sábado, 30 de junho de 2007

DEUS NOS LIVRE! (2)

Homem calado, ou está desconfiado ou é atrofiado.

REBOBINAR E REMONTAR

Pensando bem, com os olhos postos na Carla Bruni e ao som do Tejo é que era!

ULTRA-MODERNO E ANTI-MODERNO

Sou clássico em literatura, monárquico em política e anglo-católico em religião.
T. S. ELIOT
(1888 — 1965)
Esta auto-definição é especialmente saborosa por vir do poeta americano de origem britânica que renovou as belas-letras inglesas, lançando-as no caminho da modernidade: na lírica, no drama e na crítica.

DA REVITALIZAÇÃO METAFÍSICA

FOUR QUARTETS

Burnt Norton (Quartet N.º 1)

I

Time present and time past
Are both perhaps present in time future,
And time future contained in time past.
If all time is eternally present
All time is unredeemable.
What might have been is an abstraction

Remaining a perpetual possibility
Only in a world of speculation.

What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
Footfalls echo in the memory
Down the passage which we did not take
Towards the door we never opened
Into the rose-garden.
My words echo
Thus, in your mind.
(...)

T. S. ELIOT
(1888 — 1965)

sexta-feira, 29 de junho de 2007

DEUS NOS LIVRE! (1)

Homem que não bebe, ou é muçulmano ou esconde qualquer coisa.

CHAMEM-ME PESSIMISTA (2)

Quando ouço falar de Planos para a Baixa (do Porto ou de Lisboa, tanto faz), penso logo que vão deitar abaixo qualquer coisa boa.

CHAMEM-ME PESSIMISTA (1)

Quando ouço falar em Fundações culturais, penso logo em afundações e em sete cães a um osso.

DAR MÚSICA OU DA ANIMAÇÃO LUMINOSA

The Band Concert (E. U. A., 1935), Walt Disney.

DA NATUREZA NA ARTE (3)

Contudo, com o passar do tempo, os factores políticos desvanecem-se. A popularidade das artes criativas e a influência que exercem dependerão, em última análise, da sua qualidade e poder de atracção, do encanto e entusiasmo que geram e de escolhas demóticas. Picasso empenhou a sua fé contra a natureza e vasculhou dentro de si próprio. Disney trabalhou com a natureza, estilizando-a, antropomorfizando-a e surrealizando-a, mas, em última análise, reforçando-a. É por isso que as suas ideias formam tantos polimpsestos poderosos no vocabulário visual do mundo, no início do século XXI, e continuarão a brilhar, enquanto que as ideias de Picasso, embora poderosas durante grande parte do século XX, gradualmente se desvanecerão e parecerão obsoletas, à medida que a arte representativa volta a ser apreciada. No final, a natureza é a maior força de todas.
Criadores, Paul Johnson, tradução de Inês Castro, edição Alêtheia Editores, Lisboa, 2007.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

ASSOCIAÇÕES AUTOMÁTICAS

Leio Les Fleurs du Mal ao som de Tristan und Isolde.

PARA AREJAR AS IDEIAS

Começa hoje o Cascais Worlds 2007 — Campeonatos do Mundo das Classes Olímpicas. Se quiser acompanhar tudo, de um ponto-de-vista local e português, passe pelo Clube Naval de Cascais.

DAR MÚSICA OU DO ROCK LUMINOSO

«This Is Love», PJ Harvey.

TER TEMPO

Acabei de pôr em dia as audições de uma quantidade de discos. Um amigo meu dizia que não tinha tempo para ouvir os discos que comprava. Chegou a ministro. Eu não passo da cêpa torta, mas oiço os meus discos todos.

DO SER

Não são as imagens que fazem um filme, mas a alma das imagens.
ABEL GANCE

VOLTAS E MAIS VOLTAS

Aquele postal já não está à vista (só ficam nessa posição os últimos 50), mas será actualizado volta e meia. A propósito: vou ali dar uma volta ao Campo Pequeno. Espero não ter que mandar ninguém dar uma volta ao bilhar grande, com o mau feitio com que ando. Estas voltas todas serviram apenas para lembrar aos leitores a hipótese de irem passando no tal postal, embora este não seja nada de especial.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

TAKE IT OR LEAVE IT


CRENTES E CRÉDULOS

Os primeiros, Acreditam em Algo; os segundos, começam por não acreditar em nada e acabam a acreditar em tudo.

DAS AFINIDADES

O Ilustre Réprobo teve a gentileza de me dedicar um postal, no seu blogue. Vindo de quem vem, é com subida honra e grato prazer que recebo o presente. Ainda para mais, o tema em causa é muito caro cá em casa.

PROVAVELMENTE A MAIS BELA CANÇÃO POP DE AMOR DE SEMPRE

I Want You

Oh my baby baby I love you more than I can tell
I dont think I can live without you
And I know that I never will
Oh my baby baby
I want you so it scares me to death
I cant say anymore than I love you
Everything else is a waste of breath
I want you
Youve had your fun you dont get well no more
I want you
Your fingernails go dragging down the wall
Be careful darling you might fall
I want you
I woke up and one of us was crying
I want you
You said young man I do believe youre dying
I want you
If you need a second opinion as you seem to do these days

You can look in my eyes and you can count the ways
I want you
Did you mean to tell me but seem to forget
I want you
Since when were you so generous and inarticulate
I want you
Its the stupid details that my heart is breaking for
Its the way your shoulders shake and what theyre shaking for
Its knowing that he knows you now after only guessing
I want you

Its the thought of him undressing you or you undressing
I want you
He tossed some tatty compliment your way

I want you
And you were fool enough to love it when he said
I want you
I want you
The truth cant hurt you its just like the dark

It scares you witless
But in time you see things clear and stark
I want you
Go on and hurt me then well let it drop
I want you

Im afraid I wont know where to stop
I want you
Im not ashamed to say I cried for you
I want you
I want to know the things you did that we do too
I want you

I want to hear he pleases you more than I do
I want you
I might as well be useless for all it means to you
I want you
Did you call his name out as he held you down
I want you
Oh no my darling not with that clown
I want you
Youve had your fun you dont get well no more
I want you
No-one who wants you could want you more
I want you
Every night when I go off to bed and when I wake up
I want you
I want you
Im going to say it once again til I instill it
I know Im going to feel this way until you kill it
I want you
I want you

Elvis Costello

SERÁ DOS MEUS OUVIDOS?

Porque será que os tipos que mais usam a palavra «provinciano» — aplicada aos outros... — têm sempre sotaque das berças?

DISCERNIMENTO

Receita inaciana para lidar com os tempos modernos. É remédio santo.

terça-feira, 26 de junho de 2007

DO EROTISMO FÉRTIL

Mónica e o Desejo (Suécia, 1952),
de Ingmar Bergman,
com Harriet Andersson.
O Filme será exibido dia 6 de Julho (sexta-feira), às 22.30 horas, na Cinemateca Portuguesa, com a presença da Actriz, no âmbito dos Ciclos «Cinema na Esplanada: Filmes da Praia» e «Harriet Andersson: "Um Erotismo Firme"».
«No princípio era Monika.»
Afirmou François Truffaut; e, ficou tudo dito!

TIVESSE EU «LINKS PERMANENTES» E ESTE ERA CERTINHO (1)

Volta e meia, para ler o sempre atento, inteligente e acutilante André Azevedo Alves, gosto de passar por aqui. Houvesse mais Andrés...
Decidi inaugurar deste modo uma série com este título, com o objectivo de definir os meus quadrantes na blogosfera (uma questão de orientação, portanto). Nunca será demais repetir que os dois links que excepcionalmente tenho («ligações», aqui ao lado, na coluna da direita) correspondem aos únicos sítios onde escrevo na internet.

ZUMBA NA CANECA!

Dizem que havia para aí uma inauguração de arromba no sítio de onde outrora partiam as naus. Estive a trabalhar e nem me lembrei de tal coisa. Perdi assim a oportunidade de comparecer (acabei, agora mesmo, de deitar o convite para o lixo) a essa feira de vaidades, propícia ao lazer e aos «contactos». Graças a Deus, uma pena de primeira água da nossa blogosfera adianta o que por lá se terá passado, aproveitando para pintar o triste quadro do nosso (salvo seja!) «meio» cultural — e respectiva república das bananas. Genial!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

DAS FIGURAS DE ESTILO

Frances Goodman
Baisers Volés, 2006
Beads, silk, thread
38.5 x 55 x 14 cm

O SEU A SEU DONO E CADA UM COM O SEU NOME

As Avenidas Novas foram traçadas por Ressano Garcia, durante o período da Regeneração da Monarquia Portuguesa (por essas e outras, a actual avenida da república tinha o seu nome). As Avenidas Novíssimas (gosto muito de lhes chamar assim — o superlativo fica-lhes muitíssimo bem) são rasgadas a partir da genial arrancada urbanística de Duarte Pacheco, em tempos de Estado Novo. Vem esta evidência (desculpem-me, mas, desde que ouvi uma criança dizer que a ponte foi feita pelo 25 do 4, repito tudo muito devagarinho) a propósito desta deliciosa lembrança do Bic Laranja (com nome certíssimo para as avenidas, que este nota-se bem que sabe da poda). Aviso já que o referido postal áudio-visual pode fazer chorar as pessoas sensíveis e de bom-gosto.

O MELHOR LICEU DO MUNDO

Liceu Dona Filipa de Lencastre, 1958.
Autor da Fotografia: Salvador de Almeida Fernandes.
[Ficha técnica completa no
Arquivo Fotográfico da C. M. L.]

A MELHOR IGREJA DO MUNDO

Igreja de São João de Deus, fachadas principal e lateral, 1956.
Autor da Fotografia: Armando Serôdio (1907 — 1978).
[Ficha técnica completa no
Arquivo Fotográfico da C. M. L.]

O MELHOR BAIRRO DO MUNDO

Fotografia aérea do Bairro Social do Arco do Cego, Praça de Londres e Alvalade, 1953.
Autor da Fotografia: Mário de Oliveira.
[Ficha técnica completa no
Arquivo Fotográfico da C. M. L.]

domingo, 24 de junho de 2007

PARA GRANDES MALES, GRANDES REMÉDIOS

Sejamos prácticos. Quanto ao património edificado de Lisboa, a coisa é simples. Ponha-se os historiadores da Arte a classificá-lo em duas categorias (nestas matérias não há meias-tintas): o que é mau — para implodir, de imediato, pelos engenheiros especializados no assunto; e, o que é bom — para recuperar, devagar e com muito cuidadinho, pelos arquitectos que não nasceram ontem. Quanto ao resto: pára tudo, que já basta de caixotes!

UM CASO PERDIDO PARA A SOCIEDADE DE CONSUMO

Deleito-me com o visionamento de filmes publicitários. Fazem-me lembrar os bons velhos tempos do Cinema Mudo, com a sua linguagem sintética de imagens em movimento, sem andar a reboque dos diálogos. Contudo, nunca fixo os produtos que essas curtas narrativas tentam impingir. Também me está cá a parecer que não serei o típico target de nenhum desses spots, pois não é fácil encaixar-me em «públicos-alvo», ou lá o que é.

AO PRINCÍPIO ERA O CINEMA

Não sei quem sejam os criativos das «meninas do trim-trim»; mas, a evolução destas como personagens, assim como a progressão narrativa, parece-me muitíssimo bem — a fazer lembrar Feuillade. Teremos publicitários cinéfilos?...

UM FILME MUITO CÁ DE CASA — 2

Alta, magrinha, loira, elegante, bonita, inteligente, culta, dura, olhar cortante e voz rouca — e com 19 anos! Definitivamente: destas, já não se fazem, nem lá nem cá. Um tipo feminino lunar e ocidental, muito californiano e lisboeta (pois era, mas de outras eras!).

UM FILME MUITO CÁ DE CASA — 1

Lauren Bacall canta «How Little We Know», acompanhada ao piano pelo autor da música, Hoagy Carmichael, e contracenado com Humphrey Bogart, em To Have and Have Not (E. U. A., 1944), realizado por Howard Hawks, com argumento de Jules Furthman e William Faulkner, a partir de uma novela de Ernest Hemingway com o mesmo título do filme.

Nota: Apesar da dessincronização imagem/som, desta cópia em vídeo disponível on-line, não pude deixar de publicar esta cena. Porque me apeteceu muito...

MORTE OU GLÓRIA

They Died With Their Boots On (E. U. A.,1941), Raoul Walsh.

sábado, 23 de junho de 2007

700

Este postal tem o n.º 700.

MUNDO E ARTE

Não nos afastamos certamente mais do mundo do que pela arte e não nos vinculamos certamente mais a ele do que pela arte.
GOETHE
(1749 — 1832)

ARTE E MUNDO

É este o nexo latente que une as formas da nova arte aparentemente mais distantes. Um mesmo instinto de fuga e evasão do real satisfaz-se tanto no supra-realismo da metáfora quanto naquilo a que se pode chamar infra-realismo. A ascensão poética pode ser substituída por uma imersão abaixo do nível da perspectiva natural. Os melhores exemplos de como por extremar o realismo se o supera — basta observar de lupa na mão o microscópio da vida — são Proust, Ramón Gómez de la Serna, Joyce.
A Desumanização da Arte, José Ortega y Gasset, tradução de Manuela Agostinho e Teresa Salgado Canhão, edição Vega, colecção Passagens, Lisboa, 2003 (3.ª edição).

DA NATUREZA DA ARTE (2)

Em harmonia com a Natureza, o artista conseguirá acrescentar algo — artificial e por si construído — ao mundo natural, para que lá se perpetue e frutifique; caso contrário, as suas criações serão efémeras e estéreis, porque desligadas da realidade onde nasce a Arte.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

O CORPO E A ALMA EM LEITÃO DE BARROS (PARA A FILÓSOFA SOFIA)

Para além de tudo o que aqui ficou escrito, acrescento: em Lisboa, Crónica Anedótica (1930), Leitão de Barros filma os ciclos da vida — da infância à velhice — de uma forma humana e plasticamente bela. Os rostos e os corpos são retratados com uma sensualidade fascinante. É um esteta voyeur que vampiriza as pulsões eróticas das mulheres e homens de Lisboa — nessa enebriante viragem de décadas —, sem, contudo, lhes retirar a energia, ou — muito menos — a alma. Afinal, este esteta é também um humanista, com toda a carga histórica e estética que a palavra transporta. Assim, atravessando bairros e extractos sociais, mostra várias personagens anónimas da Capital, com notáveis grandes planos de rostos, em toda a sua expressiva individualidade. Por outro lado, quando se trata de planos gerais, como na espantosa sequência das Forças Armadas, com Marinha e Exército, os movimentos dos grupos adquirem um valor balético e coreográfico de inexcedível beleza no Cinema Português. Nestas cenas, o efeito de ralenti vem sublinhar a beleza plástica das acções: os marinheiros do Navio-Escola Sagres são elevados, nas suas simples tarefas diárias — depois de captados pela câmara voyeur e após a dinâmica montagem —, à categoria de heróis clássicos, na beleza escultórica dos corpos e na coreografia dos movimentos colectivos. Aqui cheira a Couraçado, de Eisenstein, como ao longo da película se sente Vertov; mas, cá para mim (meu Deus, o que eu vou dizer...), vai-se mais longe em poesia do olhar, pois também pressentimos a influência das vanguardas francesas. Leitão de Barros usa Lisboa e os lisboetas como matéria-prima para edificar uma obra plástica e rítmica, profundamente humanista, e, com fortes marcas identitárias — onde, ainda hoje, todos nos reconhecemos. Destacaria, a finalizar estas notas de visionamento, e só estas, porque este filme não se encerra — pois fugiria certamente! —, uma última cena: o treino de uma belíssima carga (homens de espada em riste e cavalos galopando, em plena harmonia), levada a cabo pelo Regimento de Cavalaria 7 : nestas imagens, em slow motion, é toda uma Ética de Cavalaria — para sempre perdida — que desfila à nossa frente. De arrepiar.

DAS BALADAS QUE BATEM COM FORÇA

«Nothing Else Matters», Metallica.

O RAIO DO INGLÊS É QUE A SABIA TODA

«Portugal é um país maravilhoso; mas, estraga-o a presença dos portugueses.» A cada dia que passa, mais verdadeira me parece esta terrível frase.

PÉROLAS A PORCOS

Assisti ontem ao fabuloso Lisboa, Crónica Anedótica, de Leitão de Barros. A sala estava às moscas. O pouco público presente era, na sua maioria, pouco mais do que analfabeto cultural, não conseguindo sequer fruir em silêncio o espectáculo de arte cimematográfica que, manifestamente, não compreendia. Sem gente, não vamos lá. Nem são precisos muitos; mas que os poucos, ao menos, sejam bons. No final, a minha culta colega R. e eu trocámos desabafos e impressões. Falar com gente civilizada é outra coisa.

OS SILENCIADOS

Certa televisão comercial, que nos seus tempos áureos dizia que até fazia — ou vendia, ou lá o que era — presidentes da república (vide documentário Cette télévision est la vôtre, de Mariana Otero), decidiu excluir, do debate que organizou e transmitiu, cinco dos doze candidatos à presidência (lá está...) da Câmara Municipal de Lisboa: António Garcia Pereira, Gonçalo da Câmara Pereira (não encontrei site nem blog da candidatura), José Pinto-Coelho, Manuel Monteiro e Pedro Quartin Graça. Aqui, dá-se voz aos excluídos, em nome da igualdade de oportunidades, que de oportunistas estamos nós fartos; e, ficamos assim conversados — para já — sobre o assunto.

LITERATURA DE VIAGENS

quinta-feira, 21 de junho de 2007

PARABÉNS!!

A minha jardineira preferida — verdadeira feiticeira dos sentidos — completou ontem dois anos de serena deambulação na blogosfera, espalhando sabedoria e lançando perfume lá do seu Éden. Com um dia de atraso, envio-lhe um beijo virtual, que, para as Senhoras — mesmo que desconhecidas — vão beijos, quando estas «são Rosas».

A MAIORIA SILENCIADA

A partir de hoje, a mulher pode mandar matar a criança que tem dentro da barriga. O filho não é tido nem achado. O pai não é ouvido. São a maioria silenciada.

DA FILOSOFIA DO BLOGUE

Sugeriram-me que abrisse um blogue para falar disto e outro para tratar daquilo. Bem sei que me disperso por variadíssimos temas; mas, sempre tive um certo horror à especialização. A simples imagem da criatura que passa toda a sua santa vida numa só tarefa, ou falando apenas sobre o mesmo assunto, assusta-me. Do que gosto mesmo é de ir aprofundando, em paralelo, vários interesses, muito ao ritmo de descobertas — ou deliciosos acasos — que vêm, quando menos se espera, enriquecer esta ou aquela área de investigação. Assim sendo, e seguindo esta metodologia, aqui — e só aqui — irei continuar a revelar pitadas das minhas incursões nos mundos da Cultura, vista do meu ponto-de-vista. Pode dar-se o caso, pois, de hoje falar de Cinema, amanhã de Lisboa, depois de amanhã de Fotografia, e depois ainda de Poesia, e, ainda mais além, de Livros e Mulheres — que são o princípio e o fim de todas as coisas —, e de Arquitectura e de Paisagismo — os males necessários para os nossos bens —, e do diabo a sete, passando pelo Xadrez e pela Música, e terminar na História, que anda necessitada de quem lhe deite a mão, para ver se começa a ser contada como deve ser. Só embarca quem quiser, e nem é preciso tirar bilhete. Agarrem-se bem.

DA NATUREZA DA ARTE (1)

O artista deve criar em harmonia com a Natureza.

SOLSTÍCIO

Hoje é o primeiro dia do Verão. Chegámos a ele sem ter verdadeiramente sentido o sabor da Primavera. A Natureza não está para aí — ou para aqui — virada.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

DO QUE É QUE ESTA CASA GASTA?

Esta casa gasta do que gosta.

MARAVILHAS DA TECNOLOGIA!

De repente — sem água vai — o Blogger começou a falar em Português: «post», por exemplo, passou a ser — por que carga d'água?!... — «mensagem», que se começou, desta forma, a «publicar»; e «blog», como era desejável, tornou-se «blogue». Todo o restante «painel» refulge, agora, no nosso idoma. Apesar de tudo, antes assim, que estamos em Portugal, e por cá ainda se vai falando na Língua de Agustina (apeteceu-me dizer e escrever Agustina; tanto, que até repito a dose).
Post Scriptum: Aproveito para esclarecer que a palavra «coeur» não foi escrita correctamente nos sete postais (nesta casa há «postais», não há «mensagens») anteriores que levam essa palavra no título porque não sei pôr este teclado a falar Francês, se é que me faço entender. Fosse eu um gato maltez...

MON COEUR BALANCE... (7)

Jane Russell e Marilyn Monroe cantam e dançam (resquícios da tal «Época de Ouro» em que todas as actrizes sabiam cantar e dançar) «Two Little Girls From Little Rock» no filme Gentlemen Prefer Blondes (E. U. A., 1953) de Howard Hawks.

Não se assustem, que não estou gagá e não vou passar aqui a fita inteira...!
De salientar ainda a convergência dos elementos plásticos da direcção artística — cenário e guarda-roupa, e respectivos adereços e acessórios — para fazer brilhar as estrelas femininas. Assim se construía o tão falado glamour.
Entretanto, já posso parar esta sequência da série entitulada «Mon Coeur Balance», pois, também em mais este despique entre duas Senhoras, o empate está — subitamente — assegurado no meu coração. Tardou, mas foi; e, foi, como sempre, por motivos inacessíveis à razão.

MON COEUR BALANCE... (6)

Tema «Bye Bye Baby» cantado (quando as actrizes eram completas e sabiam cantar) por Jane Russell e Marilyn Monroe em Gentlemen Prefer Blondes (E. U. A., 1953) de Howard Hawks.

... Se dúvidas houvesse quanto ao facto de Jane Russell bater aos pontos Marilyn Monroe...
... Digo eu...

MON COEUR BALANCE... (5)

Jane Russell e Marilyn Monroe cantam «When Love Goes Wrong» em Gentlemen Prefer Blondes (E. U. A., 1953) de Howard Hawks.

A afirmação que o título deste filme encerra, como se de uma verdade absoluta se tratasse, sempre me pareceu manifestamente exagerada, especialmente quando, de ouvidos bem atentos, passo os olhos pela esplendorosa estrela — morena — Jane Russell. Rosto, voz e corpo são as chaves da empatia mágica que as estrelas estabeleciam com o espectador — num misterioso e secreto processo de distanciamento e identificação —, nesses tempos da Golden Age de Hollywood.

MON COEUR BALANCE... (4)

Gentlemen Prefer Blondes
(E. U. A., 1953)
Howard Hawks.

terça-feira, 19 de junho de 2007

UMA QUESTÃO DE FEITIO (3)

Troco bem muitas verdades por pura autenticidade.

UMA QUESTÃO DE FEITIO (2)

Para mim esta (qualquer que seja ela) nunca é uma questão de semântica; é — eh, pois é! — sempre uma questão de carácter.

UMA QUESTÃO DE FEITIO (1)

Para mim não há autores de referência; há — ah, pois há! — autores de reverência.

DA LIVRE FRUIÇÃO DA ARTE

As convicções ideológicas não devem limitar (tipo palas para burros) os gostos estéticos; ou, dizendo ainda mais e melhor: as obrigações ideológicas não devem quebrar as naturais fidelidades estéticas.

DA BLOGOSFERA COLECTIVA

O Paulo Pinto Mascarenhas tem tido o extraordinário mérito de ir reunindo nos blogues 31 da Armada e Atlântico um núcleo duro de bloguistas de fino recorte. Dessas sinergias resultam dois blogues de grande visibilidade e forte intervenção cultural. É o que eu digo: «Em todo e qualquer lado há sempre um Filipado».

MESTRE CLÁSSICO E AUTOR DE REVERÊNCIA

Howard Hawks (1896 — 1977).

NESTE GÉNERO CINEMATOGRÁFICO, MELHOR NUNCA SE FEZ

Scarface (E. U. A., 1932), de Howard Hawks.

DO SABER

Se eu fosse politicamente correcto, diria que aprendo muito com os meus alunos; sendo honesto, digo que aprendo por causa deles.

PALAVRAS DA MODA QUE ME FAZEM MUDAR DE CANAL OU DE MESA:

Implementar, deslocalizar, complicado, incontornável, sustentável, assertivo, evento, elencar, socialite (o que é esta merda?), alavancar (...)

[Nota: A série continua, neste postal, à medida que for levando com elas — as palavras, bem entendido.]

CORTANDO A DIREITO

Um grande blogue português completou, por estes dias, quatro anos, nesta vida de publicismo diarista, na rede electrónica universal. Só por si, o acontecimento já seria obra, com tudo o que representa de persistência e determinação, numa tarefa de verdadeiro serviço público. Mas, tratando-se do blogue em causa, é um feito especialmente assinalável, pois consegue aquele bloguista falar-nos do dia-a-dia com uma lucidez acutilante, que projecta na intemporalidade os seus textos contra-a-corrente. Minhas senhoras e meus senhores: Portugal dos Pequeninos, de João Gonçalves.
Post Scriptum: Não só não conheço o Autor em causa, como não concordo com tudo o que lá escreve, o que me dá um gozo especial — o suave aroma da liberdade — ao escrever estas linhas.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

CONTEMPLAÇÃO II

A União da Terra e da Água, c. 1618
RUBENS (1577 — 1640)
Óleo sobre Tela, 222,5 x 180,5 cm
Museu Hermitage, São Petersburgo.

CONTEMPLAÇÃO I

Vénus ao Espelho, c. 1644-1648
VELÁZQUEZ (1599 — 1660)
Óleo sobre Tela, 122,5 x 177 cm
National Gallery, Londres.

domingo, 17 de junho de 2007

DO MEMORIALISMO

No meu entender, a vida consiste em três partes: o absorvente e habitualmente agradável presente, que corre minuto a minuto com velocidade fatal; o futuro, obscuro e incerto, em relação ao qual podemos imaginar grande número de planos interessantes, e se insólitos e improváveis tanto melhor, visto que — como nada virá a ser como esperávamos que fosse — ao menos nos divertimos enquanto planeávamos; e a terceira parte, o passado, as recordações e as realidades que são os alicerces da vida presente e que nos surgem de repente, trazidas por um perfume, pela forma de uma colina, qualquer canção antiga, trivialidades que de súbito nos fazem murmurar: — Eu lembro-me... — com um peculiar e quase inexplicável prazer.
Autobiografia, Agatha Christie, tradução de Maria Helena Trigueiros, edição Livros do Brasil, colecção Dois Mundos, n.º 141, Lisboa.

sábado, 16 de junho de 2007

MODERN TIMES II

É da minha vista ou os outdoors (antes tivessem ficado fechados a sete chaves indoors) da pré-campanha eleitoral para a CML têm como target crianças de 7 anos, atendendo à criatividade do design, às matizes cromáticas e à sofisticação das mensagens?...
Poupem-se e poupem-nos, please!

MODERN TIMES I

É impressão minha ou os semáforos para peões da cidade de Lisboa estão programados tendo como referência a velocidade de ponta do campeão do mundo dos 100 metros?
Por estas e outras, cada vez mais me parece que a tradução para bom português de «modern times» deverá ser «tempos de merda».

DA OLISSIPOGRAFIA

O dinâmico blogue Cidadania LX apresenta diariamente postais de qualidade de autores atentos às coisas de Lisboa, e presta o alto serviço de ter ligações aos sítios de todos os 12 candidatos à CML; nos dias de hoje, esta seriedade é de apontar e louvar, porque rara.

MON COEUR BALANCE... (3)

Miúdas desconhecidas, mas muito queridas...!

DOS TEATROS QUE TAMBÉM JÁ ERAM...!

Bem caçada, pelo activíssimo bloguista Jorge Ferreira, esta evocação do saudoso lugar — Parque Mayer: 85 anos.

TÃO PERTO, TÃO LONGE

Um postal para cinéfilos lisboetas, em ecrã múltiplo, a dar vontade de chorar: Cinemas desaparecidos, de Eurico de Barros.

AINDA E SEMPRE ROMA

Dois obrigatórios postais de viagens: Visto em Roma (1) e Visto em Roma (2), de F. Santos. Bloguista este que enriquece a revista Alameda Digital com os seus textos sobre Música.

MON COEUR BALANCE... (2)

Kim Gordon.

Kim Deal.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

ÀS VEZES, ATÉ PARECE QUE AS PAREDES TÊM OUVIDOS! (3)

Acabei de tomar conhecimento, através do excelente site da dinâmica Videoteca Municipal de Lisboa, que o filme Lisboa, Crónica Anedótica (1930), de Leitão de Barros, será exibido no Fórum Lisboa (antigo Cinema Roma), dia 21 de Junho (5.ª feira), às 21.45 h. Além do mais, escrevem nesse site um apelativo texto, onde tiveram a gentileza de estabelecer um link para o meu artigo «Saudades do Futuro» na revista Alameda Digital. Bem-hajam, e todos ao Fórum Lisboa!

ACABAR EM BELEZA

A título de remate ao postal anterior, releia-se o fascinado e fascinante elogio às divas do Cinema Mudo Italiano: As Grandes Trágicas do Silêncio, de António Ferro (2.ª edição, de 1922, com introdução do Autor à sua referida conferência, proferida cinco anos antes, no Cinema Olympia, com 19 anos de idade!).

VIAGENS A ITÁLIA

Na arrumação do núcleo de Geografia, Atlas Geográficos e Viagens da minha biblioteca, descubro um delicioso Guia de Roma (edição Libreria Editrice Religiosa Francesco Ferrari, Roma, 1925), que a minha Avó Luísa Firmino Costa Pinto usou na sua visita à cidade eterna nesse ano. Daí até pegar em Passadas de Erradio — Impressões e Estudos de Viagens, de Ricardo Jorge (sim, esse, o tão grande médico quanto escritor), e reler de chofre os capítulos dedicados à passagem dele por Itália na mesma época, foi um ápice. Não sei por que será, mas, sinto sempre um sabor especial nos relatos de quem pôde viajar antes da massificação turística.

DA ARTE DO COMBATE E DA CONQUISTA

O combate continua a ser uma coisa santa, um julgamento de Deus sobre duas ideias. A nossa natureza profunda leva-nos a defender a nossa causa cada vez mais encarniçadamente, de tal modo que o combate é a última palavra da nossa razão, e só o que se adquire através dele constitui uma verdadeira possessão. Nenhum fruto amadurece para nós que não tenha resistido às tempestades de ferro, e tudo, até o melhor e o mais belo, exige ser conquistado de alta luta.
A Guerra como Experiência Interior, Ernst Jünger, tradução de Armando Costa e Silva, revisão (com base no original alemão) de Roberto de Moraes, edição Ulisseia, colecção Os Afluentes da Memória, Lisboa, 2005.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

AO MEU CARO RODRIGO B. C. (LEITOR ASSÍDUO E APRECIADOR DE COISAS BOAS)

Sophie Marceau.

AGENDA ERUDITA

No próximo Sábado, dia 16 de Junho, das 14 às 16 horas, na Antena 2, teremos tons antigos. O culto João Chambers trar-nos-á os sons de Francesco Gasparini, Alessandro Scarlatti, Arcangelo Corelli, Johannes Hieronymus Kapsberger e Francesco Scarlatti — criadores activos em Roma, durante o século XVII, ao abrigo do mecenato papal — no seu programa de culto Musica Aeterna. Estão garantidas duas horas de aprendizagem e deleite com a cultura musical europeia pré-romântica.

LIDO, REFLECTIDO, E ASSUMIDO

Nesta coisa do dossier d'«A Direita e as Direitas», da revista Alameda Digital, alinho totalmente com os textos «A direita que não quer ser», de Manuel Azinhal, e «Notas avulsas e Direitas polémicas», de Pedro Guedes da Silva. Todos os outros dez artigos também são de leitura obrigatória.

DOS PRIMÓRDIOS DO CINEMA

Pode parecer estranho aos cinéfilos desprevenidos — nesta época avessa às noções histórico-cronológicas —, mas, os primeiros catorze anos da História do Cinema Português decorreram (a bom ritmo, diga-se) sob Regime Monárquico, tendo tido a Casa Real um papel activo e dinamizador da — então — novíssima Arte. Aviso já, no entanto, que este casamento feliz não teve um happy end ao estilo de Hollywood, mas, antes, um final trágico, mais ao gosto clássico grego ou romântico germânico. Pior ainda: os maus vieram e venceram, e o crime ficou sem castigo. Dito isto, disto mesmo tento eu dar conta, através de umas ideias que esbocei, a partir da vida e obra de uma figura do Cinema Nacional, no texto «O Pioneiro de Lisboa», publicado na revista Alameda Digital.
Post Scriptum : Espero que a R. — conhecedora da História, e das histórias, de Reis e Raínhas — aprecie o texto.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A DIREITA REVISITADA POR GENTE ÀS DIREITAS

Já se encontra em linha na rede a edição n.º 8 da revista Alameda Digital, tendo como tema de fundo «A Direita e as Direitas». Assim sendo, a coisa promete ainda mais do que é costume.

terça-feira, 12 de junho de 2007

NAS BODAS DE DIAMANTE

Em noite de Marchas Populares de Lisboa, recordemos o seu genial criador: Leitão de Barros.

MON COEUR BALANCE... (1)

Katharine Hepburn.

Audrey Hepburn.

VALHA-NOS SANTO ANTÓNIO...

... Para os obrigar a devolverem a Lisboa o que é de Lisboa e anda oculto por tapumes...!

SANTO ANTÓNIO, UM SANTO DE LISBOA

A Fundação Maria Ulrich realiza amanhã [12 de Junho] a 4ª Conferência do Ciclo de Conferências "Santos de Lisboa". Esta será dedicada a Santo António e o orador é o Prof. César das Neves. Terá lugar às 21.30 h., na Casa Veva de Lima, na Rua Silva Carvalho, 240.

Recebido ontem por e-mail e publicado aqui hoje por manifesto interesse cultural.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

CADAVRE-EXQUIS ÁUDIO-VISUAL

A RTP 2 retoma a tradição das nocturnas sessões duplas; e, logo com um improvável e fascinante pendant: Western — o género épico norte-americano (a única forma de expressão artística criada pelos americanos) — e Resnais — o autor francês da memória e dos labirintos caóticos da mente. Verão que é para mergulhar de cabeça, nestas noites de Verão.

EM DIRECÇÃO AO ABISMO (COM ESPÍRITO JOVEM...!)

Smells Like Teen Spirit
(...)
Hello, hello, hello, how low?
Hello, hello, hello
(...)
Kurt Cobain

FARPAS CONTEMPORÂNEAS

Ainda há quem pense pela sua cabeça e o diga em voz alta na telefonia — Questões de Moral, de Joel Costa, na Antena 2.

BUTTERFLY MORNINGS

Butterfly mornings
Catch me there
Gonna get me there
If I have to climb all the mountains on the moon
I'll be in butterfly mornings
Butterfly mornings
And wild flower afternoons
I found you in the corner
Down there sitting on the sea
Gonna trace your footsteps
Underneath the waves
On the petals of a wild flower
With the sun high at noon
I want walks in butterfly mornings
And wild flower afternoons
Butterfly mornings
Wild flower afternoons
Hope Sandoval

RETRATO SOCIAL PÓS-MODERNO

O pai vê o futebol, na sala; a mãe devora a tele-novela, na cama; o filho está no Chat, com desconhecidos, fechado no quarto; e, a filha expõe-se ao mundo no Hi-5, a partir do quarto ao lado. Democraticamente, este lindo panorama aplica-se a todas os grupos sociais, unidos agora na feliz classe média. Aguarda-se um futuro promissor, portanto.

UMA QUESTÃO DE TIMING

Tenho para mim como certo e sabido que a grande doença do portuguesinho é a falta de pontualidade; e assim se lixa todo um País.

domingo, 10 de junho de 2007

VIRADAS DO AVESSO

Uma mulher que não consegue ser feminina, torna-se feminista.

AFORISMOS SEM EUFEMISMOS

Cheira-me que o facto de não ter eufemisticamente escrito «pessoas» no lugar de «mulheres», no penúltimo postal, me vai trazer para aí feministas à perna e vai ser um bico de obra. Fossem elas giras, mas costumam ser uns coirões...

SOLUÇÃO PARA A MISSÃO IMPOSSÍVEL ANTERIOR

Deixá-las a falar sozinhas; ou, melhor ainda: deixá-las sozinhas a falar.

MISSÃO IMPOSSÍVEL

Falar com mulheres que só se ouvem a elas mesmas (acontece-lhes muito depois dos 40, mas algumas já nasceram assim).

NUNCA É DE MAIS REPETIR...

Se só agora aqui chegou, pode ir consultando os seis meses de arquivo deste blogue — correspondentes a outros tantos de animado bloguismo —, para saber do que é que a casa gasta...

COMO ERA BOA A BOÉMIA DE LISBOA

«Sometimes Always», The Jesus and Mary Chain e Hope Sandoval.

Video-clip publicado a pensar em todas as boas conversas que tive ao balcão de bares.

ESSA É QUE É ESSA

Parece mentira, mas existe ainda quem acredite ingenuamente no artista romântico criando em liberdade; na verdade, enquanto as Artes (as sete, e todas as outras) dependerem do Estado, os artistas lá estarão mansamente encostados. E o resto é conversa.

sábado, 9 de junho de 2007

AINDA E SEMPRE OS SAUDOSOS PLÁTANOS DO CAMPO PEQUENO

Bem sei que não trará de volta os lindíssimos plátanos à sombra dos quais brinquei e passeei ao longo de quarenta anos, mas assinei esta PETIÇÃO para que fique escrito preto no branco que não gostámos e que não somos parvos.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

TRATAR DO TACTO

— De todas as maneiras — argumentou Ottilie — não seria mau incluir nos livros de boas maneiras, depois do consabido capítulo sobre o modo como nos devemos comportar na sociedade no respeitante ao comer e beber, outro capítulo muito circunstanciado explicando como devemos lidar com as obras de arte.
— Certamente que sim — aprovou o arquitecto — e então poderiam os donos e os amadores mostrar as suas curiosidades de melhor grado.
In As Afinidades Electivas, de Goethe, tradução de Beatriz de Mascarenhas, edição Editorial Estampa, colecção Ficções, n.º 21.

OS LISBOETAS AGRADECEM

Tudo o que se passa em Lisboa, passa por aqui.

ÀS VEZES, ATÉ PARECE QUE AS PAREDES TÊM OUVIDOS! (2)

Hoje, é dia para ler «Alegria de Viver» na Alameda Digital, e, de seguida, rever A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo, na RTP 1.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

ÀS VEZES, ATÉ PARECE QUE AS PAREDES TÊM OUVIDOS! (1)

Quem sentiu o apetite aguçado pela leitura de «Todos Nós Temos Amália na Voz», pode, hoje, visionar o filme — Amália, História d'Uma Cantadeira (1947), de Perdigão Queiroga — que serviu de leitmotiv para esse meu texto na Alameda Digital, na RTP 1; pois, alguém o desenterrou, em boa hora, dos riquísimos arquivos da Televisão de Portugal.

DEFININDO CONCEITOS

Contrariamente ao blogue colectivo dos antigos alunos do Liceu — onde aproveito para mandar umas postas ligeiras —, aqui só publico o que me desperta «eternas saudades do futuro»: assim mesmo, à letra e tudo!

FOI HÁ 30 ANOS!

«Rockaway Beach», Ramones.

Ao vivo, no CBGB's, em 1977.

DA BOA BLOGOSFERA

Não conheço este bloguista de parte nenhuma, mas concordo com quase tudo o que ele escreve; e, sei que não conseguiria redigir análises de forma tão clara, ainda que quisesse tratar os mesmos temas, a partir de ideias semelhantes.
Aqui, destaca-se o que é bom: não se pratica, pois, o «amiguismo»; embora se preze muito a Amizade.

DA SABEDORIA NA TELEFONIA

É verdade, sim senhor, não fosse cá dos meus o caro Valupi...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

CREPÚSCULO/AURORA

Julie Delpy.

TEIA MUITO LÁ PARA CASA.

Borges + Verdi + Magritte = ?

ESTÁ DIFÍCIL!...

Já dei várias voltas às livrarias de Lisboa e não consigo encontrar o livro de que nos fala aqui o meu caro confrade de revista Mário...

REFLEXÃO ETIMOLÓGICA

Compreendo perfeitamente que se diga que a televisão é um escape; de facto, também ela, quase sempre, polui a atmosfera.

QUAL DROGA, QUAL CARAPUÇA!

Ontem, em pessoalíssimo huis clos, dei A Volta ao Mundo com Ferreira de Castro.

REGULAMENTAÇÃO ARTÍSTICA EM TRÊS TEMPOS

Em primeiro lugar, os artistas devem criar livremente (ou trabalhar, se preferirem este tipo de vocabulário); depois, o mercado só tem de funcionar naturalmente, como para qualquer outra actividade produtiva; e, finalmente, os interessados — de acordo com os seus gostos e possibilidades — podem comprar as obras.

DO ETERNO FEMININO NA ARTE

Gosto disto, mas parece-me muita fruta só para o meu caro amigo Filipado Paulo...

terça-feira, 5 de junho de 2007

XADREZ SAUDOSO

Marcel Duchamp e Man Ray jogam xadrez numa cena do Filme Entr'Acte (França, 1924), com Realização de René Clair, Argumento de Francis Picabia e Música de Erik Satie.

SAUDOSO XADREZ

Das tertúlias passadas em que participei, e que se desfizeram, a que me traz mais saudades, sempre que dela me recordo, é a de xadrez. Cada um foi à sua vida, e a coisa morreu. Agora, resta-me jogar com improváveis parceiros, que surgem ao virar da esquina. Continuo a ter como supremo prazer estético a realização de uma partida de xadrez com uma mulher, até porque nesse grupo não havia nenhuma para esse efeito, e quando começaram a aparecer nas nossas vidas, com demasiada regularidade e luminosidade, foi precisamente para nos fazer abandonar o tabuleiro...
Nota: Postal dedicado à J., que me derrotou de rompante em duas partidas sucessivas, numa época em que já estava destreinado e não sabia que ela era filha de um antigo campeão...

DO ETERNO RETORNO

Canto I

Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou,
depois que de Tróia destruiu a cidadela sagrada.
Muitos foram os povos cujas cidades observou,
cujos espíritos conheceu; e foram muitos no mar
os sofrimentos por que passou para salvar a vida,
para conseguir o retorno dos companheiros a suas casas.
Mas a eles, embora o quisesse, não logrou salvar.
Não, pereceram devido à sua loucura,
insensatos, que devoraram o gado sagrado de Hiperíon,
o Sol — e assim lhes negou o deus o dia de retorno.
Destas coisas fala-nos agora, ó deusa, filha de Zeus.


Odisseia, Homero, tradução de Frederico Lourenço, edição Livros Cotovia, Lisboa, 2003.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

DESTES JÁ NÃO SE FAZEM

John Wayne (1907 — 1979)
em Stagecoach (1939)
de John Ford (1894 — 1973).

DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO (PENSANDO NA PATRÍCIA)

Uma querida e boa amiga, que, há muito, trocou a pasmaceira de Lisboa pela aceleração de Nova Iorque, diz-me agora, por correio electrónico, que, por lá — terras modernas, é o que é! —, todos os seus amigos e conhecidos têm um blog. Mas, ela não gosta de blogs, e, como tal, não os lê; no entanto, por acaso, leu o meu um bocadinho, por curiosidade de coisas portuguesas — deu-lhe dez minutos de atenção. Vindo de quem vem, sinto que «cravei uma lança em África», e o bold é meu, para sublinhar bem essa conquista (de tempo e atenção). Aliás, desalinhado que sempre fui, um dos meus maiores prazeres, nestas andanças blogosféricas, é sentir que para aqui trago pessoas que não só não têm blogues como, habitualmente, não os lêem... Eu também comecei assim... Até já.

CIDADES DE CULTO (2)

A cidade do Porto tem uma elite burguesa, de matriz aristocrática, que se esplana na Foz e tem as suas raízes no Douro, onde entronca na velha nobreza que em boa hora se converteu aos negócios, e os tem permanentemente readaptado aos ares dos tempos, ao mesmo tempo que conserva a sua tradicional sabedoria. Dessa gente, surgem as mulheres mais elegantes e coquettes e os homens mais rijos e francos de Portugal. É preciso ir lá para compreender os livros de Agustina e os filmes de Oliveira.

DOS LIVROS RAROS E ANTIGOS

Recebi hoje por correio — em papel, como eu gosto, para poder tomar notas à margem — o mais recente boletim de um livraria que se pauta pela sabedoria, bom-gosto e competência: antiga e rara, portanto.

A ARTE DA FUGA

Arrancar rumo a Veneza (com toda uma Bienal à nossa espera), passando por um programa português em Barcelona — para matar saudades da cidade —, e regressar por Madrid, para tomar chá no Círculo, antes de voltar, mesmo a tempo de percorrer os bons e velhos arraiais populares de Lisboa (que saudades daquele do Jardim de S. Pedro de Alcântara! — já não existe, pois não?).

QUASE...

Para a Mónica.
... que se me ia varrendo da memória, mas há toda uma história que regressa renovada por novos episódios de encontros e desencontros, ao sabor dos apetites culturais, gastronómicos e outros que tais, e, como tal, um qualquer raio de luz me recordou ser ontem dia de festa, pois nasceu nessa data a Princesa dos Montes da Lua, que eu pude descobrir recém chegada da germânica Floresta Negra, para formarmos parelha como borguistas, muito antes de haver bloguistas, nesta Lisboa, ao som de fado e jazz e rock e sublimes erudições, em recantos secretos só acessíveis a poetas e feiticeiras de ancestrais cultos lunares nocturnos feitos para convocar a aurora solar — matizante cromática desse eterno amante Tagus da nossa Felicitas Julia. Um beijo de Parabéns para Ti, ó Sempre Só!

METAL PURO E DURO

«Ace Of Spades», Motorhead.

METAL COM CHARME

«Come On Up», Girlschool.

JUST NUMBERS BUT I LIKE IT

O contador cá da casa acaba de registar 5000 visitas. Não tendo este blogue ligações — a não ser aos dois únicos sítios onde escrevo na rede —, por razões que já aqui expliquei, nem caixas-de-comentários, e, portanto, não comentando este Vosso bloguista nas dos outros (também outrora tudo justificado ali), dizem-me que o facto é obra. Seja. Bem-hajam por estarem aí.

domingo, 3 de junho de 2007

CIDADES DE CULTO (1)

Ainda perco a cabeça e dou um salto a Barcelona para abraçar o Jorge e o Zé e recordar a magnífica estada que lá me foi propiciada pela nossa Catarina.

LUGARES DE CULTO

O Blog de Cheiros é um lugar especialíssimo na blogosfera portuguesa. Educa o gosto, através dos sentidos, e revela uma Lisboa encantada e encantadora, por vezes escondida, outras vezes esquecida. Uma verdadeira lufada de ar puro, nestes tempos de barbárie.

sábado, 2 de junho de 2007

AGORA É QUE É

Hoje vou a um casamento. Por mais voltas que dê, continua a ser a minha festa preferida. Não há nada como um casamento, na sua conjugação de espiritual e sensual, e de sagrado e profano. Até amanhã.

TRISTE FIM

Uma das coisas mais confrangedoras com que topo nestes tempos modernaços à brava, é a quase ausência de vocabulário por parte de gente tida e achada como civilizada. A situação torna-se verdadeiramente dramática quando, ao quererem puxar de uma velha e boa expressão, que ainda tiveram a sorte de ouvir ao avô, lhes sai pela boca fora uma calinada de todo o tamanho. Nada que a leitura não resolvesse; mas, os dias são todos ocupados com muito trabalho, alternado com frivolidades. Nunca este País esteve tão à beira do abismo cultural...

(RE)COMEÇAR PELO(S) PRINCÍPIO(S)

Calhou-me apanhar — à mão de semear — pais oriundos de históricas famílias tradicionais portuguesas a queixarem-se dos interesses das suas crianças. Não resisti. Sugeri-lhes que, em vez de verem telenovelas com os filhos e de os levarem à Eurodisney, vissem em família a Alma e a Gente do Prof. José Hermano Saraiva e passassem fins-de-semana nas Pousadas de Portugal. Ia caindo o Carmo e a Trindade! Vá-se lá saber porquê...

sexta-feira, 1 de junho de 2007

DOCES ANOS 80

«Don't Stop the Dance», Bryan Ferry.

Para dar música àquelas anteriores belas senhoras, só mesmo um cavalheiro deste calibre.

ESSA É QUE É ESSA

Pensando bem, as últimas quatro senhoras aqui homenageadas, através da publicação de outras tantas belíssimas fotografias a preto-e-branco, são todas «do meu tempo».

UMA RAPARIGA DO MEU TEMPO

Juliette Binoche.

MELHORES DIAS VIRÃO NO VERÃO

Este é o primeiro postal de Junho. Começou, agorinha mesmo, este mês que os antigos romanos dedicavam à deusa Juno. Trar-nos-á o Verão, pelo menos no calendário. Espero é que me proporcione, também, melhores dias. Aliás, piores do que aqueles que vivi até aqui, em todos os anteriores meses deste ano, será difícil. 2007 tem sido um ano verdadeiramente terrível, por estas bandas, e não poderia ter-se iniciado de pior forma. O blogue arrancou, apesar de tudo, em Janeiro, e tem sobrevivido — dia-após-dia — contra a corrente adversa de factos incontroláveis.