domingo, 29 de julho de 2012
As modalidades desportivas moldam os corpos das atletas. Desse facto resultam por exemplo as elegantes e bem-lançadas jogadoras de voleibol. São as minhas preferidas.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 26
Desdobrei o papel,
encontrado no meio da habitual confusão. Tinha apenas escrevinhados algarismos
romanos: XXVI, LII, VI. A malandra a querer ser enigmática. Sorri. O recado era
simples, mas encantador.
Sendo esta a vigésima
sexta crónica, equivale a uma existência de seis meses. Quer dizer que já se
senta, gatinha mas ainda não anda. Palra, ri e começa a descobrir o mundo, tão
fascinante. Nem sonha o que a espera.
Assim, hoje não há
tentativas desesperadas de exortações nem pretensas análises sociológicas. É a
hora de balanço anual, antecipado num semestre: a carteira gosta de caminhar à
frente do tempo. Quer mostrar que é modernaça mas é somente inconfessável desassossego.
Estou muito grata ao
João Marchante que, por instinto, sem sequer me conhecer, conseguiu fazer-me
sair da caverna, perdida que estava em labirintos de rotinas e burocracias com
paredes forradas de ofícios, relatórios e informações, para tentar qualquer
coisa de diferente, um desafio imenso para mãos e mente já enferrujadas e sempre
inseguras, obrigando (ó horror dos horrores!) a uma disciplina, pelo menos
aparente. Afinal, aparece um texto todas as sextas-feiras. Os ínvios caminhos
trilhados até lá, não consigo nem devo reproduzir. Tanto vou de jipe como de
bicicleta e esqueço-me de marcar as árvores, optando por deixar um rasto de
migalhas, esquecido o conto dos irmãos Grimm.
Hesito entre as
palavras divertimento e angústia e decido-me pelas duas, por mais que pareçam
casal improvável. Frequentam locais diferentes nas saídas ao fim-de-semana, mas
encontram-se todas as quintas-feiras antes da solene entrega do texto.
Tem sido uma PPPP,
parceria polémica e pouco privada, entre a carteira de senhora e a respectiva
dona. Tem a vantagem de não custar um tostão ao Orçamento de Estado, sendo
verdade que também não contribui em nada para o Produto Interno Bruto.
Com algumas, poucas,
excepções, não faço ideia de quem são os leitores da crónica. Ou sequer se é
lida. Ou se lendo, gostam. Importa, isso? Aqui na sala do João, um pouco, sim.
Visitas querem-se bem comportadas e agradáveis, não que destruam a sala e
insultem os outros convidados.
Esta crónica, espécie
de sanduíche mista sem manteiga, de carteira e Leonor, não tem pretensões a ser
muito mais do que tem sido. Não que queira a estagnação, a monotonia da
palavra. Nada disso. Antes pelo contrário, vou teimar em tentar escrever melhor,
em português e não em “acordês”, e de preferência que não seja a correr (como
hoje! como sempre!). O que não queremos perder é simplicidade, verdade,
sinceridade, transparência. No dia em que faltarem, agradeço que me avisem. Com
aquelas sirenes de ambulância que têm vários tipos de sons, cada um mais
irritante que o anterior.
Aos leitores
indefectíveis bem hajam pela paciência e incentivos. Peço-lhes que escrevam no
livro amarelo sempre que tiverem razão de queixa. Esta será devidamente
encaminhada para a ASAE, que tomará as devidas providências e autuará as
autoras na proporção da sua responsabilidade.
Sinto-me bem aqui.
Obrigada, João.
Leonor Martins de
Carvalho
quinta-feira, 26 de julho de 2012
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (7)
E pensava
enquanto acariciava Lisboa
num vagaroso mas vigoroso travelling registando uma cidade deserta e destruída
em plano-sequência mental
que aquele chauffeur de táxi
mudo e velho
mas que sabia captar
apreciar e classificar
o seu aroma
como ninguém
era ainda a única pessoa que tinha pedalada para a acompanhar
nas suas deambulações
de vinte e quatro horas diárias
como hoje e sempre
depois do matinal banho de imersão a céu aberto
ritualizando a redenção
e da habitual dança solitária ao nascer do Sol
dando corpo ao manifesto
transportando-a ele sucessivamente em direcção
às leituras privadas a pedido
de manhã e à tarde
dando voz ao manifesto
às subidas aos arranha-céus
ao cair da noite
procurando um porto de abrigo
na normalidade dos lares
aos bailados eróticos públicos
num clube de streap-tease
profanando o corpo
às actuações como vocalista
num clube de rock
profanando a voz
à prática compulsiva de sexo
com desconhecidos arrancados à noite
de novo em casa
ritualizando o amor e a morte
ao banho no lago
ritualizando a recuperação da alma
enquanto acariciava Lisboa
num vagaroso mas vigoroso travelling registando uma cidade deserta e destruída
em plano-sequência mental
que aquele chauffeur de táxi
mudo e velho
mas que sabia captar
apreciar e classificar
o seu aroma
como ninguém
era ainda a única pessoa que tinha pedalada para a acompanhar
nas suas deambulações
de vinte e quatro horas diárias
como hoje e sempre
depois do matinal banho de imersão a céu aberto
ritualizando a redenção
e da habitual dança solitária ao nascer do Sol
dando corpo ao manifesto
transportando-a ele sucessivamente em direcção
às leituras privadas a pedido
de manhã e à tarde
dando voz ao manifesto
às subidas aos arranha-céus
ao cair da noite
procurando um porto de abrigo
na normalidade dos lares
aos bailados eróticos públicos
num clube de streap-tease
profanando o corpo
às actuações como vocalista
num clube de rock
profanando a voz
à prática compulsiva de sexo
com desconhecidos arrancados à noite
de novo em casa
ritualizando o amor e a morte
ao banho no lago
ritualizando a recuperação da alma
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (6)
Era bela
e flutuava de costas
à superfície da água
com o vestido encarnado
colado ao corpo
sobre a fauna e a flora do lago
situado no centro gravitacional do derradeiro secreto jardim romântico
de Lisboa
incrustado entre colinas
e
ao mesmo tempo que lavava a alma de melancólicas recordações
não conseguia apagar o som da guitarra distorcida
do concerto da noite anterior
que permanecia
ecoando dentro de si
e lhe provocava
um estranho
mas indiscritivelmente agradável
ardor
interior
no estômago.
e flutuava de costas
à superfície da água
com o vestido encarnado
colado ao corpo
sobre a fauna e a flora do lago
situado no centro gravitacional do derradeiro secreto jardim romântico
de Lisboa
incrustado entre colinas
e
ao mesmo tempo que lavava a alma de melancólicas recordações
não conseguia apagar o som da guitarra distorcida
do concerto da noite anterior
que permanecia
ecoando dentro de si
e lhe provocava
um estranho
mas indiscritivelmente agradável
ardor
interior
no estômago.
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (5)
A última imagem que ele viu
enquanto permanecia deitado de costas
no idílico leito
foi a do corpo dela
sentado sobre o seu
e esculpido pela luz difusa da Lua Cheia
que banhava o quarto do último piso da torre
ao qual se tinha acesso através de uma estreitíssima escada
de caracol
onde outrora as criadas dormiam
e propício a amores furtivos
como este
imediatamente antes do florão
da velha cama de ferro
cedendo aos frémitos da paixão carnal
cair
e lhe rachar a cabeça
matando-o
e ensopando de sangue quente os alvos lençois de linho puro.
enquanto permanecia deitado de costas
no idílico leito
foi a do corpo dela
sentado sobre o seu
e esculpido pela luz difusa da Lua Cheia
que banhava o quarto do último piso da torre
ao qual se tinha acesso através de uma estreitíssima escada
de caracol
onde outrora as criadas dormiam
e propício a amores furtivos
como este
imediatamente antes do florão
da velha cama de ferro
cedendo aos frémitos da paixão carnal
cair
e lhe rachar a cabeça
matando-o
e ensopando de sangue quente os alvos lençois de linho puro.
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (4)
E
às cinco horas da manhã
após um intenso dia de invulgar tarefa
seguido de uma noite de trabalho banal
mas radical
culminando num serão repleto de emoções fortes
e inesquecíveis
desprendia-se
ainda
do cabelo e da pele
da jovial rapariga de vinte anos
o aroma fresco
de quem tivesse acabado de sair
do seu banho de emersão matinal
em velha banheira de esmalte
ao ar livre
e
com vista sobre Lisboa
antiga.
às cinco horas da manhã
após um intenso dia de invulgar tarefa
seguido de uma noite de trabalho banal
mas radical
culminando num serão repleto de emoções fortes
e inesquecíveis
desprendia-se
ainda
do cabelo e da pele
da jovial rapariga de vinte anos
o aroma fresco
de quem tivesse acabado de sair
do seu banho de emersão matinal
em velha banheira de esmalte
ao ar livre
e
com vista sobre Lisboa
antiga.
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (3)
A rapariga que nunca tinha lido um livro
entrou na loja do velho alfarrabista
à procura de um volume
para oferecer ao namorado
e ficou encantada a acariciar a pele das antigas encadernações
até que
por fim
abriu o Livro do Desassosego de Bernardo Soares
e começou a lê-lo desde o princípio
e não mais parou até hoje de devorar obras escritas
e agora é leitora profissional
e vai
de casa em casa
dizendo em voz alta
com interpretação muito pessoal
o que está impresso em letra de forma
vestida ritualmente
de acordo com o texto
para que
quem já não vê o suficiente
ou queira ter uma experiência sensorial diferente
possa retirar renovado prazer
da sua biblioteca.
entrou na loja do velho alfarrabista
à procura de um volume
para oferecer ao namorado
e ficou encantada a acariciar a pele das antigas encadernações
até que
por fim
abriu o Livro do Desassosego de Bernardo Soares
e começou a lê-lo desde o princípio
e não mais parou até hoje de devorar obras escritas
e agora é leitora profissional
e vai
de casa em casa
dizendo em voz alta
com interpretação muito pessoal
o que está impresso em letra de forma
vestida ritualmente
de acordo com o texto
para que
quem já não vê o suficiente
ou queira ter uma experiência sensorial diferente
possa retirar renovado prazer
da sua biblioteca.
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (2)
Rasgando a noite cerrada
sem lua nem estrelas nem nada
uma bela mulher felina
de negro cabedal colante vestida
move-se
silenciosamente
nos terraços dos mais altos arranha-céus da cidade
à espreita
e à espera
daquela janela aberta
para observar o bom burguês português
anestesiado em frente à TV.
sem lua nem estrelas nem nada
uma bela mulher felina
de negro cabedal colante vestida
move-se
silenciosamente
nos terraços dos mais altos arranha-céus da cidade
à espreita
e à espera
daquela janela aberta
para observar o bom burguês português
anestesiado em frente à TV.
LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (1)
A bailarina mignone dança nua
sob a luz boa do Sol nascente
no terraço sobre o Tejo
e a sua muitíssimo longa sombra é projectada lá longe
em baixo
na calçada
e pisada
por gente que caminha sonâmbula
mal acordada
e indiferente
na rua.
sob a luz boa do Sol nascente
no terraço sobre o Tejo
e a sua muitíssimo longa sombra é projectada lá longe
em baixo
na calçada
e pisada
por gente que caminha sonâmbula
mal acordada
e indiferente
na rua.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
DA ARTE DE EXPOR ARTE
A maneira como se mostra uma peça é determinante para esta cativar — ou não — o olhar de quem a vê.
domingo, 22 de julho de 2012
DA VIDA DE ARTISTA
Tia que muito prezo disse-me que ao ver a minha recente exposição — Foto-Síntese — sentiu serenidades e suavidade. Serenidade através da figura e suavidade através da cor. São palavras assim que me fazem continuar esta difícil vida de artista visual.
MUNDO PERFEITO
Sem carros, telefonias, televisões e computadores. Com jardins, bibliotecas, banquetes e mulheres.
sábado, 21 de julho de 2012
JOSÉ HERMANO SARAIVA E ETERNAS SAUDADES DO FUTURO
Deixo aqui uma ligação para as três mensagens que escrevi em tempos neste blogue sobre José Hermano Saraiva (é só clicar que vão lá dar).
sexta-feira, 20 de julho de 2012
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 25
Convidei solenemente
a carteira para nos acompanhar na visita aos veleiros do Tall Ships Race. Resistiu, fez-se de difícil, mas nisto faço ponto
de honra. Quando lerem esta crónica já ela foi, arrastada pelas asas, mas não
dá para uma apreciação dessa visita a tempo (embora nem saiba se ela o virá a
fazer). Por isso, atirou-me com desprezo um papelito com qualquer coisa
rabiscada. Não quis dar parte de fraca e explicar que não percebi, que a letra
dela é pior do que a daquele médico cuja tradução nem o mais habilitado
farmacêutico nos seus melhores dias consegue fazer. Esperemos que também não se
aperceba dos estragos que aqui vou causar.
Estamos sempre a
denegrirmo-nos como povo. Quem nos ouça há-de pintar-nos como poço de defeitos
em quadro de moldura rasca de doirados a lascar, e esse é mesmo o nosso defeito
por excelência. O rebaixamento acompanhado de maledicência. É um estado de
espírito nacional. Ninguém escapa, porque se aplica a tudo e todos, ao país e à
aldeia, à professora e aos alunos, aos médicos e aos enfermeiros, aos clubes e
aos futebolistas, aos funcionários públicos e aos camionistas, e, muito
naturalmente, aos governantes e políticos (os quais, aqui para nós, merecem…).
Temos muita
dificuldade em “puxar para cima”, preferindo deixarmo-nos ir pela atracção
suave da gravidade e deitar abaixo, bem para baixo. Se, por mero acaso de
conjunção de boas vontades, aparecem tímidas tentativas de ânimo, ou uns pós de
orgulho caseiro, duram apenas instantes com a cabeça fora de água. O povo português
é profissional de carteira passada em pregar uma valente “amona”. Primeiro há
uns segundos de expectativa, um sentimento passível de confusão com entusiasmo.
Eis senão quando aparece o primeiro destemido a arriar, e sem demoras
caiem-lhes de uma vez todos os outros em cima.
Mas teremos virtudes,
com certeza… Temos e não são poucas, apesar de o defeito anterior nos dar
claramente uma visão desfocada e impedir-nos de pensar que sim, por considerar
que será uma impossibilidade técnica. Faltam-nos os óculos adequados e
recusamos o oftalmologista.
Uma das nossas
qualidades é a capacidade de resistência e até a resiliência. Afinal, somos um
país em crise há séculos e ainda cá estamos. Poucos, cada vez menos, mas
estamos. Resistimos a guerras, invasões, mares tenebrosos, monstros míticos,
emigrações em massa, governantes de terra queimada… Deixamos também que nos
façam tudo. Neste sentido, a dita capacidade é meio caminho andado para um
defeito.
Outra virtude, que
nos ajuda na capacidade de resistência, é o sentido de humor. É um sentido de
humor especial, mais sarcástico do que divertido, mas não há dúvida que é
humor. Sentido.
Qualquer facto, seja
ele graça ou desgraça, é explorado até à mais ínfima partícula durante semanas.
Há piadas que duram meses, outras que reaparecem anualmente para dar um ar de
sua graça.
É pois graças ao
sentido de humor e à capacidade de resistência que ainda existimos como povo.
Não queremos
reconhecer, sente-se até que paira por vezes uma certa vergonha, mas outra
qualidade é gostarmos de Portugal. Não parece. É preciso arrancar a ferros,
quase sob tortura. Outras vezes, quando estamos fora, até se torna natural e
nem nos reconhecemos. Resistimos o mais que podemos ao verbo amar.
Claro que há as
excepções: os que não gostam, nunca gostaram e nunca gostarão de mais nada
senão do seu bolso elástico à medida da sua ganância. Sonham com a erradicação
de Portugal e apostam na sua dissolução algures, como província ou simples
lugar de veraneio, amorfo, descaracterizado, e desprovido de cultura.
Mas nós, os que
amamos Portugal, sujeitos sem vergonha do verbo nem do complemento directo, de
que estamos à espera?
Leonor Martins de
Carvalho
quinta-feira, 19 de julho de 2012
DA SÉTIMA ARTE
A expressão «Sétima Arte» anda na boca de toda a gente. Falemos, então, sobre a origem dessa — feliz — designação para o Cinema.
Foi o escritor, jornalista, crítico e dramaturgo italiano Ricciotto Canudo (Bari, 1879 — Paris, 1923) quem baptizou o Cinema de Sétima Arte. Canudo fundou a revista Montjoie! (1913-1914), sedeada em Paris, e manteve uma tertúlia com — entre outros — Léger, Apollinaire e D’Annunzio. Em 1920, cria o «Clube dos Amigos da 7.ª Arte», que é, assim, precursor do movimento do cine-clubismo. Edita, finalmente, em 1923, a Gazette des sept arts, revista fundamental como suporte teórico das vanguardas estéticas da época.
Se, por esta altura, os meus leitores já perceberam que estamos perante um teórico da Arte, não estranharão saber que Canudo lança, em 1923, o Manifeste des Sept Arts, após uma série de outros textos preparatórios, o primeiro dos quais data de 1908; e, num deles, em 1912, cunhou a nossa expressão. Esta publicação definitiva das suas inovadoras ideias, surge como legitimação estética do Cinema, elevando-o à categoria das restantes Artes.
Em primeiro lugar, chama a atenção, no seu Manifesto, para o facto de o Cinema ser muito mais do que apenas indústria e comércio, resgatando-o à mera tentação material e convocando-o para as fileiras da espiritualidade criadora. De facto, o Cinema é — antes de tudo — Arte.
Depois, Canudo diz-nos, do seu ponto-de-vista, quais são as seis Artes que antecedem cronologicamente o Cinema. Desde a Antiga Grécia que as Artes têm andado numa roda-viva, no que diz respeito à sua catalogação (convém nunca perder de vista as nove musas inspiradoras). Ainda bem que se trata de uma conversa (ou debate, como agora se diz) em aberto, pois isso representa um sinal da vitalidade dos pensadores e artistas da Cultura Ocidental. Para este escritor italiano do século XX, as Sete Artes são: Arquitectura, Escultura, Pintura, Música, Dança, Poesia e Cinema. Se as três primeiras — artes plásticas, porque do espaço — aparecem, segundo Canudo, por necessidades materiais (abrigo, no caso da Arquitectura, com as suas complementares Pintura e Escultura), para, no entanto, logo depois se afirmarem artisticamente, já a Música é fruto duma vontade espiritual de elevação e vai irmanar-se com os fundamentos rítmicos da Dança e da Poesia. Curiosamente, no pensamento do teórico italiano, a Dança e a Poesia antecedem a Música, que só se autonomizará destas quando se liberta e chega à sinfonia, como forma de música pura.
É óbvio que a génese das Artes aqui descrita tem de ser contextualizada na época em que foi criada — início do século XX, em toda a sua pujança Futurista (Graças a Deus!) — e entendida como visão pessoal do seu autor. No entanto, se aqui a trago, é porque sem ela não poderemos compreender a expressão «Sétima Arte».
Por fim, entramos naquilo que me parece ter resistido ao crivo do tempo (esse destruidor de mitos de vão de escada) e manter, ainda hoje, enorme actualidade.
Canudo apresenta o Cinema como síntese de todas as Artes e como Arte Total — ao que não é alheio o pensamento de Wagner; assim, na plenitude da sua linguagem estética, a Sétima Arte integra elementos plásticos da Arquitectura, da Pintura e da Escultura e elementos rítmicos da Música, da Dança e da Poesia, que se vão todos revelar nos filmes nas seguintes áreas técnicas (podendo nós tentar fazer um jogo de concordâncias): imagem ou fotografia (ainda a preto-e-branco, em vida de Ricciotto Canudo); som ou, mais tarde, banda sonora (note-se que, quando o italiano teorizou, o Cinema era Mudo e os filmes eram acompanhados, apenas, pela interpretação ao vivo de uma partitura musical durante a sua projecção nas salas); montagem, que confere um sentido às imagens; cenografia, que entretanto evolui para direccção artística, alargando o seu campo de intervenção; realização, que tem como missão a planificação do filme, a orquestração dos vários elementos aqui referidos, assegurados por outras tantas equipas técnicas, e a direcção dos actores; e, por último, sendo no entanto o princípio de tudo, argumento.
Mais ainda: como grande síntese criadora — para além de fusão —, o Cinema une Ciência e Arte, num casamento feliz, e produz uma novíssima Linguagem, para a qual as outras Artes tenderam desde sempre, de imagens em movimento e som — formas e ritmos à velocidade da luz!
É, pois, a última das Artes, fechando o ciclo da Estética; mas, essencialmente, a que, incorporando todas as outras, transporta o património histórico e estético da Civilização Ocidental e o projecta no tempo e no espaço através da permanente reformulação das suas ancestrais e intemporais narrativas.
Haja novos realizadores portugueses à altura desta missão universal.
Foi o escritor, jornalista, crítico e dramaturgo italiano Ricciotto Canudo (Bari, 1879 — Paris, 1923) quem baptizou o Cinema de Sétima Arte. Canudo fundou a revista Montjoie! (1913-1914), sedeada em Paris, e manteve uma tertúlia com — entre outros — Léger, Apollinaire e D’Annunzio. Em 1920, cria o «Clube dos Amigos da 7.ª Arte», que é, assim, precursor do movimento do cine-clubismo. Edita, finalmente, em 1923, a Gazette des sept arts, revista fundamental como suporte teórico das vanguardas estéticas da época.
Se, por esta altura, os meus leitores já perceberam que estamos perante um teórico da Arte, não estranharão saber que Canudo lança, em 1923, o Manifeste des Sept Arts, após uma série de outros textos preparatórios, o primeiro dos quais data de 1908; e, num deles, em 1912, cunhou a nossa expressão. Esta publicação definitiva das suas inovadoras ideias, surge como legitimação estética do Cinema, elevando-o à categoria das restantes Artes.
Em primeiro lugar, chama a atenção, no seu Manifesto, para o facto de o Cinema ser muito mais do que apenas indústria e comércio, resgatando-o à mera tentação material e convocando-o para as fileiras da espiritualidade criadora. De facto, o Cinema é — antes de tudo — Arte.
Depois, Canudo diz-nos, do seu ponto-de-vista, quais são as seis Artes que antecedem cronologicamente o Cinema. Desde a Antiga Grécia que as Artes têm andado numa roda-viva, no que diz respeito à sua catalogação (convém nunca perder de vista as nove musas inspiradoras). Ainda bem que se trata de uma conversa (ou debate, como agora se diz) em aberto, pois isso representa um sinal da vitalidade dos pensadores e artistas da Cultura Ocidental. Para este escritor italiano do século XX, as Sete Artes são: Arquitectura, Escultura, Pintura, Música, Dança, Poesia e Cinema. Se as três primeiras — artes plásticas, porque do espaço — aparecem, segundo Canudo, por necessidades materiais (abrigo, no caso da Arquitectura, com as suas complementares Pintura e Escultura), para, no entanto, logo depois se afirmarem artisticamente, já a Música é fruto duma vontade espiritual de elevação e vai irmanar-se com os fundamentos rítmicos da Dança e da Poesia. Curiosamente, no pensamento do teórico italiano, a Dança e a Poesia antecedem a Música, que só se autonomizará destas quando se liberta e chega à sinfonia, como forma de música pura.
É óbvio que a génese das Artes aqui descrita tem de ser contextualizada na época em que foi criada — início do século XX, em toda a sua pujança Futurista (Graças a Deus!) — e entendida como visão pessoal do seu autor. No entanto, se aqui a trago, é porque sem ela não poderemos compreender a expressão «Sétima Arte».
Por fim, entramos naquilo que me parece ter resistido ao crivo do tempo (esse destruidor de mitos de vão de escada) e manter, ainda hoje, enorme actualidade.
Canudo apresenta o Cinema como síntese de todas as Artes e como Arte Total — ao que não é alheio o pensamento de Wagner; assim, na plenitude da sua linguagem estética, a Sétima Arte integra elementos plásticos da Arquitectura, da Pintura e da Escultura e elementos rítmicos da Música, da Dança e da Poesia, que se vão todos revelar nos filmes nas seguintes áreas técnicas (podendo nós tentar fazer um jogo de concordâncias): imagem ou fotografia (ainda a preto-e-branco, em vida de Ricciotto Canudo); som ou, mais tarde, banda sonora (note-se que, quando o italiano teorizou, o Cinema era Mudo e os filmes eram acompanhados, apenas, pela interpretação ao vivo de uma partitura musical durante a sua projecção nas salas); montagem, que confere um sentido às imagens; cenografia, que entretanto evolui para direccção artística, alargando o seu campo de intervenção; realização, que tem como missão a planificação do filme, a orquestração dos vários elementos aqui referidos, assegurados por outras tantas equipas técnicas, e a direcção dos actores; e, por último, sendo no entanto o princípio de tudo, argumento.
Mais ainda: como grande síntese criadora — para além de fusão —, o Cinema une Ciência e Arte, num casamento feliz, e produz uma novíssima Linguagem, para a qual as outras Artes tenderam desde sempre, de imagens em movimento e som — formas e ritmos à velocidade da luz!
É, pois, a última das Artes, fechando o ciclo da Estética; mas, essencialmente, a que, incorporando todas as outras, transporta o património histórico e estético da Civilização Ocidental e o projecta no tempo e no espaço através da permanente reformulação das suas ancestrais e intemporais narrativas.
Haja novos realizadores portugueses à altura desta missão universal.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
COMUNICADO DE ÍNDOLE SÁTIRA SOCIAL
A todas as jovens frenéticas adolescentes e semi adultas que se dirigem excitadamente, a partir da próxima sexta feira, para o festival mais comercial, massificado e social do calendário veraneio lusitano:
. Fazer corninhos de Rock sem qualquer discernimento, enquanto ouvem um concerto de base indie, sem qualquer riff ou batida mais pesada e poderosa, deve pôr ...muitos rockeiros do passado a dar voltas no caixão
. De uma vez por todas, já não há paciência para fazerem o "V" de paz (ou o que quer que seja que vos vai na cabeça) para as inúmeras fotos que tiram para redes sociais.
Não é "cool", nunca foi "cool", e mais ridículo se torna quando não tem qualquer tipo de mensagem por detrás a não ser "a minha vida é tão linda e excitante e divirto-me tanto"
. Por falar em fotos, enquanto estão concentradas a tirar fotos, todas com a mesma pose, sorrisos padrão sempre iguais, que depois vão comentar e massajar o ego fragil de cada uma a dizer "tás tão gira!".
Enquanto estão concentradas em captar momentos de palco com as vossas tecnologias que depois nunca mais vão ver, além de que o som fica ruído puro (não sei se já notaram):
Estão na realidade a perder e deixar de sentir momentos que vos podem marcar, apurar ou mexer com a vossa sensibilidade musical
. E por fim: Quando fazem aquelas boquinhas de beijinhos para as câmaras, além de ficarem tudo menos sexy, não têm noção da carinha de parvas que exibem
Depois de tudo isto, vão lá meninas, divirtam-se, e:
Apostem na cultura de "beijar na boca", não precisam de chegar ao Brasil para soltar a franga, podem fazê-lo aqui mesmo na lusa, entre nós, os lusitanos
Vão ver que no final da noite vai ter sido muito mais emocional e gratificante do que a cultura do "teasing", que apenas reforça o vosso ego carente durante um breve período, tão efémero como a vossa vida.
Henrique Carvalho Costa
INTRODUÇÃO À SÁTIRA SOCIAL
Tenho a honra e o prazer de ter um sobrinho — inteligente e observador, que olha para o mundo com olhos de ver — nascido nos anos 80 do século passado. Década essa muito ao meu gosto, como bem sabem os prezados leitores deste blogue. Porém, o que venho aqui anunciar é algo diferente. Trata-se de um texto, todo ele pleno de humor e acutilância, da autoria do referido sobrinho, sobre a sua geração. Sem mais interlúdios, deixo-vos com as satíricas palavras de Henrique Carvalho Costa. É já a seguir. Não perdem pela demora.
domingo, 15 de julho de 2012
CONCLUSÃO POLÍTICA RETIRADA DAS DUAS MENSAGENS ANTERIORES
Não basta mudar o Regime, é necessário — e urgente! — mudar o Sistema.
DO EXERCÍCIO DO PODER POLÍTICO NA REPÚBLICA
A República começou com o poder político a ser exercido por uma aristocracia constituída por uma burguesia ao serviço da nação e acabou com os burgessos arrivistas agarrados como lapas ao poder e a servir-se dele.
DO EXERCÍCIO DO PODER POLÍTICO NA MONARQUIA
A Monarquia começou com o poder político a ser exercido por uma aristocracia constituída por uma nobreza ao serviço da nação e acabou com uma fidalguia indigente feita a martelo a deter o poder e a servir-se dele.
DA RENOVAÇÃO DAS ELITES EM PORTUGAL — II
Os bem-educados deixaram de ter bom-gosto e os que têm bom-gosto ainda não têm boa-educação.
DA RENOVAÇÃO DAS ELITES EM PORTUGAL — I
Os civilizados deixaram de ser cultos e os cultos ainda não são civilizados.
sábado, 14 de julho de 2012
DA SEMELHANÇA DOS CICLOS HISTÓRICOS
Pós-1834: «— Foge cão!, que te fazem barão...»
Pós-1974: «— Foge impostor!, que te fazem doutor...»
DA HIGIENE URBANA EM LISBOA
A antiga capital do primeiro e último moderno Império do Mundo tornou-se agora uma das mais sujas cidades europeias. Vai-lhe valendo o vento purificador que sopra nela cada vez com mais força de ano para ano. Deus não dorme.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 24
Ponho a mão na
carteira em busca desesperada de tema. Mexo, remexo e nada. Anda muda a
coitada. Que faço agora? É sua a crónica, mesmo que às vezes pense que faça
batota. Lá a convenci a fazer uns exercícios respiratórios tentando acalmar a
agonia causada pelo mar de podridão que por aí grassa. E que tal um tema
distractivo que distraia da distracção-mor do Reino por estes dias?
Pois é isso mesmo,
distrair quando não podemos andar distraídos. Falemos então de distracções. Das
mentiras, mentirinhas e mentironas que são distracções. Das promessas e dos
enganos. Dos engodos. Das manipulações. Das omissões. Das inverdades e das
meias-verdades.
A verdade, o falar
verdade, deixou de ter importância. Não é valor interessante, não tem cotação
em Bolsa nem traz vantagens patrimoniais.
Onde está hoje quem
diz a verdade? Onde está a verdade? Esconderam-na.
Já não nos deixam
vê-la, ouvi-la, tocá-la. Tapam-na com vestidos de alta-costura para nos
distrair. Ou com burkas que nos
cegam. Fecharam-na na quarta cave numa arrecadação blindada para que se não
ouçam os seus gritos. Ou num sótão esconso, rodeada de velharias, tratada como
coisa, descartável e descartada.
Tão escondida está que
já a mentira ocupou pressurosamente o seu lugar. Uma ocupação selvagem, sem
licenças, sem desculpas e sem arrependimentos.
A mentira assume-se
então como a “nova verdade” ou a “verdade renascida”. Sendo mentira, trabalha
por turnos: é constantemente substituída por outra. Tanto faz, na verdade.
Qualquer mentira é sempre uma nova verdade sabendo nós que não é a verdadeira,
mas apenas um seu travesti.
Mentem governantes,
políticos, empresas e por contágio jornalistas e todos nós. Mentem a todos e até
a si próprios. Passou a fazer parte da vida dos portugueses esta mentira,
máscara da verdade. Aceite naturalmente e praticada como se fosse inata. Poucos
se indignam. Quase parece que desejamos que nos mintam.
Vivemos assim num
mundo paralelo, ilusão e sombra do real, que continua entretanto o seu caminho,
ignorante da nossa cegueira e ansioso por salvação.
Estamos quase a
esquecer que afinal a verdade existe, que até é o valor principal, que sem
verdade somos humanos inacabados.
Precisamos
urgentemente da verdade. Chegou a hora de a descobrir, resgatá-la das peias que
a prendem e dar-lhe o lugar de honra que merece.
É que as mentiras
dividem e a verdade une. Se queremos ajudar a reconstruir Portugal, busquemos a
verdade. Por todos os cantos.
Leonor Martins de
Carvalho
quinta-feira, 12 de julho de 2012
GLÓRIA OU MORTE NA WEB
A má utilização da web pode ser a morte do artista e a boa utilização da web pode ser a sorte do artista.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
SELECÇÃO NATURAL
Sempre tive o terrível hábito de escolher as pessoas com que me dou por ouvirem os mesmos discos e lerem os mesmos livros que eu, ao que agora junto os blogues. Os maiores prazeres que disso retiro são as deliciosas surpresas que vou tendo.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
domingo, 8 de julho de 2012
AVISO AOS RAPAZES POR CAUSA DOS LIVROS E DAS RAPARIGAS
Deitei os olhos a alguns trechos do Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, e deixei-me adormecer, escabeceando, sentado no sofá. Estranho soporífero esse. Lembro-me bem dos tempos da adolescência em que a sua leitura me provocava febril vigília, pela noite dentro, impedindo-me de conciliar o sono. Depois, chegaram as primeiras namoradas e, com elas, o verdadeiro desassossego dos sentimentos e dos sentidos. E os livros foram às urtigas. Tenho cá para mim — aqui que ninguém nos ouve — que as raparigas podem ser, em determinadas fases da vida, as principais inimigas dos livros. Assegurem-se pois de ter lido o essencial antes de se lançarem nos seus braços, até para não serem tomados por parvos.
sábado, 7 de julho de 2012
sexta-feira, 6 de julho de 2012
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 23
Ando com a
ligeiríssima sensação de que a carteira ouve recados de outras pessoas com
sugestões de temas. Pensa que é dona do “quando o telefone toca” e dá-lhe
prazer inventar frases sem nexo só para rimar com o nome do produto. Está-se
mesmo a ver que depois fica deliciada a ouvir a “sua” frase vezes sem conta e
impinge-me o tema sugerido por quem tinha a voz mais maviosa.
Desde o nascimento
andam à nossa roda com mil cuidados para que sejamos competentes. Em
variadíssimas áreas, ou vertentes, como é mania dizer agora. A primeira
competência que temos de aprender é comer sozinhos (área alimentar), segue-se a
competência para deixar as fraldas (área sanitária), depois para falar (área da
comunicação), vestir, abotoar botões, atar atacadores e estar à mesa (área
social), mais tarde escrever, ler, interpretar (área académica), e por fim o
aprender de qualquer saber que nos permita sobreviver.
Vida fora exigem-nos
competência e tentamo-lo em tudo aquilo que fazemos. Por isso, o que se espera
também de quem nos governa é competência. Já nem falo de valores, que daria
outra crónica, mas a competência deve constituir o serviço mínimo de qualquer
governo.
Ou andamos em maré de
azar há muitos anos ou esgotaram o stock
de competentes.
Quando aparecem os
números fatais das execuções orçamentais ou dos relatórios do Tribunal de
Contas, nunca batem certo. Não são desvios pequenos e naturais, são sempre
desvios oceânicos que nos obrigam a voltar às caravelas. Segue-se uma catadupa
de justificações à laia de disfarce, mas nunca se põe em causa a competência.
Ninguém admite o “Princípio de Peter”.
O problema não está
na competência, está sempre em qualquer outra coisa e até nos números. Estamos
agora a aprender um novo conceito de Aritmética. São afinal os números os
incompetentes, uns safados que precisam de um puxão de orelhas ou um tempo na
cadeia.
Claro que a
incompetência não anda sozinha. Como incompetente precisa de compincha para se
safar, por isso tem par, até vários, porque é muito dada. Para não lhe
descobrirem a careca sem que daí lhe advenha entretanto algum proveito, escolhe
como parceira de dança a corrupção, a desonestidade ou a sem-vergonhice.
O tempora o mores, quase se faz gala em escolher incompetentes. Alguns, ao
princípio, enganam os incautos aparentando uma competência a toda a prova, mas
sem como nem porquê descambam rapidamente. Serão os próprios governos
fabricantes de incompetências de marca registada? Serão afinal os incompetentes
a alternativa ao pastel de nata, um novo produto exportável tão necessário à
nossa economia?
Não venham dizer que
a culpa é nossa. Que mania esta, ultimamente, de tudo ser culpa nossa. Pura
jogada de marketing a explorar o
nosso eterno sentimento de culpa. Não é. É que não é mesmo.
Não venham dizer que
merecemos. Também não. Ninguém merece esse destino da eterna desgovernança.
Do que temos culpa é
de não termos competência para mudar as coisas.
Leonor Martins de
Carvalho
terça-feira, 3 de julho de 2012
EXPOSIÇÃO «FOTO-SÍNTESE» DE JOÃO MARCHANTE NOUTROS BLOGUES
Nota: Caso os caros confrades bloguistas e leitores tenham conhecimento de outros posts que aqui tenham escapado, façam o favor de enviar a respectiva indicação para o e-mail que se encontra no perfil do autor deste blogue. Bem-hajam.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
NUNCA OS ESQUECEREI
Já se sabe que dos maiores gostos que vou experimentando neste mundo-cão é ter antigos alunos (e já lá vão dezassete anos lectivos consecutivos) que, quando podiam facilmente fingir que não me viam, atravessam a rua para me vir falar. Os que agora fazem isto eram quase sempre os melhores dos respectivos cursos e hoje distinguem-se profissionalmente em Portugal e no estrangeiro. Assim sendo, sinto que valeu a pena andar a gastar o meu Latim. E foram precisamente esses que fizeram questão de ir ver a minha exposição. Nunca os esquecerei.