê escrevê-la, quando se vai filmá-la? Esta dupla questão só é aparentemente inútil. Colocou-se-me com muita precisão. A ideia destes Contos surgiu-me numa idade em que ainda não sabia que viria a ser cineasta. Se os utilizei para fazer filmes, foi porque não fui capaz de os escrever. E se, de certa forma, é verdade que os escrevi — e com a forma em que as pessoas os vão ler — foi apenas para poder filmá-los.
Eric Rohmer, do prefácio de Seis Contos Morais, tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo, Edições Cotovia , Lisboa, 1999 [Six Contes Moraux, Editions de L'Erne, 1974].

segunda-feira, 2 de abril de 2007

PRISON BREAK

Dois homens olharam através das grades da prisão: um, viu a lama; o outro, as estrelas.
SANTO AGOSTINHO
(354 — 430)

O ESPECTÁCULO DA SOCIEDADE (2)

Oiço alguns falar sobre Cinema e pergunto-me se viveremos no mesmo Planeta.

O ESPECTÁCULO DA SOCIEDADE (1)

Andam para aí uns «poliglotas» que não falam várias Línguas; falam — olaré se falam! — uma mistura requentada (armada em requintada) com restos de várias Línguas.

TON SUR TON

Para fazer pendant, leio, alternadamente, os Contos de Eça de Queiroz e os Contos do Dia e da Noite de Guy de Maupassant.

EÇA DE QUEIROZ E O CINEMA PORTUGUÊS

É verdadeiramente espantoso que o Cinema Português apenas se tenha lembrado de Eça de Queiroz meia dúzia de vezes para produzir longas-metragens a partir de adaptações de livros seus. Se me admiro é porque me parece que qualquer cinéfilo ou cineasta que leia o grande escritor se apercebe de imediato que muitas das suas obras anunciam o Cinema, anos antes de este ser inventado, pois pintam paisagens rurais e urbanas a pedirem para serem tratadas na linguagem das imagens em movimento, e traçam retratos de figuras de fino recorte físico e psicológico prontas para serem encarnadas por actores. A escrita de Eça faz lembrar um argumento cinematográfico: na sua força descritiva, no seu poder de sugerir imagens, na completíssima construção de personagens e na estrutura narrativa cativante. Mas, se calhar, deve ser impressão minha...
Dito isto, e para que fique claro que não exagero, a lista dos filmes portugueses baseados em Eça de Queiroz aqui vai, por ordem cronológica (o primeiro, significativamente, é realizado por um cineasta francês que fez carreira em Portugal): O Primo Basílio (1923), de Georges Pallu; O Cerro dos Enforcados (1954), de Fernando Garcia; O Defunto (1954), de Fernando Garcia; O Primo Basílio (1959), de António Lopes Ribeiro; O Crime do Padre Amaro (2005), de Carlos Coelho da Silva.
Finalmente, após ter mencianado cinco obras, fica a faltar uma, para a tal anunciada meia dúzia. Seguir-se-á então a adaptação ao cinema de «Singularidades de Uma Rapariga Loura» — texto este incluído na compilação Contos, de Eça de Queiroz —, pela mão do realizador Manoel de Oliveira. Ficamos a aguardar, com elevada expectativa. Pode ser que a moda pegue...

domingo, 1 de abril de 2007

ENCONTROS IMEDIATOS DE 3.º GRAU

Lichtspiel opus 1 (1921) — um Filme de Walther Ruttmann com Música de Max Butting.

Para: Diogo, Inês, Paulo, Pedro, Sofia, Tomaz.